No mercado da vida, observamos os talentos da Providência Dïvina fulgurando na experiência humana, dentro das mais variadas expressões. Talentos da riqueza material, da intelectualidade brilhante, da beleza física, dos sonhos juvenis, dos louros mundanos, do brilho social e doméstico, do poder e da popularidade.
Alinham-se, à maneira de jóias grandes e pequenas,
agradáveis e preciosas, estabelecendo concorrência avançada entre
aqueles que as procuram.
*
Há, porém, um talento de luz acessível a todos. Brilha
entre ricos e pobres, cultos e incultos. Aparece em toda parte.
Salienta-se em todos os ângulos da luta. Destaca-se em todos os climas e
sugere engrandecimento em todos os lugares.
E o talento da oportunidade, sempre valioso e sempre o mesmo, na corrente viva e incessante das horas.
É o desejo de doar um pensamento mais nobre ao círculo
da maledicência, de fortalecer com um sorriso o ânimo abatido do
companheiro desesperado, de alinhavar uma frase amiga que enterneça os
maus a se sentirem menos duros e que auxilie aos bons a se revelarem
sempre melhores, de prestar um serviço insignificante ao vizinho,
plantando o pomar da gratidão e da amizade, de cultivar algum trato
anônimo de solo, onde o arvoredo de amanhâ fale sem palavras de nossas
elevadas intenções.
*
Acima de todos os dons, permanece o tesouro do tempo.
Com as horas os santos construíram a santidade e os sábios amealharam a sabedoria.
É com o talento esquecido das horas que edificaremos o
nosso caminho, no rumo da Espiritualidade Superior, na aplicação
silenciosa com o mestre que, atendendo compassivamente às necessidades
de todos os aprendizes, prometeu, com amor, não somente demorar-se
conosco até ao fim dos séculos terrestres, mas também asseverou, com
justiça, que receberemos individualmente na vida, de acordo com as
nossas próprias obras.
Francisco Cândido Xavier. Da obra: Caridade. Ditado pelo Espírito Emmanuel. Araras, SP: IDE. 1978.
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