O homem é as suas memórias, o somatório das experiências que se lhe
armazenam no inconsciente, estabelecendo as linhas do seu comportamento
moral, social, educacional.
Essas memórias constituem-lhe o que convém e o que não é lícito
realizar.
Concorrem para a libertação ou a submissão aos códigos estabelecidos,
que propõem o correto e o errado, o moral, o legal, o conveniente e o
prejudicial.
Face a tais impositivos desencadeiam-se, no seu comportamento, as
fobias, as ansiedades, as satisfações, o bem ou o mal-estar.
Neste momento social, o medo assume avantajadas proporções, perturbando
a liberdade pessoal e comunitária do indivíduo terrestre.
Procurando liberar-se desse terrível algoz, as suas vítimas intentam
descobrir-lhe as causas, as raízes que alimentam a sua proliferação.
Todavia, estas são facilmente detectáveis. Estão constituídas pela
insegurança gerada pela violência; pelo desequilíbrio social vigente;
pela fragilidade da vida física - saúde em deterioramento, equilíbrio em
dissolução, afetividade sob ameaça; receio de serem desvelados ao
público os engodos e erros praticados às escondidas; e, por fim, a
presença invisível da morte...
Mais importante do que pensar e repensar as causas do medo é a atitude
saudável, ante uma conduta existencial tranqüila, pelo fruir cada
momento em plenitude, sem memória do passado - evitando o padrão
atemorizante - nem preocupação com o futuro.
A existência humana deve transcorrer dentro de um esquema atemporal,
sem passado, sem futuro, num interminável presente.
*
Não transfiras para depois a execução de tarefas ou decisões nenhumas.
Toma a atitude natural do momento e age conforme as circunstâncias, as
possibilidades.
Cada instante, vive-o, totalmente sem aguardar o que virá ou lamentar o
que se foi.
Descobrirás que assim agindo, sem constrições, nem pressas ou
postergações, te sentirás interiormente livre, pois que somente em
liberdade o medo desaparece.
Não aguardes, nem busques a liberdade. Realiza-a na consciência plena
que age de forma responsável e tranqüiliza os sentimentos.
*
O medo desfigura e entorpece a realidade. Agiganta e avoluma
insignificâncias, produzindo fantasmas onde apenas suspeitas se
apresentam.
É responsável pela ansiedade - medo de perder isto ou aquilo - sem
dar-se conta que somente se perde o que se não tem, portanto, o que não
faz falta.
A ação consciente, prolongando-se pelo fio das horas, anula o medo, por
não facultar a medida do comportamento nas memórias pessoais ou sociais.
Divaldo Pereira Franco - Momentos de Felicidade. Pelo Espírito Joanna de Ângelis.
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