Meg não chorou quando o médico lhe disse que sua filha Kristi era portadora de uma deficiência mental.
Não chorou naquele momento, nem nos meses que se seguiram.
Quando Kristi tinha idade para ir à escola, Meg a matriculou no jardim de infância do colégio do seu bairro.
Ela estava com sete anos.
Meg ficou na escola, naquele primeiro dia, vendo sua Kristi numa sala cheia de crianças de cinco anos de idade.
E viu sua filha passar horas e horas brincando sozinha, uma criança diferente entre outras vinte.
Mas nenhuma lágrima saiu de seus olhos.
Com o tempo, algumas coisas positivas começaram a acontecer entre Kristi e seus colegas de escola.
Quando eles se vangloriavam de suas proezas, sempre tinham o cuidado de também a elogiar.
Kristi escreveu todas as palavras certas, hoje. – Diziam.
Os avanços de Kristi eram registrados pela turma, com entusiasmo.
Foi no segundo ano na escola que Kristi precisou enfrentar sua experiência mais desafiante. O grande evento do final do ano era uma competição em atividades de educação física.
Kristi estava muito atrás da turma em coordenação motora. No dia do evento, ela fingiu estar doente.
Meg quase teve vontade de deixá-la em casa. Mas, consciente da importância da filha vencer o medo, a colocou no ônibus da escola.
Depois, foi assistir a competição. Sentada no meio dos outros pais, sentia seu coração bater forte.
Quando chegou a vez de Kristi, Meg entendeu o que a preocupava. A classe estava dividida em times de revezamento. Com suas reações lentas e hesitantes, Kristi iria, com certeza, prejudicar o seu time.
A apresentação foi correndo bem, até chegar a hora da corrida de sacos. Cada criança tinha que entrar em um saco na linha de partida, pular até a linha de chegada, fazer o caminho de volta e sair do saco.
Meg observou a filha de pé, perto do fim da sua fila. Estava visivelmente assustada.
Entretanto, quando se aproximou o momento dela participar da corrida, algo inesperado aconteceu. Uma troca de lugares, em seu time.
O menino mais alto da fila foi para trás de Kristi e a segurou pela cintura. Dois outros meninos ficaram um pouco à frente.
Quando chegou a vez dela, aqueles dois meninos pegaram o saco vazio e o abriram. O menino mais alto suspendeu Kristi e a colocou suavemente dentro do saco.
Uma menina à frente de Kristi a pegou pela mão e a sustentou brevemente, até perceber que ela recuperara o equilíbrio.
E, então, lá se foi ela, pulando, sorridente e orgulhosa.
Em meio às aclamações dos professores, os gritos dos colegas e pais dos alunos, Meg se afastou lentamente.
Agradeceu a Deus por aquelas pessoas calorosas e compreensivas que tinham tornado possível para sua filha deficiente agir como os seus semelhantes.
E, de emoção, pura emoção, Meg finalmente chorou.
* * *
O amor não se deixa impressionar pela aparência física ou pelos atributos pessoais de outrem.
Desdobra-se na convivência com as pessoas, jamais diminuindo de intensidade, multiplicando-se largamente em todas as direções.
A chama do amor nunca se apaga, porque nunca se consome. Ela se autossustenta com o combustível da alegria em que se expressa.
Envolvente, é suave como um amanhecer e poderoso como a força da própria vida.
Redação do Momento Espírita
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