sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Meus Encontros com Deus




Meus encontros com Deus, no período do colegial, eram na capela da escola, durante o recreio.
Cresci. E hoje nos reunimos em tantos outros lugares...

*   *   *

Estamos constantemente em presença da Divindade.
Não há necessidade de estar nesse ou naquele local para encontrá-lO.
O Criador não está mais para uns e menos para outros. Não tem escolhidos.
Da mesma forma, não há uma só de nossas ações que possamos subtrair ao Seu olhar.
Nosso pensamento está em contato com o Seu pensamento e é com razão que se diz que Deus lê o mais profundo do coração.
Para estender Sua solicitude às menores criaturas, Ele não tem necessidade de mergulhar Seu olhar do alto da imensidade, nem de deixar o repouso de Sua glória, pois esse repouso está em toda a parte.
Para serem ouvidas por Ele, nossas preces não necessitam transpor o espaço, nem serem ditas com voz retumbante porque, incessantemente penetrados por Ele, nossos pensamentos NEle repercutem.
Entre Ele e nós a distância foi suprimida: já compreendemos isto e este pensamento, quando a Ele nos dirigimos, aumenta a nossa confiança, porque não podemos dizer que Deus esteja muito longe e seja muito grande para se ocupar de nós.
Deus existe. Não poderíamos duvidar. É infinitamente justo e bom. E Sua essência, Sua solicitude se estende a tudo: também compreendemos isto.
Ninguém está abandonado. Ninguém deixa de receber Seus cuidados de Pai amoroso.
Incessantemente em contato com Ele, podemos orar com a certeza de sermos ouvidos.
Ele não pode querer senão o nosso bem. Por isso, devemos nEle ter confiança: eis o essencial. Para o resto, esperemos que sejamos dignos de compreendê-lO.
Amadureçamos um pouco mais. Deixemos a arrogância derreter através do conhecimento e da humildade diante Dessa Inteligência Suprema.
Espiritualizemo-nos. Sensibilizemo-nos. Apaixonemo-nos pela vida, e veremos que a compreensão de Deus virá naturalmente com os dias.

*   *   *

Hoje encontrei Deus no sorriso de minha filha.
Porém, o gesto espontâneo e luminoso não foi para mim, foi para um estranho, alguém que ela nunca havia visto antes, sentado à mesa ao lado, com o olhar distante e triste.
Pude ver o Criador nos olhos dela.
Ela acenou, como se quisesse perguntar: “Está tudo bem com você?” Em seguida lhe jogou um beijo, espontaneamente.
Certamente ele não estava bem... E Deus sabia.
No mesmo instante – instante mágico, a Divindade amorosa encontrou na mesa mais próxima um sorriso amigo, uma pequena lamparina para acender na vida daquele filho desanimado – que então sorriu, e também acenou de volta.
Hoje encontrei Deus no sorriso de minha filha... Mas o sorriso não foi para mim, foi para a dor do mundo, que ainda lateja incômoda por aí.
E, sem perceber, aquele sorrir também me fez um pouco mais feliz.
Pensando bem, acho que Ele também sorriu para mim.
E agora sorri para você.
Deus irradia sorrisos.



                                                                    Redação do Momento Espírita

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Uso do Tempo




É senso comum, nos dias de hoje, a ideia de que o tempo de que dispomos no dia parece não nos permitir dar conta de tantos afazeres.
Frequente é a afirmação que vinte e quatro horas no dia são poucas, frente a tantas coisas que assumimos.
Somam-se os compromissos profissionais, as obrigações sociais, as atividades familiares preenchendo nossa agenda.
Assim se escoam as semanas, os meses correm céleres, substituindo-se um ao outro no calendário que segue rápido para o ano seguinte.
Porém, é necessário que façamos uma análise de como estamos usando nosso tempo.
Considerado algo raro nos dias de hoje, o tempo deve ser conduzido com lucidez, empregado com bom senso.
Assim, nos cabe a reflexão sobre qual a qualidade do uso de nosso tempo.
Com que vimos empregando nossas horas? A distribuição delas ao longo da semana contempla a tudo que é necessário e a todos que nos são importantes?
Há quanto tempo não dedicamos cinco minutos para ligar para um amigo distante?
Há quantas semanas ou meses não conseguimos visitar a avó carinhosa, a tia querida, ou outro parente com quem temos importantes laços emocionais?
E, além desses que nos são caros, tem sobrado tempo nas nossas horas para os desconhecidos?
Temos reservado algum tempo na semana para um trabalho voluntário, para nos dedicarmos a uma causa importante, para ajudar alguém pelo simples exercício da solidariedade?
Será que vimos utilizando nossas horas com parcimônia e na proporção devida para todas as atividades?
O tempo que temos dedicado ao trabalho, é o mais adequado?
Já nos perguntamos se nada tem ficado sem o devido atendimento em razão de possível exagero em questões de trabalho?
Família, amigos, têm perdido nossa companhia por empenho demasiado nos deveres profissionais?
O tempo para as coisas da alma, também tem merecido prioridade?
Temos alimentado nossa religiosidade, investido nas coisas que transcendem o corpo?
Ao realizarmos esses pequenos balanços, vamos nos apercebendo se estamos, efetivamente, conduzindo nossa vida, se estamos utilizando o tempo da maneira mais adequada, caminhando para onde é importante.
As horas, dias ou anos, são os mesmos para cada um de nós. O que nos diferencia é o aproveitamento que damos a esse bem tão precioso.
Assim, ao percebermos horas mal utilizadas, busquemos direcioná-las para o que seja útil.
Se estamos privilegiando muito a um aspecto da vida em detrimento de outro, reorganizemos nossa agenda.
Afinal, o tempo que nos é ofertado pela vida, é tal qual os talentos dados pelo Senhor da Vinha aos seus trabalhadores.
Multiplicar esse tempo em nosso benefício e dos que nos cercam, é sabedoria do bom trabalhador.
Não malbaratemos as horas, investindo-as em momentos vazios e sem significado.
Façamos dos dias que dispomos, nesta existência, verdadeiro presente de Deus, o melhor emprego possível, utilizando sabiamente esse tesouro valiosíssimo.



                                                               Redação do Momento Espírita

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Como Definir Saudade?




Como se pode definir a saudade? Dor da ausência de quem atravessou o umbral da porta e não mais voltou?
De quem se foi, tomado de mágoa, e disse que jamais retornaria?
Dor pela ausência de quem foi abraçado pela morte, depois de uma despedida que nunca aconteceu, porque tudo foi repentino, brusco, inesperado?
O que é isso que dói tanto e quanto mais passa o tempo mais parece machucar?
Segundo o dicionário é a lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las.
É verdade. Sentimos saudades de pessoas e de coisas já vividas, de coisas que já possuímos.
Sentimos saudade da espetacular viagem realizada, em que conhecemos lugares tão pitorescos, em que respiramos ares tão diversos, em que nos deixamos envolver pela sua magia e encantamento.
E desejamos, ardentemente, reprisar. Por isso, sonhamos. Sonhamos enquanto dormimos ou de olhos abertos, durante o dia mesmo.
Desejamos retornar àquelas localidades para tornar a sentir as mesmas emoções, que ficaram gravadas em nossa intimidade.
Temos saudades da casa da nossa infância, onde fomos felizes. A casa com o terreno tão grande, cheio de árvores, que nos conheceram muito bem.
Afinal, subíamos nelas todos os dias, fossem dias escolares ou de férias.
Quantas frutas saboreamos no pé de ameixa, de caqui, sem mesmo nos darmos ao luxo de lavá-las.
Eram nossas, do nosso quintal, portanto, no nosso entender de crianças peraltas, estavam limpas. E eram tão saborosas!
A saudade nos traz a vontade de tornar a encontrar aqueles sabores, tão peculiares, diferentes das frutas que adquirimos no mercado.
Saudade é algo estranho. Ela nos lembra de pessoas, de momentos, de fatos que desejamos se reprisem.
Nostalgia. A alma sente vontade de sentir de novo aquela mesma alegria, aquela emoção, aquele cheiro, aquele sabor.
Quando se trata de pessoas, dizem que saudade é a ausência do fluido, da energia delas, que ficou impregnado em nós, enquanto estávamos juntos.
É o residual dos tantos abraços e afetos trocados. E que, com o tempo, vai se diluindo, desaparecendo.
Aí a saudade estende laços e aperta.

*   *   *

Definir é difícil. O poeta a descreve de uma forma, o literato de outra, o psicólogo estabelece análise peculiar.
Enfim, não importa. O que importa mesmo é que ela nos envolve e nos machuca, desejando ser saciada.
Por isso, é muito importante que cada momento ao lado de quem amamos, seja vivido de forma intensa.
Que gravemos na memória as particularidades, que fotografemos com o coração o que desejamos rememorar, em dias de saudade.
Hoje é o dia em que devemos viver com toda intensidade, amar, abraçar com toda a intensidade, usufruir dos cheiros, dos sabores, das belezas com toda a intensidade.
Hoje, enquanto o dia é oportunidade.
Amanhã ou mais tarde, se precisarmos, acionaremos essas lembranças intensas, essas memórias profundas para alimentar a nossa infinita saudade...
Não nos permitamos perder o momento presente, rico, insuperável.


                                                                                                                                                                                            Redação do Momento Espírita

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Quando Nos Casamos




Quando nos casamos começamos a erguer um templo sagrado no mundo.
Este templo precisa ser erguido sobre duas colunas, guardando uma da outra distância segura, a distância do amor que acolhe e a distância do amor que liberta.
Sabemos muito bem que se os pilares estiverem muito próximos, quase querendo ocupar o mesmo espaço, o templo se desequilibra sobre eles. Também se a distância for demasiado grande, o prédio racha bem ao meio.
Quando nos casamos chamamos este templo de família. As colunas são os companheiros de jornada que sustentam esta edificação monumental.
Sabemos que, se um deles relaxar demais, largará todo o peso da sustentação para o outro, sobre carregando-o. Colocamos em risco os pilares, que se fragilizam quando não se sentem devidamente amparados entre si.
E os filhos vêm habitar o templo. Quanta responsabilidade... Mas também quanta alegria! E como ficou mais belo nosso edifício! Possui tantas cores que não possuía antes!
O amor quando se divide se torna maior. Não ficamos com menos amor em nosso estoque, por ter que dividi-lo entre cônjuge, filho, filha. Nosso amor cresce, amadurece, se modifica.
Quando nos casamos somos convidados a ser menos egoístas, e talvez esteja aí uma das grandes funções do casamento: combater o egoísmo avassalador, que ainda nos traz tantos problemas.
Antes era eu; minhas coisas; meu dinheiro; minha vontade. Agora, dentro de um casamento, o nós ganha força: nossas coisas; nosso dinheiro; a sua e a minha vontade, e aprendemos a ceder, a com partilhar, para poder viver em harmonia.
É um laboratório intenso, diário, desafiador. Muitos não suportam e desistem antes da hora, antes de tentar um pouco mais. Alguns acham que ainda podem levar o mesmo estilo de vida que levavam enquanto solteiros – não querem amadurecer.
Porém, só temos a ganhar. A companhia de um amor que está ali, ao nosso lado, todos os dias, e depois, desses que chamamos de nossos filhos, é do que há mais belo que se possa imaginar e viver.
Não é a toa que o casamento, a união permanente de dois seres, significa um avanço na evolução da Humanidade, pois representa o Espírito se aproximando da lei do amor, uma lei Divina.
Da mesma forma que a monogamia é conquista preciosa da Humanidade, será conquista também a fidelidade, o respeito, o companheirismo, quando todos os casais puderem viver dessa forma.
Quando nos casamos, mas nos casamos de verdade, na intimidade do coração, e não somente na superfície das convenções do mundo, aproximamo-nos do amai-vos uns aos outros proposto pelo Mestre.

*   *   *

O momento do sim é inesquecível. Porém, ele precisa ser dito e vivido várias vezes durante muitos e muitos anos, e não apenas naquela comemoração feliz do passado dos dois.
Dizer sim, todos os dias, é aceitar o outro com suas dificuldades, com seus desafios, buscando construir ali o mais belo templo possível.
Num casal maduro cada um busca ser o melhor companheiro possível para o outro. Diminuem as expectativas e aumenta a doação. Diminui a cobrança e aumenta a compreensão.
Sim, eu aceito você, como meu companheiro, como minha companheira, do jeito que você é, e juntos iremos crescer em direção à perfeição.



                                                            Redação do Momento Espírita

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Amor, Essa Palavra de Luxo





Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, ela falou comigo:
“Coitado, até essa hora no serviço pesado.”
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor, essa palavra de luxo.

*   *   *

Adélia Prado, poetisa mineira, apresenta uma visão muito comum: a de que o estudo é a coisa mais importante que há.
Ainda hoje, é preocupação primordial dos paisdar instrução aos filhos. A coisa mais fina do mundo.
Para os mais simples, apenas poder colocá-los em uma escola.
Para os que têm mais posses, matriculá-los nas melhores instituições de ensino e dar-lhes ainda cursos e mais cursos extras, para se aprimorarem ao máximo. Afinal, o mundo é competitivo.
A grande questão é que o termo educaçãocontinua muito ligado às capacidades intelectivas.
Educar, contudo, vai muito além das boas escolas.Educar é a arte de formar caracteres.
Assim, o que torna um filho vitorioso não é apenas o conhecimento adquirido mas, principalmente, sua vivência como homem de bem, de bons hábitos adquiridos.
De que adianta criarmos gênios, se serão usurpadores, desonestos, individualistas e egoístas ao extremo?
Esse outro tipo de educação não está nos livros, nem nos cursos, nem mesmo nas escolas. Está no lar, na relação intensa e profunda que os pais ou tutores conseguem manter com seus educandos.
Está nos exemplos, está no carinho que sobra ou que falta. Está na atenção que recebem ou da qual carecem. Está na disciplina, nos limites. Está no amor, sempre no amor.
Em muitos lares é uma palavra de luxo, pois todos estão preocupados com tantas outras coisas que o esquecem, deixam-no de lado.
Você tem que estudar, tem que ser alguém, tem que passar no vestibular, tem que se formar, tem que arranjar emprego, tem que ganhar bem.É de tirar o fôlego.
Mas será que alguém, nesse caminho todo lembra de perguntar se esse adolescente, esse jovem está feliz com isso? Está se realizando? Está construindo sua personalidade em bases seguras?
Será que ali foi construído um bom caráter, antes de um bom estudante ou de um bom profissional? Alguém que saberá se relacionar bem com as pessoas, que saberá ser agregador, acolherá bem seus irmãos de caminho?
Será que estamos moldando alguém para ser agente transformador do mundo?
Essa transformação só será completa se o conhecimento estiver aliado à moralidade. Não adianta desenvolver uma das asas apenas. A aeronave não alça voo.
Pensemos nisso. Repensemos nossos conceitos sobre educação. O mundo precisa de homens inteligentes.Mas muito mais de homens bons.

*   *   *

Não basta ensinar à criança os elementos da ciência. Aprender a governar-se, a conduzir-se como ser consciente e racional, é tão necessário como saber ler, escrever e contar: é entrar na vida armado não só para a luta material, mas, principalmente, para a luta moral.
Para despertar na criança as primeiras aspirações ao bem, para corrigir um caráter difícil, é preciso às vezes a perseverança, a firmeza, uma ternura de que somente o coração de um pai ou de uma mãe pode ser suscetível.



                                                                 Redação do Momento Espírita

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Expressando Amor




Quando os filhos crescem, quase sempre os pais se sentem inibidos para expressar o amor que sentem por eles.
É que, exatamente na medida em que crescem, os filhos começam a dizer aos pais como os incomodam seus abraços e beijos. Especialmente se dados frente aos colegas.
Vou parecer um maricas. – Dizem os meninos.
Não quero pagar esse mico. – Afirmam as meninas.
Foi assim que o pai de Jeff começou a tolher de seu vocabulário determinadas expressões, quando se dirigia ao filho.
Jerry amava o filho. E vivia aos sobressaltos, desde que ele quase sofrera um acidente sério.
Assim, toda vez que o filho lhe pedia as chaves do carro, fazia mil e uma recomendações.
Dirija com cuidado! – Era a frase mais constante.
Certo dia, Jeff virou-se para o pai e lhe perguntou por que sempre dizia aquilo.
Afinal, o senhor não confia em mim dirigindo?
Não é isso, filho, explicou o pai. É só uma maneira de dizer Eu amo você.
Ora, concluiu o filho, se é isso por que não diz logo: Amo você? Do jeito que o senhor fala comigo, posso confundir a mensagem.
Foi a vez do pai se mostrar hesitante e perguntar como ele deveria proceder se os seus colegas estivessem por perto.
Será que ele, Jeff, não ficaria talvez um tanto sem graça, perante eles?
Jeff rapidamente respondeu:
É muito simples. Se houver outras pessoas por perto, bastará que o senhor coloque sua mão sobre o seu coração. Eu entenderei a mensagem. E eu farei a mesma coisa.
Naquele momento o pai compreendeu que o filho desejava poder expressar o seu amor, tanto quanto ele mesmo.
Assim combinados, alguns dias depois, Jeff se preparava para sair com um amigo. E pediu o carro emprestado ao pai.
Aonde você vai? – Perguntou, entregando-lhe as chaves.
Ao centro da cidade.
Divirta-se. – Falou-lhe o pai e colocou discretamente a mão perto do coração.
Jeff fez a mesma coisa, com um ar de doce cumplicidade.
Claro, papai.
Jerry piscou. Então, o filho se aproximou do pai e falou baixinho ao seu ouvido:
Piscar não faz parte do nosso trato.
O pai ficou sem ação, parado.
Jeff dirigiu-se até a porta. Antes de sair, voltou-se, com um sorriso franco na face e piscou para o pai.

*   *   *

Não abandonemos a especial experiência de dar e receber afeto.
Expressar o sentimento que nos toca a alma é o melhor dos métodos quando se deseja aquecer o coração de alguém.
É valorizar o amor que se sente e aquele que se recebe.
São as pequenas expressões de afeto que sustentam as criaturas, em suas dificuldades maiores.
Um gesto afetuoso tem o condão de transformar a noite em luz, a ansiedade em apaziguada espera.
E quando a questão envolve pais e filhos, o amor transcende as palavras e os gestos tomam significados muito particulares.
Pensemos nisso e ante o filho de qualquer idade, não nos furtemos às manifestações afetuosas, discretas ou expansivas, em particular ou em público.
Afinal, não há amizade, nem amor que se compare ao amor dos pais pelo filho.


                                                              Redação do Momento Espírita

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Generosidade e Superação




Ele é reconhecido como um dos dez melhores contadores de histórias do mundo.
Sua própria história rendeu um livro. E um filme, premiado pela UNESCO. Hoje, ele é um pedagogo de quase cinquenta anos, pai adotivo de vinte e cinco filhos.
Aos seis anos, foi parar na extinta Fundação para o Bem-estar do Menor, levado por sua mãe, que achava que aquele seria o caminho para, um dia, ter um filho doutor.
Quando começou a sofrer maus-tratos, fugiu. Ele tinha sete anos e foi a primeira de cento e trinta e duas fugas.
Acabou sendo transferido para outras cidades e perdeu o contato com a família. Aos treze anos, foi tachado de irrecuperável.
No entanto, um ato generoso mostrou àquele menino que ele poderia fazer a sua história diferente. A pedagoga francesa, Margherit, visitando a instituição, não se conformou com aquela sentença.
Ela olhou profundamente nos olhos de Roberto Carlos e conversou com ele. Foi a primeira vez que alguém lhe disse: Com licença, Por gentileza.
Margherit quebrou os prognósticos estabelecidos para aquele garoto fujão: o analfabetismo e a marginalidade.
Ela o ensinou a ler, o adotou e o levou para morar com sua família, em Marseille, na França. E na escola, Roberto Carlos conheceu outras realidades.
Ele contava a sua história, sempre se colocando como vítima. No entanto, conheceu filhos de exilados, órfãos de países orientais, crianças que haviam vivido e presenciado guerras.
Descobriu que ele poderia continuar a ser vítima ou buscar construir uma história diferente para si.
Inspirado por aquela mulher, ele voltou, posteriormente, ao Brasil, reconhecendo que no seu país era o seu verdadeiro lugar.
Voltou para Minas Gerais, a terra natal, reencontrou a mãe e os irmãos. Formou-se em pedagogia. E foi fazer estágio na mesma FEBEM, em que fora um dos internos.
Seu maior objetivo: tirar dali o máximo de meninos, para que tivessem a chance de refazer as suas vidas. Em dois anos e meio, adotou seus primeiros oito filhos.
E os ajudou a reescrever a própria história, utilizando a regra: ter sonhos e planos.
Comenta ele: Ninguém dorme tranquilo sabendo que o próximo está mal. Eu precisava fazer algo.
Nossa família foi formada com a ideia de que, se a ajuda de alguém foi fundamental para nós, é preciso que seja retribuída e compartilhada. Assim, todos se tornam responsáveis uns pelos outros.
E o contador de histórias diz que acredita que toda história pode ter final feliz. A prova disso, conclui, é que a história que mais conto é a minha.
Aprendi que, antes de ser respeitado, eu precisava me respeitar.
E foram as minhas experiências que me tornaram o que sou, um contador de histórias e palestrante internacional.
Meu trabalho, hoje, só existe porque conto esta minha narrativa de generosidade e superação. O ser humano tem predisposição para o bem. É só olhar direito para ver que todos possuem uma capacidade de superação fantástica.

*   *   *

A história do menino, recordista de fugas da FEBEM, é verdadeiramente fantástica. E tudo mudou a partir de um ato de generosidade.
Depois foi superação, autoestima elevada e vontade de retribuir o bem recebido.


                                            
                                                                  Redação do Momento Espírita

O benfeitor Anônimo




Não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita. As palavras do Mestre de Nazaré foram colhidas pelo Apóstolo Mateus e inseridas no capítulo sexto do seu Evangelho.
Certamente seguindo este especial ensinamento, é que aquele homem, muito rico, distribuía benefícios.
Primava pelo anonimato. Certa vez, chegando em uma pequena cidade, a negócios, entrou em uma lanchonete para um rápido lanche.
Observou que entre os garotos que brincavam na rua, um mancava por causa de um dos pés deformado.
Chamando-o, lhe perguntou se o pé o incomodava, ao que o menino respondeu que não podia correr, como os demais.
Também falou que precisava cortar um pedaço do sapato para poder pisar melhor.
Você gostaria de ter seu pé curado? – Perguntou o homem.
É claro! Respondeu o garoto, com os olhos brilhando.
Pois eu vou providenciar que seu pé fique normal. – Prometeu o estranho.
Em seguida, pediu ao seu motorista que descobrisse o endereço do menino Jimmy, de oito anos.
Depois, que falasse com os seus pais, conseguindo autorização para a realização da cirurgia.
Não foi tarefa difícil ao empregado, pois todos conheciam o garoto do pé defeituoso.
Ele encontrou uma casa muito pobre, com vestidos remendados e algumas camisas velhas no varal.
Foi preciso conversar muito para convencer os pais que tudo não passava de armação.
Afinal, disse a mãe, ninguém dá nada de graça.
Mas o meu patrão, afirmou o motorista, costuma fazer isso sempre.
Jimmy foi para uma clínica especializada e submeteu-se a cinco cirurgias. Tornou-se o xodó da enfermagem.
O fiel motorista acompanhou tudo, a pedido de seu empregador, providenciando o que fosse preciso.
Finalmente, chegou o dia de voltar para casa. Sapatos novos foram providenciados.
Jimmy não cabia em si de contentamento e ansiedade.
Quando o luxuoso carro parou na porta da sua casa, ele disse:
Espere! Quero entrar sozinho.
Os pais e os irmãos vieram à porta. E um menino de pés sem defeitos, calçando sapatos novos, desceu do automóvel e andou, sorridente, de braços abertos, ao encontro deles.
Naquele Natal, o empresário ainda providenciou que toda a família fosse levada a uma grande loja da cidade, para que cada um deles escolhesse um par de sapatos.
Jimmy se tornou um bem sucedido homem de negócios, e jamais soube o nome do seu benfeitor.
Tudo porque seu benfeitor, Henry Ford, pioneiro da indústria automobilística americana, sempre dizia que é mais divertido fazer algo pelas pessoas quando elas não sabem quem lhes fez o bem.

*   *   *

Fazer o bem sem ostentação é grande mérito. Mais meritório ainda é ocultar a mão que dá.
É mesmo marca de grande superioridade moral, porque renuncia à satisfação do aplauso dos homens.
Os que assim agem, provam sua real modéstia e se enquadram exatamente no ensino evangélico: Não saber a mão esquerda o que dá a mão direita.



                                                                 Redação do Momento Espírita

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A busca por Deus




Em todas as épocas da Humanidade, não houve cultura, povo, tradição que não tivesse um sentimento profundo a respeito da Divindade.
No início, esse Ser superior era confundido com Suas obras. Por isso, a ideia de que eram muitos.
Eram deuses em ação a tempestade, as borrascas do mar, a erupção do vulcão.
Ademais, eram concebidos como quase humanos, na sua aparência, nas suas paixões, desejos, anseios.
Na dificuldade de transcender o pensamento, a ideia da Divindade não se afastava daquilo que estava ao alcance dos sentidos.
Foi a maturidade perante a vida que permitiu um entendimento do monoteísmo, de um Deus Criador de tudo e de todos.
No entanto, ainda se tinha a concepção desse Deus como vingativo, capaz de imputar castigos; um Deus que ficava à espreita das minúcias da vida dos homens, condenando uns e outros conforme Seu humor.
Como um ser em constante vigilância, a ideia de Deus era de alguém a se temer, considerando que, a qualquer momento, Sua ira poderia despencar sobre a Humanidade, por qualquer infração cometida.
*   *   *
Então ele chegou. Veio das terras da Galileia, cantando as grandiosidades das obras de Deus, e chamando-O de Pai.
Como o Irmão Maior ensinando a lição para os mais pequeninos, trouxe a mensagem de que o Pai é misericórdia e bondade, provendo todas as necessidades dos Seus filhos.
A partir de sua mensagem, deixamos de temer a Deus.
Passamos a buscá-lO como o Pai sempre pronto a auxiliar e amparar os que criou e sustenta por amor.
E é esse Jesus que nos convoca a fazer a nossa parte, a assumir nossa responsabilidade perante o mundo, não nos acomodando em ócio improdutivo.
Alerta-nos, a fim de que não caiamos na ilusão de um Deus de milagres infantis, que dispõe de forma favorável, cedendo a leves agrados e oferendas.
Contudo, também nos acalma o coração, nos dizendo para que não nos inquietemos com o amanhã, pois a cada dia basta a sua própria preocupação.
A partir de então, começamos a compreender a grandiosidade de Deus e Sua Providência.
E, mesmo quando imaginamos que algo nos falta, a aparente carência nada mais é do que oferta da Providência Divina a nos oportunizar crescimento.
É verdade que prosseguimos entendendo Deus das mais diversas formas, cada qual conforme seus valores e necessidades íntimas.
Entretanto, antes do Galileu, ninguém cantara, com tal clareza, as glórias do reino dos céus, os recursos da Providência Divina e Sua bondade inexcedível.
Também, ninguém depois dEle conseguiu viver em tal pureza os ensinos do Pai, em exemplo incomparável.
Assim, caminhar até Deus é atração inevitável, pois que trazemos Sua essência em nossa intimidade, como filhos dEle.
Porém, não chegaremos ao reino dos céus senão através do Celeste Pastor, Jesus.
Ao se apresentar como o Caminho, a Verdade e a Vida, estabelece ser o roteiro seguro para que consigamos entender a Deus em plenitude, edificando o Seu reino na intimidade de nosso coração.

Redação do Momento Espírita

domingo, 18 de outubro de 2015

Gesto Necessário




Jornal de grande circulação nacional teve oportunidade de oferecer reportagem especial, em um de seus cadernos, enfocando a gratidão.
Relata que um ex-aluno fez expressiva doação à Faculdade de Medicina da Universidade de Ribeirão Preto, São Paulo.
O médico, que endereçou oitenta e cinco mil dólares para a Faculdade, é o primeiro filho de um pedreiro e de uma dona de casa.
Reconhecendo que deve sua oportunidade à escola pública e gratuita em que estudou, afirmou estar devolvendo à sociedade o que dela recebeu.
Segundo ele, saiu da pobreza e entrou na riqueza, graças aos impostos pagos por todos. A doação é sua forma de devolver o benefício.
A doação ajudou a criar um laboratório de virologia, para estudar e combater a dengue.
O caso não é único, embora raro, em nosso país. A Universidade Federal de Minas Gerais recebeu quatro milhões e trezentos mil dólares de um seu ex-aluno, que se tornou banqueiro.
Os recursos foram canalizados para o setor de gastroenterologia daquela Universidade.
A Escola de Agronomia Luiz de Queiroz, de Piracicaba, São Paulo também recebeu uma fazenda de um seu ex-aluno.
O imóvel, no valor de dezesseis milhões de dólares, foi deixado em testamento.
Independente de terem seus nomes divulgados pela imprensa, o importante é que suas doações beneficiam a muitos.
Expressam desprendimento de posses em favor de iniciativas coletivas. Um sentimento de gratidão pelas inúmeras bênçãos recebidas, durante a vida.
Demonstram uma preocupação com o bem-estar alheio, desde que as instituições voltadas para o bem coletivo dependem, quase sempre, de doações.
Tais gestos colocam em evidência o sentido imediato de uma palavra simples, de grande significado: gratidão.
Sentimento que surge nos corações onde residem a justiça e a bondade. E, diga-se, também um entendimento excelente de cidadania.
A quantia doada é questão secundária. O importante é o exemplo e o benefício proporcionado.
Assim, qualquer um de nós a pode expressar, seja pelo simples pagamento de uma mensalidade em favor de uma instituição. Ou o oferecimento de uma cesta básica para uma família carente. Quem sabe uma contribuição anual para uma pesquisa médica.
Ou o apadrinhamento de um estudante, facilitando-lhe o acesso aos sempre preciosos livros. Ou ainda, a doação de horas de trabalho voluntário.
As lições do Evangelho de Jesus se referem ao óbolo da viúva e a responsabilidade de quem muito recebeu.
Dessa forma, agraciados com a escola, não nos esqueçamos de contribuir para que outros tenham acesso a ela.
Abençoados com a saúde, colaboremos com quem depende de medicação específica para viver cada dia.
Beneficiados pela atividade profissional, que nos garante a vida digna, criemos condições de acesso ao primeiro emprego a quem aguarda oportunidade.
Enfim, agradeçamos à vida o que ela nos oferece, multiplicando oportunidades a quem segue na retaguarda.
Isto se chama gratidão.

*   *   *

Ampliemos o contingente dos benfeitores anônimos. Participemos das iniciativas salutares, que possibilitam o progresso e o amparo social.
Exerçamos a nossa cidadania. Enfim, preocupemo-nos em devolver à sociedade o que ela nos deu.



                                                                Redação do Momento Espírita

sábado, 3 de outubro de 2015

Os Pais Como Jardineiros




Com efeito, no planeta do principezinho havia, como em todos os outros planetas, ervas boas e más. Por conseguinte, sementes boas, de ervas boas; sementes más, de ervas más.
Mas as sementes são invisíveis. Elas dormem no segredo da terra até que uma cisme de despertar.
Então ela espreguiça, e lança timidamente para o sol um inofensivo galhinho.
Se é de roseira ou rabanete, podemos deixar que cresça à vontade. Mas quando se trata de uma planta ruim, é preciso arrancar logo, mal a tenhamos conhecido.

*   *   *

Podemos ler nas palavras do inspirado Saint-Exupéry uma síntese sobre a educação.
Como pais somos jardineiros, e quanto mais atentos e dedicados formos, mais belo poderá ser nosso jardim.
Nossos rebentos trazem sementes invisíveis, plantadas em outras eras – são suas tendências. Estão debaixo da terra. Ninguém sabe o que são e quando irão se manifestar.
Não são terra virgem. Somente um olhar apressado e desatento julga dessa forma.
E quando essas primeiras tendências despontam, só o jardineiro alerta, que cuida da planta diariamente, consegue perceber.
Há cultivadores que só vão notar suas plantas depois de crescidas, quando os galhos já estão fortes, quando a poda do que não é bom já é muito mais difícil.
Não só isso. Perdem também o prazer de vê-las em todas suas fases de desenvolvimento, com suas peculiaridades e belezas.
Porém, quem está ali, com os olhos na terra, percebe logo, e se não for coisa boa, como roseira ou rabanete, trata logo de podar.
Isso significa que as tendências negativas, quando são observadas e trabalhadas desde cedo, têm mais chances de serem modificadas. O trabalho é árduo, mas quanto mais cedo começar, mais amplas as possibilidades de sucesso.
Por que você está agindo assim, meu filho?
Você tem ideia de como o outro está se sentindo com o que você fez?
Não é melhor dividir? Você está com raiva? Vamos conversar sobre ela?
Podar, na linguagem aqui utilizada, não significa abafar sentimentos negativos, ou proibir as crianças e jovens de sentirem isso ou aquilo. Não, isso só agrava a questão.
A poda aqui é um aparar cuidadoso, um enfrentamento dos conteúdos íntimos que se faz abertamente, inclusive, por vezes, com auxílio de profissionais da área, dependendo do caso.
Recriminar ou proibir, simplesmente, esse ou aquele sentimento ou comportamento, sem trabalhá-los, sem procurar entender suas matrizes nas crianças, traz prejuízos enormes, como recalques e frustrações.
O horticultor atencioso celebra a chegada das plantas boas e trata de regá-las, iluminá-las, dar-lhes boas condições para que cresçam com vigor.
Bons pais reforçam os comportamentos positivos de seus filhos e não apenas corrigem e punem o tempo todo.
Parabéns pelo seu esforço! Você mereceu esta vitória! É mérito seu.Gostei muito desta sua atitude! Faça isso sempre! Você agiu corretamente nesta situação. Estou muito feliz!
É um trabalho diário, é um cuidado minucioso com cada filho, atendendo cada planta em sua necessidade específica, pois esta planta tem certas características e aquela tem outras. É uma verdadeira arte.
Por isso, como pais, não descuidemos deles. Se assumimos esta missão tão importante, sejamos os melhores jardineiros possíveis dentro das nossas possibilidades e limitações.



                                                              Redação do Momento Espírita