segunda-feira, 30 de março de 2015

A voz e o silêncio




Aumenta volumosamente a balbúrdia no mundo.
Não há respeito pelo silêncio.
As pessoas perderam o tom de equilíbrio nas conversações, nos momentos de júbilo, nas comunicações fraternais.
Grita-se, quando se deveria falar, produzindo uma competição de ruídos e de vozes que perturbam o discernimento e retiram a harmonia interior.
As músicas deixam, a pouco e pouco, de ser harmônicas para se apresentarem ruidosas, sem nenhum sentido estético, expressando os conflitos e as desordens emocionais dos seus autores.
Cada qual, por isso mesmo, impõe o volume da sua voz, dos ruídos do lar, das comunicações e divertimentos através dos rádios e das televisões.
Há um predomínio da violência em tudo, nos sentimentos, nas conversações, nas atividades do dia a dia.
Há demasiado ruído no mundo, atormentando as criaturas.

*   *   *

A voz é instrumento delicado e de alta importância na existência humana.
Sendo o único animal que consegue articular palavras, o ser humano deve utilizar-se do aparelho fônico na condição de instrumento precioso, e de cujo uso dará contas à consciência cósmica que lhe concedeu admirável tesouro.
Jesus, o Sublime Comunicador, cuja dúlcida voz inebriava de harmonia as multidões, viveu cercado sempre pelas massas.
Sofreu-as, compadeceu-se delas, mas não se deixou aturdir pela sua insânia e necessidade.
Logo depois de as atender, recolhia-se ao silêncio, fugindo do bulício, a fim de penetrar-se mais pelo amor do Pai, renovando os sentimentos de misericórdia e de compreensão.
Procedia dessa forma, a fim de que o cansaço, que surge na balbúrdia, não lhe retirasse a ternura das palavras e das ações.
*   *   *
Necessitas, sim, de silêncio interior, para melhores reflexões e programações dignificantes em qualquer área do comportamento em que te encontres.
Aprende a calar e a meditar, a harmonizar-te e a não perder a seriedade na multidão desarvorada e falante.
Os grandes sábios do cosmo sempre souberam silenciar.
Silenciar em oração perante as necessidades do outro. Silenciar em respeito ao sofrimento alheio.
Silenciar em consideração às ideias divergentes. Silenciar a vingança diante dos males recebidos.
É no mundo do silêncio que construímos as palavras edificantes que sairão de nossa boca.
É no mundo sem voz que elaboramos o canto que logo mais irá encantar ouvintes numa sala de concertos.
É no mundo do silêncio que embalamos nossos amores, que pensamos em melhorar, reformar e transformar.
Assim, saibamos dosar o silêncio em nossas vidas, evitando que a balbúrdia e a loucura se instalem.
Saibamos usar a voz com cuidado, a cada pronunciar de palavra, assim como o concertista o faz na interpretação de uma ópera.
A música elevada, assim como a vida, é feita de som, mas também de silêncio.


Redação do Momento Espírita

sexta-feira, 27 de março de 2015

Nossa Cultura




Atravessamos na Terra, fase de dificuldades sem conta, nas áreas de cultura geral.
Desconhece-se a estrutura da própria linguagem que se fala. Usam-se gírias ou expressões chulas que denunciam a pobreza dos falantes relativamente à formação cultural.
Ignoram-se os fatos históricos que envolvem a sociedade em que se vive.
Espalham-se infames zombarias, inventam-se lendas sem beleza e sem sentido, refletindo a pouca madureza social.
Não se cogita de penetrar as razões desse ou daquele monumento, sentindo-se, tantos, impulsionados pelo instinto destruidor e vândalo, que, incapazes de compreender, por descaso, preferem pichar, destroçar ou poluir de modo drástico, o que encontram pela frente.
O gosto pelas Bibliotecas, pelas salas de arte, por Museus, por Teatros e pela literatura excelente de todos os tempos, tudo tem ficado na retaguarda das preferências.
Os desportos nobres e educativos ainda contam com poucos adeptos.
Temos, ao revés, um quadro enorme dos que procuram os exercícios desportivos excitantes e violentos, que pouco ou nada acrescentam no âmbito das conquistas do Espírito.
Encontram-se, com maior frequência, muitos que se ajustam a espetáculos pornográficos, do palco ou da tela, em franco deboche à sensibilizante arte.

*   *   *

Diante de tudo isso, precisamos com urgência de educação e de boas referências.
O bom gosto se forma pela contemplação do excelente e não do sofrível, dizia Goethe, compreendendo com perfeição a construção do aprendizado na alma humana.
Cabe aos pais e aos educadores mostrarem o excelente, preencher os educandos de boas referências desde cedo, se desejarem desenvolver neles uma cultura rica e útil.
As crianças, os jovens, precisam estar mergulhados num caldo cultural que favoreça o desenvolvimento de uma massa crítica, que proporcione a contemplação do belo, que os ensine a pensar e a sentir.
As grandes mídias estão repletas de um verdadeiro lixo cultural, se podemos chamar assim, porque nós, a grande maioria, consumimos isso.
Aliás, a palavra consumo é uma das preferidas nos tempos atuais, inclusive invadindo áreas em que não há como se conjugar o verbo consumir, na essência, pois o que não é material, o que não é tangível, não se consome.
Na verdadeira arte nada se consome. A artese contempla, se admira. Ela alimenta a todos quando é instrumento do belo e do bem e nunca se acaba, pois o que se consome, se finda.
Podemos consumir um CD, um arquivo de MP3, mas nunca uma bela música.
É tempo de retirar as cascas e máscaras que criamos através de nossos vícios morais, e nos permitir enxergar tudo como realmente é.
O que verdadeiramente importa para mim, Espírito? Não sou um consumidor, sou um Espírito imortal, que voltei à Terra para crescer moral e intelectualmente.
Voltei para aprender com quem já esteve aqui, com a História do meu povo, com os grandes, com os missionários, com aqueles que deram a vida para que hoje tivesse o conforto de que desfruto.
Voltei para me tornar mais sábio, não o sábio de Biblioteca apenas, mas o que tem condições de aplicar em sua vida tudo aquilo que aprende, que faz de seu conhecimento uma mola propulsora para que possa amar mais e melhor.

Cultura e amor. Eis o que precisamos com urgência.



Redação do Momento Espírita

terça-feira, 24 de março de 2015

Indagações


Admite você a sua capacidade de errar a fim de aprender ou, acaso, se julga infalível?
Se estamos positivamente ao lado do bem, que estamos aguardando para cooperar em benefício dos outros?
Nas horas de crise você se coloca no lugar da pessoa em dificuldade?
E se a criatura enganada pela sombra fosse um de nós?
Se você diz que não perdoa a quem lhe ofende, porventura crê que amanhã não precisará do perdão de alguém?
Você está ajudando a extinguir os males do caminho ou está agravando esses males com atitudes ou palavras inoportunas?
Irritação ou amargura, algum dia, terão rendido paz ou felicidade para você?
Que mais lhe atrai na convivência com o próximo: a carranca negativa ou o sorriso de animação?
Que importa o julgamento menos feliz dos outros a seu respeito, se você traz a consciência tranquila?
É possível que determinados companheiros nos incomodem presentemente, no entanto, será que temos vivido, até agora, sem incomodar a ninguém?
Você acredita que alguém pode achar a felicidade admitindo-se infeliz?
*   *   *
Por vezes, as distrações do mundo material e as tendências ancestrais que trazemos, ainda nos fazem esquecer das razões que nos trouxeram para a Terra mais uma vez.
Sim, mais uma vez... É bom se acostumar com esta ideia, uma vez que a reencarnação é uma das Leis Divinas, acreditemos nela ou não.
A Lei que nos dá diversas chances, que divide o aprendizado em fases, que apresenta a evolução como uma grande escalada rumo ao Alto.
O materialismo ainda tão presente nos faz esquecer as questões da vida espiritual, a vida verdadeira, por isso que indagações que nos façam pensar sobre questões graves da vida, são sempre muito oportunas.
É necessário refletir diariamente sobre o que queremos para nossa vida realmente.
É necessário pensar diariamente sobre o Universo e suas leis perfeitas, colocando-nos no lugar certo, na hora certa, ao lado das pessoas que precisam de nós.
Olhemos ao nosso redor: tudo está onde deveria estar. E nós? Como estamos? Conseguimos perceber isso? Conseguimos extrair disso forças para enfrentar os desafios? Conseguimos entender que tudo é um grande processo de aprendizado?
Não somos um acidente de percurso, como pode até nos ter sido dito, mencionando uma possível gravidez inesperada.
Somos um Espírito encarnado, que vem num processo de diversos retornos à carne, sendo cada um deles devidamente planejado, devidamente acompanhado, e que tem como objetivo final a nossa perfeição e a felicidade que a segue.
Assim, não gastemosnosso tempo com futilidades. Não nos afastemos dos caminhos que nos levam adiante. Não abdiquemos das oportunidades que a vida nos dá para entender melhor as questões importantes para nosso desenvolvimento.
Pensemos antes de agir. Repensemos antes de reagir. Peçamos ajuda antes de tomar decisões importantes.
Indaguemo-nos. Autoconheçamo-nos. Não aceitemos verdades sem antes uma análise minuciosa.
As respostas sempre virão para os que realmente estamos interessados em nos melhorarmos; para os que não pensamos apenas em nós mesmos, egoisticamente; para aqueles que vivemos o amor e queremos aprender mais sobre ele.


Redação do Momento Espírita

sexta-feira, 20 de março de 2015

Acima de tudo, Pai





A ciência nos permite penetrar as profundezas do infinito. Lançamos nosso olhar ao espaço e, de imediato, as centenas de pontos brilhantes que vemos, nos encantam.
No entanto, graças a potentes telescópios, vimos descobrindo milhares de mundos, lançando suas esplêndidas harmonias nos celestes campos da imensidão.
Diante desses horizontes, abertos à investigação humana, maravilhados,concebemos o Criador de todas as coisas, tão acima de nós que só um esforço da razão pode fazer que O entendamos.
A ordem, a grandeza, a majestade reinam por toda a parte. Tudo demonstra a bondade, a justiça dAaquele de quem todos os esplendores são apenas pálido reflexo.
E, se lançarmos nosso olhar para o próprio globo em que nos movemos, constataremos o emocionante quadro da vida estuante, em que Deus se revela.
As estações seguem seu curso, os corpos se combinam, a vida circula sobre o planeta, juntando e desagregando as moléculas, segundo leis que se cumprem maravilhosamente.
Na natureza tudo é harmonia. Tudo vibra, em acordes harmônicos, em condições determinadas por uma Inteligência.
Inteligência suprema, uma força eficiente.
É Deus que paira acima da Criação, que a envolve com Seus fluidos, que a penetra por Sua razão.
É por Ele que os universos se formam, que as massas celestes apresentam seus esplendores deslumbrantes, nas imensidões do infinito.
É por ele que os planetas gravitam nos espaços, em torno dos focos luminosos, formando brilhantes auréolas de sóis.
É Deus a vida eterna, imensa, indefinível, o Começo e o Fim, o Alfa e o Ômega.
É Ele que, no abismo dos tempos, quis que o universo existisse e a poeira cósmica entrou em movimento.
É por Sua vontade que as admiráveis leis da matéria desenvolvem no infinito as combinações maravilhosas que produzem quanto existe.
É Sua razão sem limites que ordenou tudo fosse feito em vista de um efeito inteligente.
É Sua justiça que traçou em caracteres indeléveis as leis de fraternidade e solidariedade que se fazem sentir entre os homens e os mundos.
É Sua bondade inefável que deu ao homem, incessantemente, o meio de conseguir a felicidade.
*   *   *
Deus! Ainda existem os que Lhe pretendem negar a existência. Ainda há os que pensam que o acaso poderia ter feito tudo o que existe, de forma tão perfeita, tão justa.
Contudo, Ele está em tudo e em todos. Mesmo que afirmem que Ele não existe, Sua ação se faz constante e precisa.
Acima e além de tudo, dispensa o Seu amor sem cessar.
Ele rega as plantas com a chuva delicada, alimenta as fontes e os rios, providencia o orvalho generoso.
Tempera a água dos mares, acaricia as ondas e as levanta, com majestade, fazendo-as uivar nos rochedos e cantar mansamente nas praias.
Atende a singela flor do campo, balança os ramos do salgueiro e aveluda as pétalas das rosas.
Todos os dias. A cada dia. E, enxuga as lágrimas dos Seus filhos, envia mãos generosas para os sustentar na jornada, a ninguém esquece.
Se é o Criador de tudo, é igualmente o Pai amoroso e bom, sempre presente.
Pensemos nisso.


Redação do Momento Espírita

sábado, 14 de março de 2015

Sua vida religiosa



Como tem sido sua vida religiosa?
Tem você mantido as aparências graciosas da fé, enquanto alimenta azedumes, invejas, mágoas e rapina no coração, ou tem se esforçado por ser, intimamente, o que Deus espera de você?
Vida religiosa nada tem a ver com as atitudes artificiais ou piegas por muitos adotadas.
Ela se vai concretizando, em verdade, quando passamos a compreender que a religião verdadeira não passa obrigatoriamente pelas aparências de fora, mas sempre será uma realidade vibrante no íntimo dos seres.
Manter contato mais próximo com Deus, com Cristo ou com os prepostos da Luz Divina, pela capacidade de transformar velhas inclinações perturbadoras em novas posturas de trabalho renovador, por dentro e por fora de nós, isso sim é a base para a realização religiosa.
A sua vida religiosa precisa ter o aroma das reais virtudes, que crescem aos poucos, mas que não estão ausentes da vivência dos religiosos verdadeiros.
Nas lutas e renúncias de Gandhi, vemos sua vida religiosa ativa, laboriosae útil.
Nas pelejas e renúncias de Lincoln, achamos sua vida religiosa corajosa, desafiadora e útil.
Nos esforços e renúncias de madre Teresa, encontramos os sinais inquestionáveis da sua vida religiosa dedicada, transformadora e útil.
Se, na condição de pessoa religiosa, os seus atos não forem enobrecidos e úteis a ninguém, tenha a certeza de que eles são vazios e sem qualquer valor para a vida interior.
Pense e repense acerca da sua vida religiosa.
Transforme-se para o bem o quanto possa.
Desenvolva-se no amor o quanto puder, porque somente assim a sua atuação na esfera religiosa espalhará a luz do Cristo e o fará realmente feliz.

*   *   *

Em O livro dos Espíritos, Allan Kardec faz um questionamento fundamental, no que diz respeito à diversidade de doutrinas e crenças.
Todas as doutrinas têm a pretensão de ser a única expressão da verdade. Como se pode reconhecer a que tem o direito de se posicionar assim?
A resposta dos Espíritos é bela e profunda:
Será aquela que produza mais homens de bem e menos hipócritas, ou seja, pela prática da lei de amor e de caridade em sua maior pureza e sua aplicação mais abrangente.
Por esse sinal reconhecereis que uma doutrina é boa, pois toda doutrina que semear a desunião e estabelecer uma demarcação entre os filhos de Deus só pode ser falsa e nociva.
Notemos dois detalhes: o primeiro, associando a religiosidade à prática, à transformação moral do indivíduo, senão de nada ela lhe serve.
O segundo, deixando claro que não precisamos de umaque se sobreponha às demais. Basta que ela conduza ao bem, que ligue os homens ao Criador, e ela terá cumprido sua função primordial.
Não há mais porque escolher uma entre várias, ou tentar dizer que esta é melhor do que aquela, senão voltaremos a cair nos problemas que geramos, ao longo dos tempos, segregando pessoas por crença, cor, raça.
Cada doutrina atende a um tipo de necessidade, a um tipo de alma, num determinado estágio evolutivo, e sempre terá seu valor, desde que mantenha seu compromisso com o amor e a caridade.
Não há apenas um caminho. O amor e o bem têm diversas vias, podem estar pintados de cores diferentes, mas sempre serão o amor e o bem.


Redação do Momento Espírita

quarta-feira, 11 de março de 2015

O Livro Caindo N´alma



Oh! Bendito o que semeia
Livros... Livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!

O livro caindo n´alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar.

*   *   *

Como anda nossa leitura?
O que andamos lendo? Que conteúdos permitimos que adentrem a casa nobre de nossa alma?
É de entendimento geral que ainda lemos pouco em nosso país, porém, o mais grave não está na quantidade, mas sim na qualidade de nossa leitura.
De nada adianta estarmos lendo um, dois, três livros por mês, mas de conteúdos fracos, apelativos e tolos. Livros que não nos fazem pensar, refletir sobre questões importantes do existir.
Vemos pessoas colocando como meta de ano novo ler mais. É louvável, porém, vale o cuidado com o que estamos lendo.
Da mesma forma que devemos cuidar dos alimentos que ingerimos, procurando qualidade nos ingredientes e uma nutrição adequada, devemos cuidar dos alimentos da mente.
E a leitura é um deles.
Não basta ler muito. Faz-se necessário ler bem.
A leitura não pode ser mera distração, mero passatempo.
Tudo que lemos precisa ter uma finalidade importante para nós, seja na área profissional, familiar ou pessoal.
Culto não é aquele que lê muito, mas aquele que sabe o que ler, que conhece as boas obras, que as estuda em profundidade, que é capaz de as interpretar, de descobrir o sentido profundo das palavras.
Uma poesia não é apenas um jogo de rimas. Vejamos a beleza do pequeno trecho de Castro Alves:
O livro caindo n´alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar.
Os bons livros deixam algo em nós, deixam sementes, deixam referências, vocabulário, história...
As obras da moda apenas satisfazem nossa vã curiosidade, nada mais. Puro entretenimento.
Os clássicos marcam uma época, fazem-nos viajar por terras que nunca visitamos, conhecendo personagens que só existem ali, nas linhas e nas ideias daquele autor.
Procuremos bons livros. Procuremos bons autores.
Não nos enganemos pelas capas, pelos apelos de propaganda, ou mesmo pela forma com que foram escritos.
Existem autores de todos os níveis tanto no mundo físico, como no mundo espiritual. Assim, não bastará que uma obra venha assinada por determinado Espírito, para que sua boa qualidade esteja garantida.
A boa leitura é uma higiene mental.
Pelo menos uma vez ao dia, nos presenteemos com palavras de estímulo, de encorajamento e motivação.
Ao nos prepararmos para dormir, ou no início da manhã, leiamos uma página, uma breve mensagem que nos inundará de paz e tranquilidade para que possamos enfrentar os desafios da vida com melhores recursos.
Nossos pensamentos quase sempre estão em frequências negativas, pessimistas, rancorosas e materialistas.
Quando lemos com atenção uma página elevada, nossa alma se renova; uma brisa nova percorre todo nosso Espírito, nos convidando a melhorar, a suportar, a seguir adiante.
Precisamos ler mais... E ler melhor...


Redação do Momento Espírita

segunda-feira, 9 de março de 2015

Saudade não tem hora


Quando a barca da relação matrimonial começa a apresentar dificuldades, ameaçando soçobrar, de modo geral, os filhos percebem.
Embora os pais procurem disfarçar, mantendo o rol das discussões longe deles, o clima de desconforto do casal é percebido.
Até mesmo os bebês registram a psicosfera conjugal, que deixou de emitir vibrações de amor e harmonia. E, por não disporem da palavra para se manifestar, principiam a apresentar intranquilidade no sono, choramingos sem causa aparente, podendo evoluir para febres e infecções.
Crianças de pouca idade observam e, ante a saída rápida de um dos cônjuges para o trabalho, perguntam: Você não vai dar um beijo na mamãe?
E, quando não passa de um rápido pousar dos lábios no rosto, insistem: Não desse jeito. Beijo de verdade. Beijo de amor.
Se existem avós ou tios nas proximidades, não raro são surpreendidos com perguntas como: Posso ir na sua casa? Posso ficar com você?
Isso demonstra a inquietude quanto ao seu futuro. Se pai e mãe se separarem, para onde iremos?
E, na ausência de parentes próximos, os pequenos fazem as mesmas indagações a amigos ou vizinhos, na ânsia de garantirem, emocionalmente, um porto que lhes possa parecer seguro.
Finalmente, quando a relação se desfaz e um dos cônjuges deixa o lar, no balanço das emoções, o item perda irreparável se acentua.
Se adolescentes, as reações são as mais diversas, conforme a intensidade dos laços afetivos e de como interpretam a separação. Alguns se sentem literalmente traídos, outros se sentem abandonados, desprezados.
Dependendo dos motivos da separação, a questão se torna ainda mais nevrálgica.
Natural que se o casal descobre que não mais consegue viver sob o mesmo teto, compartilhando as dificuldades e o afeto, busque uma forma de melhor convivência.
Contudo, saudável que procure alternativas, antes da separação pura e simples. Importante que se indaguem o que os fez se unirem e conversem a respeito da possibilidade de investimento na continuidade do contrato matrimonial.
Não haverá ajustes a serem feitos, que permitirão o amadurecimento da relação e o consequente aparar das arestas?
Finalmente, se o caminho da separação se fizer inevitável, que os filhos não sejam esquecidos. Eles são a parte mais nobre e mais preciosa do inventário, na hora de se decidir quem fica com quem, em que condições.
Que, em nome da mágoa, não se criem empecilhos para o relacionamento com os filhos, que não se criem maiores entraves.
Guarda compartilhada, ajustes definidos de forma consensual ou não, os filhos são as joias que precisam ser preservadas de maiores prejuízos, nesse momento.
Lembramos de uma garotinha de seus três anos que, ante a saída do pai do lar, depressa aprendeu a digitar o número do seu telefone, para dizer: Pai,estou com saudades.
E, quando esse lhe dizia: Está bem, amor. Amanhã passo aí para lhe dar um abraço, ouvia a voz insistente: Pai, eu estou com saudades, agora!
Quem pode comandar a saudade, que é a manifestação do amor que deseja quem ama perto de si?
Pensemos nisso. E, em decisão tão importante, lembremos dos filhos, antes das deliberações da partilha do patrimônio, valores monetários e todos os demais detalhes.
Filhos – tesouro das nossas vidas. Pensemos neles!

Redação do Momento Espírita.

domingo, 8 de março de 2015

Servindo-nos da Experiência



A expectativa da vida humana tem crescido. Fala-se, na atualidade, de setenta anos para o homem e setenta e cinco para a mulher.
Se a economia se preocupa com valores previdenciários, se a medicina providencia recursos adequados para as possíveis dificuldades que surjam, no decurso dos anos, é de nos questionarmos o que a sociedade, em geral, tem feito a respeito.
Estamos nos preocupando com o aumento de tantos idosos circulando em nossa cidade? Estão sendo providenciadas melhores vias de acesso, que lhes permitam andar com maior segurança pelas ruas, sem estarem sujeitos a tropeçarem em passeios improvisados, lajotas soltas ou escorregadias?
E, afinal, o que temos lhes reservado para esses tantos anos a mais que estarão conosco?
Qualidade de vida tem a ver com afeto, atenção, sentir-se útil, capaz de contribuir com o mundo. Alguém valorizado pela sua experiência, pela sua cultura.
Foi pensando nessa bagagem cultural e nas tantas horas ociosas, que uma escola de inglês, no Brasil, teve uma ideia brilhante.
O projeto promove o intercâmbio entre estudantes da língua inglesa, em nosso país, com idosos americanos, que buscam alguém para conversar.
Entre eles, apenas uma ferramenta de videochat, que permite a comunicação à distância, pela internet.
O projeto piloto foi realizado com a participação de trinta alunos do nível avançado e doze idosos de uma Casa de Repouso, em Chicago.
A troca de experiências entre eles estabelece um relacionamento que ultrapassa as barreiras geográficas e de linguagem, agregando valor à vida dos participantes.
A conversa é gravada para avaliação dos professores, mas o que é maravilhoso é o relacionamento criado.
Os idosos se preparam, vestem-se bem, penteiam-se para o momento do diálogo virtual.
Todos muito bem humorados, falam a respeito de suas vidas, mostram fotos de quando eram jovens. Um dos senhores diz a um jovem brasileiro que se sente com vinte e cinco anos, embora tenha quase setenta.
Um adolescente conta que queria viajar para uma determinada localidade mas a mãe não o deixou.
Você tem uma boa mãe. – Foi a resposta do americano.
Uma senhora, emocionada, exclama: Você é minha nova neta!
Uma aluna conta quantos anos tem seu irmão. Com delicadeza, a mulher, que a ouve, sugere a forma correta de formular aquela frase.
Uma excelente troca de experiências. Idosos sentindo-se úteis, ensinando a jovens estrangeiros. Jovens que se sentem felizes em dialogar com pessoas de cultura diferente.
E, além de tudo, uma dose de amizade, afeto, que se cria. Um dos rapazes oferece a sua casa para hospedar aquele velho senhor com quem dialoga, caso ele decida visitar o Brasil.
Outro, abraça o computador, dizendo: Vai aí um grande abraço. E é correspondido.
Com certeza, mais do que alunos melhores, pessoas melhores estão sendo forjadas nessa salutar experiência.
Um exemplo a ser pensado e imitado. Quantas coisas maravilhosas têm nossos velhos para nos oferecer?


Redação do Momento Espírita

sábado, 7 de março de 2015

Homens de Deus




Quando ouvimos palestras de elevado conteúdo, normalmente pensamos que aqueles homens e mulheres que assim expressam seus conhecimentos morais, são pessoas especiais.
Por serem portadores de imensa bagagem cultural, os imaginamos a ler horas e horas, diariamente, em gabinetes ou salas especiais, sem ruídos que os possam perturbar.
Cogitamos que suas vidas sejam um contínuo meditar em torno dos ditos evangélicos, entremeado de orações e hinos de louvor ao Senhor da vida.
Imaginamos que, em seus lares, somente se ouça música erudita. Talvez composições de Bach desde a manhã, para que, conforme o grande compositor, em havendo devotação à música, Deus esteja sempre perto com Sua presença generosa.
Imaginamos que são pessoas que jamais elevam o tom de voz, que não correm para não chegarem atrasadas a compromissos, não se apressam, não se inquietam, mantendo um constante elo com a Divindade, como se se encontrassem em uma redoma que de tudo as protegesse.
Esquecemos de que são homens e mulheres que vivem no mundo. São profissionais, com suas horas de trabalho. São pais e mães com todas as preocupações da educação dos filhos e da manutenção do lar.
São pessoas que enfrentam o trânsito das cidades populosas, as longas esperas em aeroportos. Também filas em supermercados, feiras e organismos públicos.
Lembramos do Sadhu, o místico indiano, Sundar Singh, que viveu entre os séculos XIX e XX.
Desde que ele vestira a túnica cor de açafrão e, descalço, iniciara a pregação do Evangelho de Jesus, pela Índia, China, Japão, Tibete e, enfim, alcançara o Ocidente, era tido como alguém especial.
Certa feita, em Copenhagen, uma dama da alta nobreza lhe pediu que a abençoasse. Ele disse que suas mãos não eram dignas disso realizar. Somente as mãos de Cristo abençoam.
Em outra oportunidade, hospedado em casa de um velho amigo, foi deixado, por alguns minutos na sala, em companhia dos dois filhinhos gêmeos, de cinco anos.
Ao retornar ao recinto, o anfitrião encontrou o visitante com as mãos no assoalho, com as duas crianças nas costas. Os três riam às gargalhadas.
E todos sabiam que Sundar Singh era dado à meditação, tendo, em seus últimos anos, êxtases diários. Entretanto, ali estava ele, servindo de cavalgadura aos meninos.

*  *   *

Homens que se devotam ao bem, à semeadura nos corações, quando equilibrados, dão mostras, diariamente, de que viver cristãmente é conviver com as pessoas, é suportá-las, é demonstrar, com atitudes, o que seja estar em paz consigo mesmo.
São pessoas que levam muito a sério o seu trabalho, profissional e doutrinário. Mas que não estão alheadas da realidade.
Leem jornais, assistem televisão, vão ao cinema, se informam acerca do que ocorre nesta aldeia global em que vivemos.
Sabem rir, contar causos interessantes, serem amáveis, entre os colegas de profissão, clientes e amigos.
Não são fanáticos. Sabem que tudo tem sua hora certa, conforme instrui o livro bíblico: Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu.
Pensemos nisso e busquemos lhes seguir os exemplos de trabalho, dignidade e honradez.
O verdadeiro servidor do bem se manifesta em suas ações em todas as ocasiões.


Redação do Momento Espírita

terça-feira, 3 de março de 2015

Crer em Deus





Alguns de nós cremos em Deus, por simples atavismo religioso. Assim nos ensinaram nossos pais. Deus existe e tudo criou.
Outros cremos porque a razão nos diz que não pode haver tanta harmonia, beleza e sincronia em todo o universo, sem algo ou alguém que a tudo presida.
O professor Cressie Morrisson afirma que ele crê em Deus por vários motivos. Um deles é o equilíbrio que existe no ecossistema.
Diz ele: Sabemos que os insetos respiram através de tubos. Na medida em que os insetos crescem, os tubos não crescem, o que faz com que eles morram, por falta de ar.
Assim acontece com a cigarra. Ela não morre de cantar, mesmo porque o barulho que identificamos como seu canto, se trata do ruído que ela produz atritando as patas. Quando ela cresce, os tubos não lhe dão o ar necessário e ela morre.
Se os insetos crescessem e, com eles, crescessem os tubos, poderíamos ter formigas do tamanho de elefantes e pulgas com corpos de rinocerontes, tornando impossível a vida, na face da Terra.
E, continua o professor, alguém pensou em elaborada lei para manter o equilíbrio na natureza. Uma lei que funcionou bem na Austrália, há alguns anos.
Naquele país, os ventos impediam a agricultura e teve-se a ideia de criar sebes, para proteger a semeadura nascente. Assim, passaram a cultivar uma espécie de cacto.
Logo, por não terem inimigo natural, eles ocupavam uma área maior do que o território do império britânico.
Usaram todos os métodos possíveis e nada acabava com os cactos, que continuavam a proliferar, sem medida. Os ventos carregavam o pólen.
Reuniram-se os entomologistas na capital australiana e chegaram à conclusão de que deveriam procurar um inseto que se alimentasse de cactos e que fosse excelente reprodutor.
O pequeno animal foi descoberto no Nordeste brasileiro e exportado, em quantidade, para a Austrália.
Pouco depois, os entomologistas novamente se preocuparam. Os cactos estavam desaparecendo. Mas, e os besouros? Não se tornariam uma praga no país?
Foi aí que a sábia lei do equilíbrio entrou em ação, estabelecendo cactos para besouros e besouros para cactos.
Por isso, diz Cressie Morrisson, eu creio em Deus.
David, no capítulo XVIII dos Salmos canta: Os céus proclamam a glória de Deus e o universo fala da obra das Suas mãos.
E o telescópio Hubble nos permite ver até um bilhão de estrelas, apenas na nossa galáxia. Cada qual com seu brilho especial.
Nosso sol, uma estrela de quinta grandeza, avança pelo infinito, com seus planetas, em uma jornada interminável, pelo universo.
Ante tanta grandeza, não se pode senão crer nesse Deus, sábio, inteligência suprema, que tudo criou, estabelecendo leis perfeitas, que zelam pela harmonia e beleza de todo o universo.

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Um pai humano, mesmo que destituído de sentimentos superiores, providencia o pão, o agasalho, o medicamento, o socorro para o filho, planejando-lhe a felicidade.
O Pai Celestial, muito mais sábio e generoso, brinda todos os tesouros imagináveis aos Seus filhos.
Na Sua magnanimidade, enche de luzes o espaço infinito e, com a mesma grandeza, veste a singela flor do campo das cores mais suaves aos tons mais vibrantes.


Redação do Momento Espírita