terça-feira, 30 de junho de 2015

Na Ascensão Espiritual



Determina a Providência que todos os seres da Criação recebam esse ou aquele provimento de forças, segundo o desejo em que se expressam, de modo a cooperarem na evolução e no engrandecimento da vida.

Anseia o verme pelo alimento do subsolo e recebe a substância que lhe assegura a vitalidade, trabalhando, porém, na fecundação da terra, até que outros impulsos lhe marquem a crisálida de consciência.

Aspira o animal de grande porte à pastagem nutritiva e recolhe o verde elemento do campo que lhe garante a sustentação e o equilíbrio, obrigando-se, entretanto, a colaborar nos processos de renovação e fertilidade da natureza, até que desperte para impulsos mais altos.

Pede o silvícola a proteção da floresta em que se lhe encrava o domicílio singelo e encontra meios de construir a taba, que lhe asila a existência, colaborando na formação de bases para a civilização porvindoura, até que idéias mais elevadas lhe iluminem a mente.

Cada espírito estagia na situação de que necessita, detendo os recursos que a Sabedoria Infinita lhe empresta, servindo ao progresso, nesse ou naquele departamento do mundo, até que estabeleça para si mesmo aspirações mais nobres, capazes de alçá-lo à Vida Superior.

Abstenhamo-nos de usar a prece por arma de caça a vantagens inferiores.

Não nos demoremos em petições descabidas e injustas que somente nos agravariam a posição de almas reclusas nos círculos inquietantes da experiência terrestre.

Abracemos o trabalho edificante, compreendamos a dificuldade e a dor por auxiliares de nosso próprio burilamento e abreviaremos a nossa longa viagem para os cimos da evolução.


Emmanuel - Francisco Cândido Xavier

domingo, 28 de junho de 2015

Ante os Pequeninos



Observa a criança e reconsidera o tratamento que talvez lhe tenhas dado até agora.
Sabes desincumbir-te dos compromissos para com os adultos;
Respeitar os semelhantes;
Instruir os companheiros menos cultos quanto à orientação no próprio caminho;
Auxiliar aqueles outros irmãos que te pedem simpatia e consolo.

Considera os pequeninos que se ajustam à existência e faze o mesmo.

Não prometas à criança o que não hás de cumprir e guia-lhe o passo, sempre que a vejas órfã de rumo.
Não nos referimos unicamente aos rebentos humanos que se desenvolvem no chão das necessidades materiais.
Estejam eles – os pequeninos – em ásperas provas no mundo ou acobertados pelo reconforto doméstico, são, todos eles, espíritos sedentos de apoio e luz na marcha evolutiva que lhes compete realizar.
Não lhes imponhas rejeição ou sofrimento a pretexto de penúria nem lhes relegues a vida ao abandono, na suposição de que a assistência puramente mercenária lhes resolva os problemas.
Aceita-os e convive com eles nos alicerces da sinceridade que te caracteriza o trato com os amigos amadurecidos nos melhores raciocínios da Humanidade.

Nem fantasia.
Nem violência.
Atenção e amor.
Verdade humanizada e entendimento constante.
Culto de bondade e prestação de serviço, nos mesmos recursos de que te utilizas na edificação dos afetos que te rodeiam.

Leva teus filhos ao pediatra e ao dentista, ao cabeleireiro e ao alfaiate, satisfazendo às exigências da vida comum.
Não olvides conduzi-los à idéia de Deus e às lições vivas do bem, a fim de que se lhes modele o coração para a Vida Superior.

És a imagem.
A criança é a objetiva.
Ou, melhor considerando, a criança é a terra adubada em que semeamos.
E de toda plantação que lhe dermos, os frutos correspondentes virão depois.


Francisco Cândido Xavier - Emmanuel

sábado, 27 de junho de 2015

Inclusão



Sem amigos na escola, o menino Roman Povey, de onze anos, nunca quis comemorar seu aniversário e sempre passou a data sozinho.
Sua mãe, utilizando-se de uma comunidade social na internet, fez um desabafo, contando as dificuldades dela e do garoto.
Ela relata que o filho chora todas as noites por não ter amigos, além de só ter sido convidado uma única vez para uma festa de aniversário de colegas de sua escola em Devon, na Inglaterra, onde residem.
Além de ficar com o coração partido pela tristeza do filho, a mãe contou que Roman tem dificuldade em fazer amigos e em ser aceito, devidoa um problema de comunicação:
Ele teve atraso na fala, e quando as crianças vêm conversar, ele não acompanha e se sente mal. – Afirma ela.
Ainda, na postagem, a mãe pedia que os conhecidos enviassem cartões de felicitações pelo aniversário do filho.
Segundo o jornal britânico Daily Mail, o post se tornou um viral, e o menino recebeu mais de quatrocentas cartas de todo o mundo, com felicitações.
Pessoas de Uganda, Dubai, Dinamarca, Áustria, Egito, Nova Zelândia, Alemanha, Noruega, entre outros.
A compaixão de todas essas pessoas foi muito inspiradora.Declarou a mãe ao jornal.
Após o sucesso da mensagem, quando chegou na escola, Roman foi cercado por várias crianças, que o parabenizaram. Segundo a mãe, ele chorou muito.
Ele disse que estava chorando de felicidade. – Contou ela.
Além disso, a mãe resolveu organizar uma festa surpresa para o filho.
Roman teve uma surpresa incrível nesta noite. Muito obrigada às cinquenta e cinco pessoas que guardaram segredo e participaram de uma memória inesquecível para o meu filho. – Postou a mãe na rede social.

*   *   *

Nunca se utilizou tanto este termo no mundo: inclusão, ou inclusão social.
Em alguns países, isso é uma questão mais bem resolvida, em outros ainda não.
Desejamos, porém, ir mais fundo do que apenas na questão da inserção de todas as pessoas, sem discriminação qualquer, no ensino regular das escolas ou na sociedade como um todo.
Precisamos falar da inclusão no coração, isto é, do sentimento por trás dela, pois de nada adianta isso estar na lei, se não estiver também no coração, na consciência de cada um.
A ideia de inclusão precisa estar na educação de todos nós, desde o berço.
A lei de igualdade, lei divina, diz que todos temos os mesmos direitos perante a vida. Trazemos sim, cada um, necessidades especiais, características únicas, que nos diferenciam uns dos outros, mas isso não nos torna, jamais, mais ou menos merecedores de direitos.
Ainda iremos descobrir, quando estivermos devidamente maduros como humanidade, que não foi a lei do mais forte, ou a seleção natural, que nos fez chegar onde estamos, que nos fez ser mais sábios e melhores.
Chegará o dia em que entenderemos que a única força que é capaz de proporcionar a verdadeira evolução é a da fraternidade, do compartilhar conhecimento e felicidade.
É a lei do amor que nos rege acima de todas as outras.
Incluir é ter no coração este sentimento de que todos somos irmãos, que estamos todos no mesmo barco, e de que estamos aqui não para competir uns com os outros, mas para nos ajudarmos.
O melhor não será aquele que chegar primeiro, mas sim aquele que chegar trazendo o maior número de outros em seu abraço.



Redação do Momento Espírita

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Favor do Coração




Era uma sexta-feira. Cidade do interior. Uma reunião importante levara aquela advogada e sua assessora até ali. As duas tinham passagem marcada para o voo das 19h30, em outra cidade.
Seriam duas horas na estrada até chegar ao aeroporto. A reunião tardou além do previsto e ambas tomaram um táxi, pedindo pressa.
O taxista se dispôs a driblar o tráfego intenso da rodovia, enveredando por um atalho em estrada não asfaltada. Dizia conhecer bem o caminho, que lhes abreviaria a chegada ao destino.
Não demorou muito para as jovens perceberem que aquela ideia não fora nada boa.
A estrada era ruim e foi ficando pior. O carro começou a arrastar-se lentamente, e, por fim, o motor deu seu último suspiro. Ninguém nas redondezas que pudesse auxiliar.
E a chuva começou a cair. Pouco depois, uma caminhonete dos correios passou e, ao aceno de Lídia, a assessora, parou.
No entanto, o servidor público escusou-se dizendo que não poderia levá-las em seu veículo. Era contra o regulamento da empresa.
O desespero foi chegando devagarinho. Perderiam o voo, com certeza.
Nisso, surgiu a salvação. Um pequeno caminhão carregado de sacos de milho até o teto e no banco traseiro da cabine.
Antes que elas acabassem de explicar todo seu drama, o motorista foi dizendo:
Bom, se as senhoras não se importarem, não tem problema...
Ambas jogaram suas malas por cima do milho e se acomodaram no banco dianteiro.
Livres da chuva, logo verificaram que aquele transporte também não desenvolvia boa velocidade. E os ponteiros do relógio avançavam sempre mais rápidos.
Para tornar a situação ainda mais tensa, o motorista, em certo momento, fez um comentário: As senhoras não deveriam andar por esta estrada. Este é o caminho do tráfico.
Por fim, estressadas, roupas e cabelos molhados, chegaram ao aeroporto, em cima da hora do embarque.
A advogada trazia em mãos uma sacola de uvas, que lhe havia sido presenteada por um dos colegas. Desejando agradecer àquela alma generosa que desviara sua rota para as deixar no aeroporto, ela lhe ofereceu as uvas. Também uma nota de cinquenta reais.
O homem simples avaliou a situação e respondeu: Dona, as uvas eu aceito. Mas, o dinheiro, não. Eu fiz esse favor com o coração.
E, tornando a ligar o motor do seu pequeno caminhão, se foi, abrindo caminho entre carros particulares, táxis e ônibus que deixavam passageiros naquele terminal.

*   *   *

Pessoas corretas, desejosas de auxiliar o próximo existem muitas.
Por vezes, ante tantos noticiários tristes de assaltos, corrupção, desonestidade, esquecemos que homens e mulheres de boa índole somam-se às centenas neste imenso mundo de Deus.
Encontram-se em toda parte, à espreita de uma oportunidade de servir.
Sequer declinam seus nomes. Simplesmente auxiliam. E, depois, com a mesma simplicidade, retomam seu caminho e suas vidas, que, a muitos, podem parecer pequenas.
Almas simples, almas boas. Quantos de nós já fomos auxiliados, em algum momento, por uma dessas, em nossa jornada?
Filhos de Deus, servidores do bem. Pessoas que prestam favores com o coração. Exemplos de que nós também, onde nos encontremos, podemos agir de igual forma.
Pensemos nisso.



Redação do Momento Espírita

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Lugar para Ela



Todos nós precisamos da verdade, porque a verdade é a luz do espírito, em torno de situações, pessoas e coisas; fora dela a fantasia é capaz de suscitar a loucura, sob o patrocínio da ilusão. Entretanto, é necessário que a caridade lhe comande as manifestações para que o esclarecimento não se torne fogo devorador nas plantações da esperança.

Todos nós precisamos da justiça, porque a justiça é a lei, em torno de situações, pessoas e coisas: fora dela, a iniquidade é capaz de premiar o banditismo, em nome do poder. Entretanto, é necessário que a caridade lhe presida as manifestações para que o direito não se faça intolerância, impedindo a recuperação das vítimas do mal.

Todos nós precisamos da lógica, porque a lógica é a razão em si mesma, em torno de situações, pessoas e coisas; fora dela, a paixão é capaz de gerar crime, à conta de sentimento. Entretanto, é necessário que a caridade lhe inspire as manifestações,para que o discernimento não se converta em vaidade, obstruindo os serviços da educação.

Todos nós precisamos da ordem, porque a ordem é a disciplina, em torno de situações, pessoas e coisas; fora dela. O capricho é capaz de estabelecer a revolta destruidora, sob a capa dos bons intentos. Entretanto, é necessário que a caridade lhe oriente as manifestações para que o método não se transforme em orgulho, aniquilando as obras do bem.

Cultivemos a verdade, a justiça, a lógica e a ordem, buscando a caridade e reservando, em todos os nossos atos, um lugar para ela, porquanto a caridade é a força do amor e o amor é a única força com bastante autoridade para sustentar-nos a união fraternal, sob a raiz sublime da vida, que é Deus.

É por isso que Allan Kardec, cônscio de que restaurava o Evangelho do Cristo para todos os climas e culturas da Humanidade, inscreveu nos pórticos do Espiritismo a divisa inolvidável, destinada a quantos lhe abraçam as realizações e os princípios: - Fora da caridade não há salvação.



 Emmanuel  -  André Luiz - Francisco Cândido Xavier

domingo, 21 de junho de 2015

As Crises do Mundo


"Entre o passageiro e o comboio que o transporta, há singulares e inconfundíveis diferenças. Se o veículo ameaça desastre, é possível que o viajante, dentro dele, se converta em ponto de calma, irradiando reequilíbrio..."


As crises, as dificuldades, os desregramentos do mundo!...
De modo habitual, referimo-nos às provações terrestres, mormente nas épocas de transição, como se nos regozijássemos em ser folha inerte nas convulsões da torrente.
Em verdade, o mundo se encontra em renovação incessante, qual sucede a nós próprios, e, nas horas de transformações essenciais, é compreensível que a Terra pareça uma casa em reforma, temporariamente atormentada pela transposição de linhas e reajustamento de valores tradicionais. Tudo em reexame, a fim de que se revalidem os recursos autênticos da civilização, escoimados da ganga dos falsos conceitos de progresso, dos quais a vida se despoja para seguir adiante, mais livre e mais simples, conquanto mais responsável e mais culta.
Natural que a existência em si mesma, nessas ocasiões, se nos afigure como sendo um painel torturado de paixões à solta.
Costumamos olvidar, porém, que o mundo é o mundo e nós somos nós. Entre o passageiro e o comboio que o transporta, há singulares e inconfundíveis diferenças. Se o veículo ameaça desastre, é possível que o viajante, dentro dele, se converta em ponto de calma, irradiando reequilíbrio.
Assim também, no Planeta... Somos todos capazes de fazer cessar em nós qualquer indução à indisciplina ou à desordem. Cada qual pode assumir as rédeas do comando íntimo e estabelecer com a própria consciência o encardo de calafetar com a bênção do serviço e da prece todas as brechas da alma, de modo a impedir a invasão da sombra no barco de nossos interesses espirituais, preservando-nos contra o mergulho no caos, tanto quanto auxiliando aqueles que renteiam conosco na viagem de evolução e de elevação.
Faze-te, pois, onde estiveres, um ponto assim de tranquilidade e socorro. O deserto é, por vezes, imenso; no entanto, bastam algumas fontes isoladas entre si para garantirem a jornada segura através dele. Na ausência do Sol, uma vela consegue acender milhares de outras, removendo o assédio da escuridão.
Que o mundo se encontra em conflitos dolorosos, à maneira de cadinho gigantesco em ebulição para depurar os valores humanos, é mais que razoável, é necessário. Entretanto, acima de tudo, importa considerar que devemos ser, não obstante as nossas imperfeições, um ponto de luz nas trevas, em que a inspiração do Senhor possa brilhar.


Emmanuel - Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Diferente Olhar




Dois amigos, que há muito não se viam, encontram-se no centro da cidade e resolvem tomar um cafezinho.
Conversa vai, conversa vem, Pedro diz que está terminando a construção de uma nova casa, e que logo mudará de endereço.
Tomás pensa um pouco e pergunta:
Você não se incomoda de mudar de casa?
De casa não. Porém, não suportaria, com certeza, mudar de lar...
Essa é boa. – Diz, rindo, Tomás. Você está caçoando! Foi isso mesmo que perguntei.
Acredito que você não atinou ainda que entre casa e lar existe uma grande diferença. – Fala Pedro, muito sério.
Como assim? É tudo uma coisa só!
Não, meu amigo. Casa é a construção de madeira ou de tijolos e cimento. Lar é a construção de amor, de sentimentos, amizade e ternura.
Quando construímos ou moramos em uma casa, estamos lidando com algo passageiro, porque é material e um dia termina, deteriora, vira pó...
Porém, quando construímos um sentimento de amor, carinho e amizade, estamos lidando com algo imaterial. Isso é conquista do Espírito. E o Espírito é imortal.
Tomás pensa um pouco e fala para o amigo:
Preciso começar a entender melhor essas coisas. Para mim é tudo igual. Mas, me diga, o que o levou a essa decisão, depois de tanto tempo morando naquele sobrado tão lindo?
O tempo passa, amigo, meus filhos estão na adolescência, um deles fará vestibular este ano. Minha mulher e eu adotamos duas crianças: dois irmãos, de dois e quatro anos. Precisamos de mais espaço para acomodar a todos.
A surpresa de Tomás é enorme.
Crianças de dois e quatro anos? Nossa, logo agora, com os filhos grandes, vão começar tudo de novo...
Amigo, – responde Pedro - a vida não para. O sol continua brilhando, a lua cumprindo suas fases, a máquina do tempo acelerando...
Por que nós, simples mortais, haveríamos de descansar quando ainda podemos produzir tanto?

*   *   *

Alguns de nós vivemos tão envolvidos nas coisas materiais que nos esquecemos da realidade maior.
Quando percebermos que somos simples viajantes, de passagem por este mundo, tudo assumirá uma nova feição.
As dificuldades enfrentadas serão analisadas com outra visão. Deixarão de serem vistas como problemas para serem encaradas como meros desafios.
A felicidade estará mais próxima de todos porque não estará alicerçada sobre objetos, produtos, coisas, mas em sentimentos e realizações espirituais.
O próximo será aquele irmão que apenas nasceu em lar diferente.
O trabalho deixará de parecer infrutífero, porque o seu preço será equivalente ao prazer de realizá-lo.
A riqueza material será vista como oportunidade de promover o progresso em benefício de todos ao nosso redor.
O conhecimento será buscado com mais disposição e os sentimentos serão valorizados como devem ser, porque aprenderemos que conhecimentos e sentimentos são as nossas asas de libertação!
Pensemos nisso.


Redação do Momento Espírita

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Julgamentos Precipitados





Quantas vezes já aconteceu?
Um servidor dedicado, após anos de trabalho irrepreensível, comete um deslize. Logo, todos os tantos anos de dedicação são esquecidos.
Sobre ele recaem acusações, desconfianças.
Um amigo de infância, adolescência, juventude, alguém com o qual rimos, choramos, confiamos, comete uma pequena falha.
Diz-nos um não. É o suficiente.
Anos de convivência são sepultados de um só golpe.
Um voluntário que serve dedicada e perseverantemente meses, anos, sempre sorridente, feliz, um dia, por algo que lhe ocorre e o perturba, se exaspera, fala mais alto.
Logo, tudo que fez até então é esquecido e somente aquele gesto de um momento de irreflexão é apontado, falado, julgado.
São retratos da vida. Ocorrem em muitos lugares.
E nos fazem recordar de uma história muito interessante.
A de um pai que desejava ensinar aos seus quatro filhos a respeito de julgamentos.
Assim, a cada um enviou em uma estação diferente do ano a uma terra distante para observar uma determinada árvore.
O primeiro filho chegou no inverno, o segundo na primavera, o terceiro no verão e o quarto no outono.
O primeiro informou que a árvore era feia, além de seca e toda distorcida.
O segundo disse que, ao contrário, a árvore estava carregada de botões, cheia de promessas.
O outro filho contestou aos dois irmãos e afirmou que viu a árvore coberta de flores. Que elas tinham um cheiro tão doce e eram tão bonitas, que ele arriscaria dizer que eram a coisa mais graciosa que ele jamais havia visto.
Finalmente, o quarto filho falou que a árvore estava tão cheia de frutas, tão carregada de vida, que chegava estar arqueada.
O pai, ponderado, explicou que todos estavam certos, no entanto, cada um deles julgara a árvore exatamente pela época do ano em que a havia visto.
Na vida, continuou, também é assim. Quase sempre somos precipitados nos julgamentos.
Para julgar com acerto, compete-nos observar com atenção, colher informações detalhadas.

*   *   *

Dessa forma, não julguemos situações e pessoas por um momento apenas.
Consideremos que todos passamos pelos dias desolados do inverno. Dias de tristeza, de solidão, de problemas superlativos.
Nessa estação da vida, parecemos árvores de galhos retorcidos.
Contudo, quando a esperança faz morada na intimidade, carregamo-nos de promessas, de botões prontos a explodirem em flores.
Então, acenamos com cores vibrantes, flores perfumadas, graciosas que, logo mais, se transformarão em produção abundante de frutos.
Pensemos nisso e não façamos julgamentos precipitados de situações, de pessoas, de companheiros, de amigos.
Verifiquemos, antes, em que estação do ano estagia a alma de quem vamos julgar.
E, se descobrirmos que o inverno envolve aquela criatura, estendamos a contribuição do sol da nossa amizade, o adubo do nosso auxílio, a proteção do nosso carinho.
Pensemos nisso.



Redação do Momento Espírita

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Sensibilidade e Felicidade




Se alguém lhe dissesse que a beleza e a felicidade estão ao seu lado, radiantes, e que lhe falta apenas sensibilidade para percebê-las, você acreditaria?
Allan Kardec, na obra O céu e o inferno, que comemoracento e cinquenta anos de publicação, em 2015, afirma com propriedade:
Os Espíritos são criados simples e ignorantes, mas dotados de aptidões para tudo conhecerem e para progredirem, em virtude do seu  livre­arbítrio.
Pelo progresso adquirem novos conhecimentos, novas faculdades, novas percepções e, conseguintemente, novos gozos desconhecidos dos Espíritos inferiores.
Eles veem, ouvem, sentem e compreendem o que os Espíritos atrasados não podem ver, sentir,ouvir ou compreender.
A felicidade - acrescenta o professor de Lyon - está na razão direta do progresso realizado, de sorte que, dedois Espíritos, um pode não ser tão feliz quanto outro, unicamente por não possuir o mesmo  adiantamento intelectual e moral, sem que por isso  precisem estar, cada qual, em lugar distinto.
Ainda que juntos, pode um estar em trevas, enquanto quetudo resplandece para o outro, tal como um cego e um vidente que se dão as mãos.
Este percebe a luz da qual aquele não recebe a mínima impressão.
Sendo a felicidade dos Espíritos inerente às suas qualidades, haurem­na eles em toda parte em que se encontram, seja à superfície da Terra, no meio dos encarnados, ou no espaço.
O insigne educador e codificador do Espiritismo ilustra a questão, dizendo:
Uma comparação vulgar fará compreender melhor esta situação.
Se se encontrarem em um concerto dois homens, um, bom músico, de ouvido educado, e outro, desconhecedor da música, de sentido auditivo pouco delicado, o primeiro experimentará sensação de felicidade, enquanto o segundo permanecerá insensível, porque um compreende e percebe o que nenhuma impressão produz no outro.
Assim sucede quanto a todos os gozos dos Espíritos, que estão na razão da sua sensibilidade.

*   *   *

Quanto mais sensíveis somos, mais felizes nos tornamos.
Quanto mais sensíveis nos permitimos ser, mais envolvidos com a miséria alheia estaremos, podendo nos tornar agentes do bem em qualquer situação.
A insensibilidade tem nos feito surdos aos gritos de dor do mundo. Alguém grita, em altos brados, ao nosso lado e não temos nem tempo para nos envolver.
A sensibilidade, da qual Allan Kardec nos fala, é esta que nos faz ser felizes com o que temos, agradecidos pelas dádivas diárias com as quais a vida nos presenteia.
Enquanto alguns reclamam sistematicamente daquilo que lhes falta e por isso vivem infelizes, os sensíveis agradecem sempre que podem por aquilo que já conquistaram.

*   *   *

A natureza jubilosa é música, a vida que pulsa é música, o amor é música, e todos tocam sem cessar. Ouve quem tem ouvidos de ouvir.
Pare. Ouça. Sensibilize-se. Retire de si essas couraças que ainda o impedem de sentir.
A felicidade aguarda vocêna distância da sensibilidade.


Redação do Momento Espírita

terça-feira, 16 de junho de 2015

Amor com Liberdade




Quando duas pessoas se unem pelo matrimônio não formam um todo único. Embora cada um aceite o outro, nenhum deles tem o direito de exigir ou impor seus interesses e os seus conteúdos.
A união conjugal é espontânea e nenhum dos elementos do par estará totalmente liberado como antes da união.
Cada um deverá à outra parte atenção e respeito, o que motivará a nobreza de dar satisfação dos seus atos, tanto quanto a participação nas realizações individuais.
Tudo isso sem que ninguém se sinta forçado, coagido ou constrangido a qualquer atitude.
Anne Morrow era tímida e delicada como uma borboleta. Filha do embaixador do México, conheceu um jovem aventureiro em visita à fronteira do Sul, a serviço do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
O jovem viajava para promover a aviação. Por onde quer que passasse, atraía o olhar e a atenção de toda a gente. Ninguém esquecia que ele havia ganho quarenta mil dólares por ter sido o primeiro homem a atravessar o Atlântico pelo ar.
O valente piloto e a tímida princesa se apaixonaram perdidamente.
Quando Anne passou a se chamar Sra. Charles Lindbergh, não foi ofuscada pela sombra do marido. O amor que os uniria nos quarenta e sete anos seguintes foi um amor sólido, maduro, posto à prova em meio a triunfos e tragédias.
Nunca o casal conseguiu gozar a tranquilidade do anonimato. Lindbergh era notícia, onde quer que fosse. Era um herói nacional, sempre em evidência.
Ela, entretanto, em vez de se ressentir, se sobressaiu como uma das autoras mais conhecidas dos Estados Unidos, uma mulher extremamente respeitada por seus próprios méritos.
A receita de sucesso de sua carreira ela descreve da seguinte maneira:
O amor profundo é a grande força libertadora e o sentimento mais comum que liberta...
O ideal é que o homem e a mulher apaixonados deem liberdade um ao outro para que ambos conheçam mundos novos e diferentes.
Eu não fui exceção à regra. O simples fato de sentir-me amada foi inacreditável e modificou meu mundo, meus sentimentos em relação à vida e a mim mesma.
Adquiri confiança, força e praticamente um novo caráter. O homem com quem eu ia me casar acreditava em mim e no que eu era capaz de fazer e, por conseguinte, descobri que podia fazer mais do que imaginava.
Estamos falando do amor de um marido, um amor forte o bastante para transmitir confiança e, ao mesmo tempo, generoso para ceder.
Sempre próximo para abraçar e, ao mesmo tempo, solto para se deixar enlevar. Com suficiente magnetismo para prender e, ao mesmo tempo, magnânimo a ponto de dar asas... para permitir o voo da esposa.
Nunca teve crises de ciúme quando alguém aplaudia o talento dela e admirava a sua competência.
O homem seguro de si guardou a rede de caçar borboletas para que a sua borboleta pudesse bater asas e voar.

*   *   *

Ser homem ou mulher, nas engrenagens da reencarnação, são posições escolhidas ou sugeridas no mundo dos invisíveis, a fim de que o Espírito possa desempenhar-se bem no conjunto dos seus compromissos do progresso.
Um não é mais importante do que o outro e ambos são convocados pelas leis do infinito para o avanço moral, o crescimento intelectual, enfim, o desenvolvimento de todas as virtudes potenciais do íntimo.
A união deve propiciar o entrelaçamento das mãos, apoiando-se um ao outro na empresa conjugal, para que proliferem as bênçãos de harmonia e ternura que cada um dos consorciados merece viver.


Redação do Momento Espírita

sábado, 13 de junho de 2015

Na Terra



Deus nos concede o corpo, através de pais amigos.
Entretanto... Cada um de nós se lhe faz inquilino temporário em regime de responsabilidade.

Deus nos proporciona a riqueza das horas pela contabilidade do Tempo.
Entretanto... Cada criatura, em momento oportuno, apresentará o relatório dos próprios dias.

Deus nos oferta os laços afetivos pelos princípios da afinidade.
Entretanto... Podemos valorizá-los ou não, conforme o nosso próprio arbítrio.

Deus nos concede a propriedade, por intermédio das leis organizadas pelos próprios homens.
Entretanto... Daremos conta do usufruto respectivo.

Deus nos oferece as sementes pelos recursos da Natureza.
Entretanto... Plantio e colheita são sempre de nossa escolha.

Deus nos confia o dinheiro, através do trabalho ou da generosidade alheia.
Entretanto... Somos responsáveis pela aplicação da finança que nos seja creditada.

Deus nos habilita para a eficiência com máquinas diversas, por meio da própria inteligência humana.
Entretanto... Compete a nós outros a programação e a condução delas.

Em suma, toda criação e doação das vantagens de que dispomos procedem de Deus.
Entretanto, é justo reconhecer que todos os êxitos e problemas da utilização pertencem a nós.


André Luiz - Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Um Livro, um Fósforo na Escuridão


 
 
Enquanto durou o bloco trinta e um, no campo de extermínio de Auschwitz, abrigou quinhentas crianças.
Vários prisioneiros, conhecidos como conselheiros, apesar da estrita vigilância a que estavam submetidos, contrariando todos os prognósticos, contaram com uma biblioteca clandestina.
Era minúscula. Consistia em oito livros, entre eles, Uma breve história do mundo, de H.G. Wells, um livro didático russo e outro de geometria analítica.
Ao fim de cada dia, os livros, com outros tesouros, como remédios e alguns alimentos, eram confiados a uma das meninas.
Era Dita, de quatorze anos de idade.
Sua tarefa era protegê-los, escondê-los de tal forma que não pudessem ser descobertos, quando das inspeções dos prisioneiros pelos guardas nazistas.
À noite, os livros eram colocados sob uma tábua do piso, num canto. A terra fora escavada o suficiente para criar um espaço para depositar a pequena biblioteca.
Os livros cabiam com uma exatidão tão milimétrica, que, ainda que os guardas pisassem ou batessem nas tábuas, com as juntas dos dedos, não soariam ocas.
Nada levaria a suspeitar que debaixo havia um minúsculo esconderijo.
Aqueles oito livros eram preciosidades. A jovem bibliotecária os lia. Também os acariciava.
Muito usados, com as extremidades avermelhadas de umidade, alguns mutilados, eram um tesouro.
A fragilidade os tornava ainda mais valiosos.
Dita se deu conta de que deveria cuidar daqueles livros como idosos sobreviventes de uma catástrofe.
Eles tinham uma importância sem igual. Sem eles, a sabedoria de séculos de civilização poderia se perder.
Eles registravam a técnica geográfica, que permitia saber como era o mundo; a arte da literatura, que multiplica a vida de um leitor em dúzias; a gramática que permitia tecer os fios da comunicação entre as pessoas.
Que preciosidades! Mesmo que um fosse em francês e ninguém soubesse o idioma. Ninguém, a não ser a senhora Markéta.
E ela, como outros, se tornou um livro vivo. E contou, muitas e muitas vezes, a história do Conde de Monte Cristo.
Enquanto se absorviam na leitura e releitura daqueles livros, ou ouviam histórias, narradas pelos livros vivos, as crianças esqueciam que estavam em um barracão cheio de pulgas.
Deixavam de sentir o cheiro da carne queimada, vinda dos crematórios, deixavam de ter medo.
Durante esses minutos, aquelas crianças eram felizes.
A realidade era dura demais. Por isso, era preciso dar asas à imaginação. Viajar no tempo, com as aventuras desse ou daquele personagem. Imaginar que, um dia, voltariam a ser livres, se sentirem gente outra vez.
*   *   *
William Faulkner disse que o que a literatura faz é o mesmo que acender um fósforo no campo no meio da noite. Um fósforo não ilumina quase nada, mas nos permite ver quanta escuridão existe ao redor.
De fato, a cultura não é necessária para a sobrevivência do homem. Apenas o pão e a água.
Com pão para comer e água para beber, o homem sobrevive, mas só com isso a humanidade inteira morre.
Se o homem não se emociona com a beleza, se não fecha os olhos e põe em funcionamento os mecanismos da imaginação, se não é capaz de fazer perguntas e vislumbrar os limites de sua ignorância, não é uma pessoa.
Pensemos nisso.
 

Redação do Momento Espírita

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Divino Amigo Vem!



Senhor,
Tu que nos deste no Tempo
O sábio condutor de nossos destinos,
Faze-nos entender a bênção dos minutos,
A fim de não perdermos o tesouro dos séculos...
Porque o Tempo, Senhor,
Guardando-nos a alma
Nos braços das horas incessantes,
Embora nos amadureça o entendimento,
Não nos ergue da Terra
Ao encontro de Ti.

Por ele, temos a hora do berço
E a hora do túmulo,
A hora de semear
E a hora de colher,
A hora de rir
E a hora de chorar...

Com ele, temos a experiência
Da dor e da alegria,
Da ilusão e da realidade,
Do conforto e da angústia,
Que, em nos transformando o raciocínio,
Não nos alteram o coração.
É por isso, Senhor,
Que Te rogamos
Assistência e socorro ...

Ajuda-nos a cooperar com os dias,
Para que os dias colaborem conosco.
Ensina-nos a buscar
A hora de buscar-Te,
No respeito aos Teus desígnios,
No trabalho bem vivido,
No estudo de Tuas leis,
No serviço aos semelhantes,
Na contemplação de Tua grandeza
E na ação constante do bem.

Livra-nos da inércia,
Porque sem Tua bênção
A ronda dos milênios
É só repetição,
Prova e monotonia...
Divino Amigo, vem!...
E ampara-nos a senda
Porque, sem Ti, o Tempo,
Embora sendo luz
E embora sendo vida,
Sem que Te procuremos,
Deixar-nos-á clamando
Nos abismos da sombra,
Da aflição e da morte!...


Emmanuel - Francisco Cândido Xavier

segunda-feira, 8 de junho de 2015

No Rumo do Amanhã



"Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma ?" 
Jesus (Marcos, 8:36.)

Lembra-te de viver, conquistando a glória eterna do Espírito.
Diariamente retiram-se da Terra criaturas cujo passo se imobiliza nos angustiosos tormentos da frustração...
Estendem os braços para o ouro que amontoaram, contudo... esse ouro apenas lhes assegura o mausoléu em que se lhes guardam as cinzas. 
Alongam a lembrança para o nome em que se ilustraram nos eventos humanos, todavia... quase sempre a fulguração pessoal de que se viram objeto apenas lhes acorda o coração para a dor do arrependimento tardio. 
Contemplam o campo de luta em que desenvolveram transitório domínio, mas... não enxergam senão a poeira da desilusão que lhes soterra os sonhos mortos. 

Sim, em verdade, passaram no mundo em carros de triunfo na política, na fortuna, na ciência, na religião, no poder...
No entanto, incapazes do verdadeiro serviço aos semelhantes, enganaram tão somente a si próprios, no culto ao egoísmo e ao orgulho, à intemperança e à vaidade que lhes devastaram a vida. 
E despertaram, além da morte, sem recolher-lhe a renovadora luz. 

Recorda os que padecem na derrota de si mesmos, depois de se acreditarem vencedores, dos que choram as horas perdidas, e procura, enquanto é hoje, enriquecer o próprio espírito para o amanhã que te aguarda, porque, consoante o ensino do Senhor, nada vale reter por fora o esplendor de todos os impérios do mundo, conservando a treva por dentro do coração.


Emmanuel - Francisco Cândido Xavier

sábado, 6 de junho de 2015

Entes Amados



Referimo-nos aos entes amados como sendo tesouros do coração. Erigem-se na existência, por bênçãos de Deus que nos enriquecem de tranqüilidade e reconforto. São eles pais ou filhos, parentes ou companheiros, irmãos ou amigos que nos entretecem a alegria de viver com o doce magnetismo da afinidade. Para eles voam os nossos melhores pensamentos de carinho e previdência, tolerância e compreensão. Às vezes, supomos encontrar neles as mais nobres criaturas da Terra e, no afã de testemunhar-lhes a confiança e ternura, proclamamos o intento de subtraí-los às dificuldades educativas do mundo, sob o pretexto de livrá-los de sofrimento e tentação. Decerto, semelhante empresa é atenciosamente seguida na Vida Maior pelos instrutores devotados que nos patrocinam a inspiração e a segurança.

A preocupação de prover as necessidades daqueles que estimamos não é tão-somente legítima, é indispensável. E tudo o que pudermos ofertar-lhes em abnegação redundará em sementeira de luz e amor a frutescer, um dia, em amparo e felicidade para nós mesmos.

Habitualmente, contudo, um problema aparece na lavoura afetiva a que nos consagramos: - tranca-se-nos o afeto, em torno das pessoas que a vida nos confiou à dedicação e eis que elas, a pouco e pouco, se transformam em prisioneiras de nossas exigências, sem que venhamos a perceber.

Quando isso acontece, passamos instintivamente a entravar-lhes o passo e a influenciar-lhes, em demasia, o modo de ser. Daí nascem dificuldades e conflitos que é imprescindível saber evitar.

Cada um de nós traz consigo realizações inacabadas, objetivos por atingir, tarefas ou débitos diferentes que, na maioria das ocasiões, não nos permitem a comunhão imediata uns com os outros.

À vista disso, os que desejamos tanto a felicidade das criaturas que se nos fazem extremamente queridas, saibamos respeitar-lhes a independência – o dom da independência que a Lei Divina a todos nos conferiu.

Auxiliemos nosso entes amados a serem eles próprios, com as faculdades que lhes singularizam a alma. Devotemo-nos à construção da felicidade deles, com os mais entranhados sentimentos do coração, mesmo porque as Revelações Divinas nos conclamam incessantemente a amar-nos com entendimento recíproco, mas peçamos a Deus nos ajude a reconhecer-lhes a liberdade, a fim de que escolham os caminhos e experiências que lhes pareçam mais justos à jornada de progresso e elevação, sem que haja cativeiro na vida, nem para eles nem para nós.


Emmanuel, Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Harmonizando Sentimentos




Carlos tinha uma irmã. Toda vez que saía, ele precisava levá-la junto.
E Terry, no conceito do irmão, não era uma boa companheira para as brincadeiras. No jogo de bola, vivia deixando a bola cair.
No jogo de pique, ficava correndo à toa, parecendo folha que o vento carrega de um lado a outro. Enfim, ela não entendia as regras e fazia tudo errado.
Antes do Natal, ele foi ao Shopping Center para comprar um presente para a avó. Como sempre, Terry foi a tiracolo.
E como sempre, atrapalhou. Carlos se sentiu obrigado a comprar uma boneca boba, só porque ela não parava de dizer: linda, linda. E não queria sair daquele balcão.
De mau humor, quando Terry pediu para ir ao banheiro, ele simplesmente apontou a porta, ao fundo do corredor, e a deixou ir sozinha.
Ele a viu tropeçar duas vezes nos degraus. Ela estava toda alvoroçada por estar indo sozinha a um lugar.
Cansado de esperar, depois de dez minutos, considerando a irmã a pessoa mais lerda do mundo, foi procurá-la.
Mas ela tinha desaparecido. Estava perdida. Ele começou a subir e descer escadas. Andou por todos os corredores. Perguntou a pessoas. Nada!
O remorso começou a tomar conta dele. O que diriam seus pais? Com certeza, pensariam que ele fizera de propósito, para ver-se livre dela de uma vez por todas.
E se não a encontrasse nunca mais? Começou a lembrar do cartão de aniversário que ela lhe dera. Sua mãe lera vários cartões e ela escolhera um que dizia: Para o meu querido irmão.
Recordou de quantas vezes Terry enxugava a louça, no lugar dele, porque ela gostava.
Lembrou de como ela conseguia fazer o bebezinho rir, quando ele ficava irritado, por causa dos primeiros dentinhos.
Começou a chorar. E se alguém a estivesse maltratando? E se ela estivesse sozinha e apavorada?
Foi andando mais depressa. As lágrimas escorrendo pelo rosto.
E quase caiu em cima de Terry. Ela estava sentada no chão, com um garotinho no colo. A mãe dele fazia compras e logo elogiou o jeito dela para lidar com bebês.
Carlos teve vontade de gritar com a irmã, bater nela! Queria que ela soubesse o quanto ele tinha ficado assustado com a ideia de perdê-la.
Mas não fez nada disso. Somente deu-lhe um grande e apertado abraço.
Tomou-a pela mão e foram para casa. E descobriu que amava muito aquela irmã. Que ela era importante para a sua vida.
Hoje, ele tem um trato com sua mãe: Metade das vezes que sai para brincar com os amigos, ele vai com Terry. A outra metade, vai sozinho.
E toda vez que ela sai com ele, Carlos a leva com a maior boa vontade.
Este ano, quando Terry fez aniversário, Carlos lhe comprou um cartão com os dizeres: Para uma irmã maravilhosa.
E era de coração.

*   *   *

Ante as limitações de um filho, aprende a observar os demais. Na tua maturidade de pai ou mãe, auxilia-os a se entenderem e se amarem.
Explica ao saudável das carências do outro. Mas não lhe carregue os ombros com a incumbência total de atender ao irmão.
Lembra que, por vezes, ele mesmo pode estar se sentindo preterido pelas tantas atenções que o outro desperta.
Ajuda-o para que se amem, cresçam e conquistem louros da vida, juntos.

Redação do Momento Espírita

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Decálogo da Desobsessão


Não permita que ressentimento ou azedume lhe penetrem o coração. 
Abençoe quantos lhe censuram a estrada sem criticar a ninguém. 
Jamais obrigue essa ou aquela pessoa a lhe partilhar os pontos de vista. 
Habitue-se a esperar pela realização dos seus ideais, trabalhando e construindo para o bem de todos. 
Abstenha-se de sobrecarregar os seus problemas com o peso inútil da ansiedade. 
Cesse todas as queixas ou procure reduzi-las ao mínimo. 
Louve, - mas louve com sinceridade, - o merecimento dos outros. 
Conserve o otimismo e o desprendimento da posse. 
Nunca se sinta incapaz de estudar e de aprender, sejam quais forem as circunstâncias. 
Esqueçamo-nos para servir.


André Luiz - Francisco Cândido Xavier

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Consequências



A Lei de Causa e Efeito nos impele a pensar no regime de responsabilidade em que a vida nos preserva o livre-arbítrio da ação com as reações de compulsória... Vejamos, de roldão, alguns exemplos de atitudes humanas no quadro das conseqüências:

  Aborto provocado numa vida, em muitos casos, suscita mãe sem filhos na existência próxima.
 Esposa ou esposo que abandona o lar, não raro paga tributo de viuvez na romagem seguinte.
 Bailarinos transviados freqüentemente renascem na condição de epilépticos.
 Timoeiros da opinião que abusam do povo, reaparecem no mundo com a mente retardada.
 Delinquentes que empregam fogo na consumação do crime, habitualmente reencarnam predispostos a dermatose de trato difícil.
 Suicidas ressurgem quase sempre nas crianças menos felizes que a morte aparentemente prematura arranca do berço.

Isso, quanto a erro deliberado. Mas todo propósito certo alcança resultados sublimatórios:

  Serenidade nos achaques da velhice avançada constrói a base da maturidade mental precoce no renascimento que se lhe segue.
 Moléstia tolerada resignadamente dá motivo à formação de corpo harmonioso e robusto na volta da alma à esfera física.
 Diligência no estudo quando a experiência terrestre já se mostra em declínio favorece a cultura mais cedo na vida porvindoura.
 Abnegação em calvários domésticos granjeia afetos mais respeitáveis e mais puros na estância futura.
 Devotamento ao próximo, mesmo na fase terminal de longa marcha humana, traz o prêmio da simpatia e de vantagens inúmeras na reencarnação que se lhe sucede.

Suporta com paciência as provas do caminho. Casa em reforma segura precisa agüentar ordens de arquitetos, martelos de pedreiros, alicates de eletricistas, vassouras de garis.
Não admitas que já passou o tempo de melhorar. Cada hora é bendita ocasião de empreender a recuperação de nós mesmos engrandecendo o porvir.


André Luiz - Francisco Cândido Xavier

terça-feira, 2 de junho de 2015

Uma Nova Edição




Dizem que todo homem, para se sentir realizado, deveria plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro.
Plantar uma árvore é fácil. Mesmo que moremos em um apartamento, podemos tomar de um vaso e plantá-la. Pode ser um exemplar minúsculo, um bonsai.
Ter um filho requer responsabilidade, dedicação. Exige tempo e nem todos estamos dispostos a isso. Ou, por vezes, é a vida que não nos permite, por variadas questões que nos envolvem.
Entretanto, sempre podemos nos tornar os protetores de uma vida, de um amigo, um parente, alguém que necessite de apoio. E teremos, mais ou menos, atendido à questão.
Será que escrever um livro é para todos? Naturalmente, se pensamos em escrever, desejamos que seja algo bom, útil, agradável.
E observamos, no mundo, tanta literatura ruim em prateleiras de bibliotecas e livrarias...
O que não nos damos conta, em verdade, é que a nossa vida pode ser comparada com a elaboração de um livro.
Podemos imaginar que, ao nascermos, um livro nos seja colocado nas mãos. Páginas em branco, que iremos preenchendo, dia a dia.
O que nelas escreveremos é decisão de cada um. Verdade é que trazemos, ao renascer, neste planeta, um cabedal de conhecimentos, de virtudes ou de vícios em nossa intimidade.
É o nosso próprio conteúdo. Na medida em que vamos crescendo, ideias, tendências irão se apresentando. Mas, a obra que vamos escrever nesta vida é inédita.
Cada dia pode ser considerado uma linha, cada semana um parágrafo, cada mês, um texto, compondo as tantas páginas os anos que viveremos sobre a Terra.
Podemos escrever um poema pleno de beleza, com versos harmoniosos. Podemos escrever uma oração, uma súplica, um louvor.
Podemos escrever palavras ásperas, de um dia de indignação ou de desespero.
Podemos escrever histórias lindas de superação, de acolhimento, de doação ao próximo.
Podemos retratar os dias de felicidade, junto aos seres amados. A felicidade da chegada de um novo ser à nossa família.
Relataremos as conquistas, os estudos, as viagens, os encontros, reencontros e desencontros.
Registraremos os dias de ventura, de sol, de muitas alegrias. Também aqueles em que a tormenta nos envolveu, um furacão nos roubou, momentaneamente, as esperanças, o frio tomou conta de nosso coração.
Quando nossa vida física se extinguir, teremos o livro pronto: fino, grosso, de poucas ou muitas páginas, de acordo com os tantos anos vividos.
E poderemos folheá-lo e ler, com vagar. Descobriremos detalhes que gostaríamos jamais tivessem sido escritos.
Quantos desajustes por tolices. Poderíamos ter sido mais compreensivos, tolerantes. Quantas páginas poderiam ter palavras mais amenas, menos dolorosas.
Como todo livro impresso, no entanto, esse não poderá ser corrigido senão com nova edição.
Por isso, é que existe a possibilidade da reencarnação. É a oportunidade do Criador nos permitir escrever um novo livro.
Utilizando o nosso livre arbítrio, poderemos reprisar todas as coisas boas que escrevemos. Poderemos evitar aquelas amargas, desagradáveis.
Somente em nós reside este poder: reescrever a nossa história, com letras caprichosas, encadernação luxuosa, dizeres de ouro.
Pensemos nisso. E como ainda transitamos pela Terra, que tal começar a escrever, no livro atual, as páginas de luz que desejamos poder ler, com alegria, ao final desta vida física?


Redação do Momento Espírita