O desapego é uma constante nas lições dos
grandes mestres espirituais. E mesmo na vida terrena as pessoas sensatas
e experientes compreendem os perigos do apego amoroso. Todas as
escolas de Psicologia denunciam esses perigos e, desde os gregos até nós,
os filósofos ensinam que a felicidade depende da nossa capacidade de
libertar-nos do apego às coisas e aos seres. O ciúme é sintoma de apego e
leva a desequilíbrios perigosos, podendo gerar doenças graves e acarretar
crimes nefandos.
Lemos sempre nos jornais a expressão: “Matou
par amor”. Mas a verdade é que o amor não mata, pois o amor é vida e não
morte. O que mata é o ciúme, o apego amoroso, gerado por sentimentos
inferiores de posse exclusivista da pessoa amada. Esses sentimentos são
resquícios animais da espécie que racionalmente devemos expulsar de nós,
ao invés de.racionalmente aumentá-los, como em geral fazemos. Nossa
imaginação pode levar os instintos animais a intensidades ameaçadoras, o
que jamais ocorre nas espécies animais. Temos de aprender a amar sem
apego.
Toda a dinâmica da evolução espiritual se
esclarece na simplicidade caipira desses versos. Deus está presente em
nós pela nossa capacidade de amar, mas enquanto não superarmos o nosso
egoísmo, que tudo quer com exclusividade, o amor permanecerá sufocado
pela vaidade, o desejo e a ambição. Poderíamos perguntar: mas se o amor é
o próprio Deus, por que ele não vence o nosso apego? A resposta é clara:
porque amor é liberdade. O amor é Deus chamando-nos para a liberdade,
convocando-nos ao desapego por nossa própria compreensão e decisão. Deus
não nos ama com apego, mas com liberdade e por isso não quer impor-nos a
compreensão do amor que devemos atingir por nós mesmos.
(Irmão Saulo, Francisco C. Xavier e J. Herculano
Pires)
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