Como anda nossa tolerância?
Temos dificuldade em aceitar quem pense diferente de nós?
Temos dificuldade para suportar quem saiba menos, ou quem pareça ser menos inteligente?
Precisamos falar sobre essa virtude que é o mínimo necessário para uma convivência saudável, sem tantos atritos e desencontros.
Tolerar é aceitar o que poderia ser condenado, é deixar fazer o que se poderia impedir ou combater.
Portanto,
é renunciar a uma parte de seu poder, de sua força, de sua cólera…
Assim, toleramos os caprichos de uma criança ou as posições de um
adversário.
Mas
isso só é virtuoso se assumirmos, como se diz, se superarmos nosso
próprio interesse, nosso próprio sofrimento, nossa própria impaciência.
A tolerância tem a ver com a humildade, ou antes, dela decorre.
De
acordo com Voltaire: “Devemos tolerar-nos mutuamente, porque somos
todos fracos, inconsequentes, sujeitos à mutabilidade, ao erro.”
Humildade e misericórdia andam juntas, e esse conjunto, no que se refere ao pensamento, conduz à tolerância.
“Tolerar não é, evidentemente, um ideal”, já notava Abauzit,“não é um máximo, é um mínimo.”
Se
a palavra tolerância se impôs, entretanto, é sem dúvida porque de amor
ou de respeito todos se sentem muito pouco capazes, em se tratando de
seus adversários. Ora, é em relação a eles, primeiramente, que a tolerância age…
“Esperando
o belo dia em que a tolerância se incline ao amor”, conclui
Jankélévitch, diremos que a tolerância, a prosaica tolerância é aquilo
que melhor podemos fazer!
Tolerar
– por menos exaltante que seja esta palavra – é, pois, uma solução
passável; à espera de melhor, isto é, à espera de que os homens possam
se amar, ou simplesmente se conhecer e se compreender, demo-nos por
felizes com que eles comecem a se suportar.
É pequena virtude, mas indispensável. É apenas um começo, mas o é.”
* * *
Tolerância é caminho de paz.
Não julguemos esse ou aquele companheiro ignorante ou desinformado, porquanto, se aprendemos a ouvir, já sabemos compreender.
Diante
de criaturas que nos enderecem qualquer agressão, conversemos com
naturalidade, sem palavras de revide que possam desapontar o
interlocutor.
Perante
qualquer ofensa, não percamos o sorriso fraternal e articulemos alguma
frase, capaz de devolver o ofensor à tranquilidade.
Nos empecilhos da existência, toleremos os obstáculos sem rebeldia e eles se farão facilmente removíveis.
No
serviço profissional, suportemos com paciência o colega difícil, e, aos
poucos, em nos observando a calma e a prudência, ele mesmo transformará
para melhor as próprias disposições.
Em
família, toleremos os parentes menos simpáticos e, com os nossos
exemplos de abnegação, conquistaremos de todos eles a bênção da
simpatia.
Trabalhemos em nós essa virtude, a partir de agora. Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita
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