Perguntais se é
licito ao homem abrandar suas próprias provas. Essa questão equivale a
esta outra: é lícito, àquele que se afoga, cuidar de salvar-se? Aquele em
quem um espinho entrou, retirá-lo? Ao que está doente, chamar o médico?
As provas têm por fim exercitar a inteligência, tanto quanto a paciência
e a resignação. Pode dar-se que um homem nasça em posição penosa e
difícil, precisamente para se ver obrigado a procurar meios de vencer as
dificuldades. O mérito consiste em sofrer, sem murmurar, as conseqüências
dos males que lhe não seja possível evitar, em perseverar na luta, em se
não desesperar, se não é bem-sucedido; nunca, porém, numa negligência que
seria mais preguiça do que virtude.
Essa questão dá lugar naturalmente a outra. Pois, se Jesus disse: "Bem-aventurados os aflitos", haverá mérito em procurar, alguém, aflições que lhe agravem as provas, por meio de sofrimentos voluntários? A isso responderei muito positivamente: sim, há grande mérito quando os sofrimentos e as privações objetivam o bem do próximo, porquanto é a caridade pelo sacrifício; não, quando os sofrimentos e as privações somente objetivam o bem daquele que a si mesmo as inflige, porque aí só há egoísmo por fanatismo.
Essa questão dá lugar naturalmente a outra. Pois, se Jesus disse: "Bem-aventurados os aflitos", haverá mérito em procurar, alguém, aflições que lhe agravem as provas, por meio de sofrimentos voluntários? A isso responderei muito positivamente: sim, há grande mérito quando os sofrimentos e as privações objetivam o bem do próximo, porquanto é a caridade pelo sacrifício; não, quando os sofrimentos e as privações somente objetivam o bem daquele que a si mesmo as inflige, porque aí só há egoísmo por fanatismo.
(Allan Kardec, "O
Evangelho Segundo o Espiritismo", cap. V, Bem-Aventurados os
Aflitos)
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