domingo, 30 de novembro de 2014

Uma Questão de Atitude


A diferença entre os países pobres e os ricos não é a idade do país. Isso pode ser demonstrado por países que têm mais de dois mil anos e são pobres.
Também não reside nos recursos naturais disponíveis.
O Japão possui um território limitado, oitenta por cento montanhoso, inadequado para a agricultura e a criação de gado. Mas é a segunda economia mundial.
Outro exemplo é a Suíça, que não planta cacau mas tem o melhor chocolate do mundo.
Em seu pequeno território, cria animais e cultiva o solo durante apenas quatro meses no ano. Não obstante, fabrica laticínios da melhor qualidade.
Executivos de países ricos que se relacionam com seus pares de países pobres mostram que não há diferença intelectual significativa.
A raça ou a cor da pele, também não são importantes. Qual será então a diferença?
É a atitude das pessoas, moldada ao longo dos anos pela educação e pela cultura.
Ao analisarmos a conduta das pessoas nos países ricos e desenvolvidos, constatamos que a grande maioria segue os seguintes princípios de vida: a ética, como princípio básico. A integridade. A responsabilidade. O respeito às leis e regulamentos. O respeito pelo direito dos demais cidadãos. O amor ao trabalho. O esforço pela poupança e pelo investimento. O desejo de superação. A pontualidade.
Nos países pobres, apenas uma minoria segue esses princípios básicos em sua vida diária.
*   *   *
Está em nossas mãos tornar o nosso país um lugar melhor para viver.
Deus nos deu um clima tropical, belezas naturais em abundância, um solo rico e uma imensa criatividade.
Basta somente que acionemos os nossos esforços para colocar em prática a ética, a moral, a honestidade, o trabalho.
Por isso, comecemos cumprindo todos os nossos deveres, com pontualidade e zelo.
Trabalhemos com entusiasmo, vencendo as horas.
Conheçamos e respeitemos as leis, não as utilizando para usufruir vantagens pessoais.
Cuidemos do patrimônio público, conscientes de que o que mantém o município, o Estado e o país somos nós.
Quando se destroem ônibus, quando se picham monumentos públicos, quando se roubam livros nas bibliotecas públicas, lembremos que somos nós que pagamos a conta.
São os nossos impostos que mantêm a cidade limpa, as praças em condições de serem usufruídas pelos nossos filhos, as escolas e os hospitais funcionando.
Também não esqueçamos que os homens públicos, do vereador de nossa cidade ao Presidente da República estão a nosso serviço.
Contudo, e muito importante, lembremos que somos exatamente nós os que devemos ter olhos e ouvidos atentos à administração pública, cobrando resultados, mas colaborando, eficazmente. Porque ninguém consegue fazer nada sozinho.
Uma nação unida vence a fome, a guerra, as condições adversas.
Nós precisamos vencer o descaso e investir na educação individual, objetivando um cidadão consciente e atuante. E a educação inicia, em princípio, em nós mesmos.
É assim que o Brasil será melhor: quando nós quisermos!
 

Redação do Momento Espírita

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Pelos Frutos


Nem pelo tamanho.
Nem pela configuração.
Nem pelas ramagens.
Nem pela imponência da copa.
 
Nem pelos rebentos verdes.
Nem pelas pontas ressequidas.
Nem pelo aspecto brilhante.
Nem pela apresentação desagradável.
 
Nem pela antiguidade do tronco.
Nem pela fragilidade das folhas.
Nem pela casca rústica ou delicada.
Nem pelas flores perfumadas ou sem perfume.
 
Nem pelo aroma atraente.
Nem pelo odor repulsivo.
Árvore alguma será conhecida ou amada pelas aparências exteriores, mas sim pelos frutos, pela utilidade, pela produção.
*   *   *
Assim também nosso Espírito em plena jornada...
Ninguém que se consagre realmente à verdade dará testemunho de nós pelo que parecemos, pela superficialidade de nossa vida, pela epiderme de nossas atitudes ou expressões individuais percebidas ou apreciadas de passagem, mas sim pela substância de nossa colaboração no progresso comum, pela importância de nosso concurso no bem geral.
"Pelos frutos os conhecereis." — Disse o Mestre.
"Pelas nossas ações seremos conhecidos.” — Repetiremos nós.
*   *   *
Que frutos você tem produzido em seu viver?
O que significa produzir frutos?
Produzir um fruto significa criar alimento para outros, significa deixar um legado moral pelos caminhos, significa construir uma obra que o tempo não consome.
A dedicação de bons pais produz bons frutos sempre, senão agora, na presente existência, pois nem sempre os filhos sabem apreciá-los, mais tarde, quando colhidos e saboreados.
Chegará um dia em que os filhos recordarão dos frutos da educação, dos bons exemplos, das renúncias e do trabalho incansável ofertados em abundância pelos pais amados.
Dividir nosso conhecimento com os outros é também frutificar.
Por que reter conosco o que pode ajudar tanta gente? Competição? Desejo de se mostrar melhor?
Mas será que ainda não entendemos que só seremos melhores quando trouxermos os que estão em nosso entorno para junto de nós? O Mestre Jesus já nos ensinou essa prática de muitas formas diferentes.
Nossos exemplos de boa conduta dão bons frutos. As pessoas precisam de referências ricas para poderem construir seu comportamento maduro.
Num primeiro momento, a conduta reta incomoda os que ainda não a conseguem manter. Os que se mantêm firmes são motivo de chacota, recebem apelidos tolos, engraçados.
Porém, o fruto ali está, na ponta do galho, disponível para quem quiser saborear, no momento em que desejar. A referência fica, incomoda, e um dia dispara o desejo de mudar.
Por isso as árvores dos bons frutos precisam ter paciência, pois nem todos sabem apreciá-las ainda...
Uma das maiores alegrias da existência será a de, ao entardecer dos anos, podermos olhar para trás, e percebermos quantos bons frutos pudemos deixar.
Descobrir que não usamos a vida apenas para nos alimentar e para nossa simples subsistência, mas que fomos capazes de alimentar os outros aplicandonisso nossas energias.
Essa é a vida da boa árvore. A vida das ações.
Produzamos bons frutos. Deixemos um legado de amor no mundo.
 

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 4, do livro Fonte viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido
Xavier

domingo, 23 de novembro de 2014

A Exata Conjugação do Verbo Amar


Eles permaneceram casados por sessenta e dois anos. Um casamento complicado.
Ele era alcoolatra. Gostava de cantar e sempre tinha uma brincadeira, na ponta da língua, que divertia os amigos e conhecidos.
Era uma pessoa maravilhosa para todos, menos para a esposa. Batia nela, até a filha de oito anos começar a se impor e impedir as agressões.
Um dia, ele vendeu a casa onde moravam. Sumiu por uns tempos e, quando retornou, sem nenhum centavo, avisou que a casa deveria ser desocupada em vinte e quatro horas porque o novo proprietário viria tomar posse.
A esposa passou frio porque quase não tinha agasalho. Passou fome pois deixava de comer para que os filhos se alimentassem.
Sofreu traições porque ele, homem bonito, se permitia aventuras. Ameaçava-a de morte e dormia com um punhal embaixo do travesseiro.
Com tanto sofrimento, natural que, no transcorrer dos anos, o tempo a abraçasse com alguns problemas como insônia e depressão.
Os que a conheciam a amavam porque ela ria, brincava, semeando ao seu redor a alegria, que ela mesma não podia fruir.
Portadora de uma grande fé, espalhava o bem para as pessoas, fossem crianças ou adultos.
Perante os doentes, ela ia passando a mão, com delicadeza, na cabeça, nas mãos, enquanto orava com fervor.
Logo, eles afirmavam se sentir bem.
Certa feita, indo a uma consulta e narrando seu drama conjugal, a médica indagou:
Qual seu sentimento para com seu marido? A senhora o ama?
A filha, que a acompanhava, teve certeza de que ela responderia negativamente. A resposta que veio, depois de pensar uns segundos, foi surpreendente:
Como homem, não o amo. Como filho necessitado, sim!
A filha chegou às lágrimas ao reconhecer, uma vez mais, a grandeza daquela mulher.
Certo dia, aquele homem que gozara de tantos prazeres, teve um acidente vascular cerebral e foi hospitalizado. Os filhos se revezaram à sua cabeceira, no seu atendimento.
Mas a senhora também foi ao hospital. Ele estava entubado, incomunicável. Somente os aparelhos bipando, de forma regular, atestavam a sua estabilidade orgânica.
Ela chegou e tomou a mão dele entre as suas. E começou a falar.
Os aparelhos, de imediato, registraram a alteração dos batimentos cardíacos, que dispararam para mais de cem por minuto, a respiração acelerou.
Tudo isso dizia da consciência da presença dela ali. Ela falou das suas limitações como esposa, das suas dificuldades.
E lhe pediu perdão por tudo e de tudo. Depois, disse que ele poderia partir em paz porque ela o perdoava.
Interessante que ela não enumerou nenhuma das deficiências dele. Ao contrário, falou somente das próprias dificuldades.
Naturalmente não enalteceu virtudes que ele não possuía, mas de nada o acusou.
Depois, o convidou a orar com ela. Quando concluiu suas longas preces, deu-lhe um beijo na testa e desejou que ele ficasse com Deus.
Ela saiu. Poucas horas depois, ele partiu.
*   *   *
Pessoas assim existem muitas, neste imenso mundo de Deus. Anônimas.
Deixam lições inesquecíveis aos filhos, aos familiares, aos amigos, a quem goza a ventura de sua convivência.
Pessoas assim sabem, com certeza absoluta, a exata conjugação do verbo amar.
 

Redação do Momento Espírita

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Rastros


Os que estudam a fauna e nesse estudo se esmeram, sabem reconhecer, identificar os animais pelos rastros que deixam em sua passagem: as pegadas, os dejetos, as construções ou a destruição.
Os homens, igualmente, por onde passam, deixam suas marcas.
Há os que realizam, felizes, viagens turísticas e vão marcando o caminho com o que não mais necessitam ou de que se serviram: latas, papéis, cascas de frutas. Tudo jogado pela janela do carro ou deixado na areia, no campo ou na montanha.
Itens que vão assinalando a sua passagem. Parece que, quais os meninos que temiam não encontrar o caminho de volta para casa, necessitam deixar marcas precisas pelo caminho, a fim de poderem retornar, em outro momento.
Quem segue atrás de pessoas que assim se portam, logo reconhece que aquelas não primam pela educação e que não se importam com mais ninguém que consigo mesmas.
São pessoas que vivem no mundo como se somente elas existissem, que não atentam para o bem-estar alheio, com o dia seguinte, com o local em que vivem.
São essas mesmas que não se preocupam em colaborar com a coleta seletiva do lixo, que não economizam água mesmo em épocas de crise de abastecimento.
Para essas, o fato de pagar pelo consumo lhes dá o direito de usufruir sem limites, sem pensarem se o que desperdiçam, fará falta a outras comunidades.
São criaturas que não têm consciência de que a Terra é um único e grande lar de uma só Humanidade. Pessoas que não pensam no amanhã, que não se preocupam com a sustentabilidade do planeta, com o mundo do futuro.
Mas existe um outro tipo de marcas que, igualmente, deixamos no mundo.
São as marcas morais. Não são visíveis senão para os que têm olhos de ver, os que veem o seu entorno e com ele se importam.
Essas marcas são determinadas pelo comportamento, a conduta.
Cada um de nós, onde se situe, impregna, com suas vibrações, o local. Por isso mesmo, alguns somos muito benquistos, outros, nem tanto.
Alguns somos prestativos, simpáticos, de tal forma que nossa ausência é sentida, por mínima que seja. É percebida a falta do nosso sorriso, da nossa graça, do nosso bom humor. E nos recordam, rememorando procederes e ações que nos caracterizam.
Assim, se desejamos marcar nosso caminho com pegadas luminosas, comecemos hoje o exercício da gentileza.
Um sorriso, um por favor, obrigado, podem ser o início. E nos tornemos mais prestativos, solidários, amigos.
Francisco de Assis deixou impregnada de vibrações positivas a Porciúncula. Até hoje, quem a visite, se aquieta espontaneamente, sentindo bem-estar.
A nós cabe a decisão de registrar nossa passagem com as coisas positivas ou negativas.
*   *   *
Deixemos nossas marcas de bondade nas alheias vidas para que, mesmo após nossa partida da Terra, elas prossigam apontando caminhos de segurança, iluminando a estrada.
Um gesto de bondade poderá estimular a muitos.
Nossa palavra afetuosa poderá sustentar quem se encontra abraçado ao desânimo.
Nossa fortaleza moral poderá se constituir em apoio a quem está prestes a soçobrar.
Hoje, enquanto aqui estamos, marquemos de forma indelével nossa passagem.
Amanhã, os que percorrerem as mesmas veredas, encontrarão pontos luminosos de esperança, otimismo, bem-estar.
Pensemos nisso desde hoje, desde agora.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Qual é a sua causa?


Uma revista traz estampada em sua capa uma questão direta e provocante: Qual é a sua causa?
Logo abaixo da pergunta tema da matéria principal, um pequeno texto explicativo:
Todo mundo pode fazer a diferença. E nem precisa mudar o mundo. As maiores lutas estão no dia a dia.
No corpo do periódico, o texto da matéria começa declarando:
Doar sangue, cabelo, alegria ou tempo. Resgatar a autoestima, um animal, um sonho ou uma vida. Conheça histórias de pessoas que descobriram diferentes razões para viver e uma mesma felicidade – a de ajudar.
Logo em seguida, lemos diversos relatos de pessoas e suas causas nobres. Algumas muito singelas, mas todas extremamente importantes.
Uma mulher deixou o cabelo crescer e depois doou para pacientes em tratamento quimioterápico.
Um homem liderou o projeto de tombamento do bairro onde nasceu e cresceu.
Mulheres que, para defender a causa do parto humanizado tornaram-se doulas, ou seja, mulheres que dão suporte físico e emocional a parturientes.
Um adolescente acompanha a mãe numa atividade de contar histórias, brincar e conversar com crianças carentes, filhos de dependentes químicos.
E muitos outros vão surgindo, desenhando suas belas causas, produzindo como que uma pintura indescritível que só o bem é capaz de retratar.
Talvez possamos nos perguntar: Será que todos nós precisamos ter alguma causa? Não é suficiente apenas viver bem, amar, cuidar da família, respeitar o próximo?
Para um grande número de pessoas, possivelmente sim, mas não sentimos dentro de nós uma vontade de fazer algo mais? Um vazio que, por vezes, nos desanima e não sabemos o que é?
Se já somos suficientemente esclarecidos, se já conhecemos a mensagem do Cristo, se já entendemos os propósitos da vida, da encarnação, do planeta, será que não podemos fazer algo mais do que vimos fazendo?
Não precisa ser nada grandioso, como afirma o próprio texto da reportagem. Pode ser algo em nossa comunidade, algo que faça de nós um agente de união, de civilidade, de bom senso.
O mundo precisa de líderes bons, que façam mais do que falem.
Estamos cansados dos que falam, prometem, têm bela oratória e não honram seus dizeres.
Queremos o silêncio das boas ações.
Assim, trazemos este suave convite: abracemos uma causa qualquer. Aquela com a qual mais nos identifiquemos.
Entreguemo-nos a algo sem interesse próprio, doando nosso tempo, nossa energia, e descubramos o quanto isso pode fazer bem aos outros e a nós mesmos.
O gesto de levantarmos uma bandeira para defendermos uma causa em que acreditamos, verdadeiramente, nos enche de vitalidade, o coração bate diferente e nos inunda com saúde.
Defender uma causa é dizer não à indiferença que teima em querer nos tornar zumbis da modernidade, repletos de informação, repletos de conhecimento, mas pobres no sentir.
Importemo-nos com algo. Importemo-nos com nosso próximo. Importemo-nos.
Qual é a sua causa?
 
Redação do Momento Espírita

domingo, 16 de novembro de 2014

Um Bom Sentimento no Coração


Dois meninos caminhavam ao longo de uma estrada, que se estendia através de um campo.
À beira do caminho viram um casaco velho e um par de sapatos surrados.
Ao longe vislumbraram o dono que trabalhava naquele campo.
O rapaz mais novo sugeriu que eles escondessem os sapatos, se escondessem eles mesmos, e ficassem ali observando a expressão de surpresa do dono, quando retornasse.
O menino mais velho achou que isso não seria tão bom.
Ele disse que, pelo aspecto da roupa e dos sapatos, o dono deveria ser um homem muito pobre.
Então, depois de falarem sobre o assunto, por sua sugestão, concluíram que tentariam outra experiência: ao invés de esconder os sapatos, iriam colocar uma moeda de prata em cada um, e observar o que o dono faria quando descobrisse o dinheiro.
E foi o que fizeram.
Logo, o homem regressou do local onde trabalhava, colocou seu casaco, calçou um pé em um sapato, sentiu algo duro, levou-o para fora e encontrou um dólar de prata.
Maravilha e surpresa brilharam em seu rosto.
Ele olhou para a moeda uma vez e outra vez, virou-se e não conseguiu ver ninguém ali por perto.
Em seguida, calçou o outro sapato.
Para seu grande espanto, encontrou outra moeda de prata.
Ele começou a chorar, ali, sentado sobre o campo.
Em seguida ajoelhou-se, e ofereceu em voz alta uma oração de agradecimento, na qual falou de sua esposa que estava doente e sem esperança, e sobre seus filhos, indefesos, sem comida.
Fervorosamente, agradeceu a Deus por essa graça, vinda de mãos desconhecidas, e evocou as bênçãos dos céus sobre aqueles que lhe deram a ajuda de que precisava.
Os meninos permaneceram escondidos até ele ir embora. Haviam presenciado toda a cena.
Eles tinham sido tocados por sua oração, e sentiram um calor dentro de seus corações.
Enquanto saíam a pé pela estrada, disse um ao outro: Então, realmente, você não tem um bom sentimento no coração?
*   *   *
Haverá dia em que todos nós, sem exceção, entenderemos porque há apenas um caminho, o caminho do bem.
Haverá dia em que apenas esse tipo de felicidade interior irá nos saciar, em que não mais buscaremos preencher os vazios da alma de outras formas.
Haverá dia em que compreenderemos Jesus e Sua mensagem maior, resumida no amor, simplesmente no amor: a Deus, ao próximo e a nós mesmos.
Enquanto esse dia não chega cabe-nos realizar as pequenas conquistas, dar os primeiros passos, viver as primeiras felicidades autênticas possíveis na Terra.
Percebamos em nosso coração o sentimento que predomina quando podemos ser úteis a alguém, quando, de alguma forma, significamos algo na vida de outra pessoa.
Analisemos esse sentimento, tentemos compreender de onde ele vem, tentemos compreender de onde vem a alegria de ouvir um Você é muito importante para mim.
O amor já está na Terra há muito tempo. Não é segredo para ninguém. Não é propriedade dos sábios, dos doutos. Ele está aí, esperando por mim, esperando por você, esperando por nós.


Redação do Momento Espírita

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O Mundo Perfeito


Se as crianças pudessem reinventar o mundo, podemos imaginar como seria?
Certa feita, ouvimos uma garota de sete anos, falar a respeito.
Segundo ela, deveria haver um tobogã para descer do apartamento para a lan house. Facilitaria.
E, na lan house, bastaria falar os sites e eles apareceriam, automaticamente. Preguiça de digitar?
Não, é que algumas pessoas não sabem escrever direito e assim todos poderiam acessá-los para navegar.
Bem se vê que ela estava preocupada com quem demonstrava algumas dificuldades.
Na rua, haveria malabaristas e bailarinas. E grandes borboletas, que poderiam ser montadas pelas crianças. Mas teriam que ser borboletas de cara bonita.
Assim, todos teriam acesso a brincadeiras e seriam felizes.
Nas praças, haveria música de todo tipo. Isso possibilitaria que cada qual ouvisse a que mais gostasse.
Os fios de luz não dariam choque e, toda vez que se encostasse neles, se poderia formular um desejo.
Com isso, ficaria eliminado o perigo que atravessam algumas crianças, por ignorância ou descuido de quem as deveria proteger.
E, conforme a sua lógica, se nunca é tarde para se começar a fazer coisas boas, então nunca é tarde para dormir.
Isso, naturalmente, dito em causa própria, nessa vontade de ficar até mais tarde nas brincadeiras, ou em frente à televisão.
Sim, se as crianças pudessem, alterariam muitas coisas no mundo.
Acabariam as guerras, porque criança se desentende com o amigo agora, briga, diz que nunca mais falará com ele para, logo depois, buscá-lo e tornar a brincar.
É a lição da boa vizinhança, do perdão, da diplomacia.
Acabariam as disputas por terras e pedaços de terra. Afinal, não seria legal poder brincar em todas as praças do mundo, visitar todos os parques do mundo, nadar em todos os rios?
Tudo seria compartilhado, dividido, usufruído em conjunto.
As barreiras linguísticas seriam superadas, de forma rápida, porque nada mais fácil para uma criança do que se entender com a outra, quando deseja brincar. E, de igual forma, uma aprende com a outra o idioma.
Haveria menos preocupações com festas dispendiosas e mais simplicidade porque o importante numa festa é reunir os amigos, brincar até cansar.
Depois, se sobrar tempo, pode-se comer cachorro-quente, pizza, sanduíche, bolo de chocolate ou pão com manteiga.
O importante são as brincadeiras, é o desfrutar da companhia dos amigos por horas. E não perder um minuto sequer de nenhuma delas.
O sono seria profundo, fruto do cansaço prazeroso.
E não haveria tanta preocupação com roupas, porque o que as crianças desejam é estar confortáveis para correr, pular, subir em árvores, chutar bola, jogar-se na piscina.
Não importa se a roupa é de grife ou comprada no mercado próximo, ficará suja logo, logo, com tanta poeira e suor.
*   *   *
Seria bom que, por vezes, olhássemos com mais atenção para as crianças, que as ouvíssemos, que lhes seguíssemos alguns exemplos.
A vida, com certeza, se tornaria menos complicada.
E talvez aprendêssemos a ser mais descontraídos, menos sisudos, a dedicar menos horas ao trabalho e um pouco mais ao prazer de estar com a família, com os amigos.
Pensemos nisso.
 

Redação do Momento Espírita, com algumas frases escritas
por Marina Costa Macedo, aos sete anos de idade.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Esses Outros Terrorismos


Nos dias atuais as palavras terrorismo e terrorista ganharam espaço nas mídias do mundo inteiro.
Mas, afinal de contas, o que significam realmente esses termos?
Pois bem: terrorismo, segundo os dicionários, é um “ato de violência contra um indivíduo ou uma comunidade”.
E terrorista é aquele que infunde terror. Que espalha boatos assustadores ou prediz acontecimentos amargos.
Assim sendo, será que o terrorismo está distante de nós, ou, se bem analisado, poderíamos dizer que faz parte do nosso dia-a-dia mais do que imaginamos?
Será que poderíamos dizer que muitos de nós, de uma forma ou de outra, espalhamos o terror?
Terror quer dizer grave perturbação trazida por perigo imediato, real ou não; medo, pavor. Ameaça.
Dessa forma, quando analisamos nossas atitudes diárias vamos encontrar, em muitas ocasiões, verdadeiros atos terroristas.
Quando, por exemplo, um pai diz a uma filha: “se casar com aquele rapaz, mando-a embora de casa!”, esse pai está fazendo uma ameaça que infunde pavor e, portanto, está fazendo terrorismo.
Quando um esposo ou namorado impõe a sua companheira grávida: “ou você faz o aborto ou abandono você!”, está praticando terrorismo e induzindo ao homicídio de um ser indefeso.
Quando uma mãe diz ao filho pequeno que se ele não obedecer irá embora de casa e o deixará à própria sorte, está cometendo um ato terrorista dos mais sérios, impondo medo e pavor a uma criança que confia em seus pais.
Filhos que sabem da preocupação dos genitores e os aterrorizam com ameaças de suicídio ou de fugas que nunca se efetivam, mas infelicitam e apavoram, são terroristas domésticos agindo soltos.
Imposições e ameaças de chefes, baseadas em carências de funcionários que dependem do emprego para sobreviver, são atos terroristas que infelicitam e matam a esperança.
Religiosos que ameaçam seus fiéis com castigos e penas eternas, inventando um Deus temível e vingativo, espalhando pânico e terror nos corações incautos, são terroristas da fé, que agem livremente.
Por tudo isso vale a pena meditar sobre esses outros terrorismos que passam despercebidos a muitos olhares.
São tantos os terrores domésticos que infelicitam os seres, portas adentro dos lares, onde deveriam reinar o amor e a fraternidade.
Assim sendo, não imaginemos que o terrorismo está no seio deste ou daquele povo, desta ou daquela raça, pois ele está na alma humana, independente de nacionalidade ou religião.
Não imaginemos que o terrorismo está presente nos povos menos civilizados. Ele se encontra em cada coração capaz de promover o terror, seja em que nível for.
O preconceito de toda ordem, também é uma forma de terror, e vamos encontra-lo em todas as esferas sociais.
Nestes dias, em que os olhares do mundo inteiro se voltam contra o terrorismo, vale meditar sobre nossos terrorismos particulares que tantas desgraças têm promovido.
E vale também lembrar que as grandes guerras e os grandes atentados terroristas são alimentados por guerras e terrorismos menores aos quais não damos importância.
Pensemos nisso e comecemos, de vez por todas, uma ação efetiva pela paz.
Iniciemos por baixar as armas internas da agressividade, da calúnia, da indiferença, da infidelidade, da violência, enfim.
Optemos por construir um mundo de paz, pacificando os nossos lares, nosso ambiente de trabalho, nossa própria alma.
Agindo dessa maneira, podemos ter a certeza de que teremos um mundo em paz, mesmo que seja apenas o nosso próprio mundo, que, em última análise, seria o início de tudo.  



Redação do Momento Espírita. 
Texto inspirado em palestra proferida por
 Raul Teixeira no dia 12/10/01. 

domingo, 9 de novembro de 2014

É Preciso Ouvir...




O turista viajava pelo Oriente e, atraído pelo que ouvira falar a respeito de renomado guru, resolveu visitá-lo.

Sabedor que todos o tinham em extraordinário conceito pelos conselhos que dava a quem o buscava, pensou em lhe pedir orientação para sua vida, que estava um autêntico caos.

Foi introduzido em uma saleta, junto a outros que, igualmente, seriam atendidos. A casa era simples e pequena. O guru procedia à cerimônia do chá, com que desejava brindar os visitantes.

O turista, afoito e impaciente, começou a falar sem interrupção. Falava dos seus problemas, das suas dificuldades, acompanhando todos os passos do dono da casa, conforme ele se movia de um lado para o outro.

Segurou a chávena que lhe foi entregue, sem muita atenção.

Contudo, quando o guru nela despejou um pouco de chá, estando virada para baixo, inverteu o sentido das suas palavras para protestar:

O senhor viu o que fez? A chávena estava ao contrário e o chá derramou...

Calmamente, respondeu o guru:

Exatamente como a sua mente! Você está tão preocupado em falar, que não escuta nada do que se lhe diga.

É como despejar um bule cheio de chá na chávena virada para baixo.

Mude a sua conduta. Pense antes de falar. Fale pouco, analisando o que diz. Quando agir assim, a sua vida vai melhorar.

E concluiu: Pode se retirar. A consulta acabou.

*   *   *

Quantos de nós nos assemelhamos a esse turista. Dizemos que desejamos respostas às nossas indagações. Entretanto, não paramos de fazer perguntas, não permitindo ao interlocutor possa nos responder.

E, se ele tenta falar, o nosso gesto logo diz que ele deve esperar um pouco, porque não concluímos nossa narrativa.

Isso quando não começamos a dar as respostas, conforme acreditemos devam ser.

Como se lê no capítulo três, do livro bíblico Eclesiastes: Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.

Portanto, devemos concluir que, no relacionamento pessoal, há um tempo para falar e outro tempo deve ser dedicado a escutar.

Grandes problemas se resolveriam em minutos se tivéssemos a calma para ouvir o que o outro tem a dizer.

Desentendimentos sequer viriam a existir, se nos permitíssemos ouvir as pessoas.

Aprenderíamos mais se nos dispuséssemos a ouvir quem deseja nos ensinar.

E ouvir não quer dizer simplesmente, escutar. É ouvir com atenção, é buscar entender o que o outro expressou e, se não entendeu, humildemente, pedir:

Pode repetir, por favor? O que você quer dizer, exatamente?

E se dispor a ouvir um tanto mais.

Se observarmos nosso organismo, veremos que Deus nos dotou de um par de ouvidos e uma só boca. Sabiamente, já prescrevia que mais se deve ouvir, e menos falar.

Ouvir os conselhos dos mais maduros, dos que já vivenciaram certas experiências e podem nos auxiliar a não cair nos mesmos erros.

Ouvir o que tem a dizer os nossos filhos: suas queixas, seus problemas, suas dificuldades com os amigos, os professores, no trabalho, no namoro.

Aquele que tem ouvidos para ouvir, que ouça! Foi o registro do Evangelista Mateus, como advertência do sábio Mestre da Galileia.

Disponhamo-nos a ouvir: a voz do outro, a sinfonia do mundo, o próprio silêncio.

Ouçamos.


Redação do Momento Espírita

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Os Valores da Compaixão



Você já se sentiu tocado, sensibilizado pelos problemas que alguém está sofrendo?

Já agiu tentando diminuir o sofrimento de uma pessoa, pelo simples fato de compreender o seu estado emocional, as suas dificuldades?

O sentimento que nos leva agir assim chama-se compaixão.

Nasce na intimidade da alma, acalenta o coração e confere docilidade a nossas emoções.

São aqueles momentos em que nos focamos unicamente em aliviar a dor e o sofrimento de alguém, sem nenhuma outra intenção ou propósito.

Nossa compaixão se manifesta quando buscamos ativamente algo empreender para que o próximo possa ter amenizadas suas dificuldades, para que o peso em seus ombros se torne mais leve.

Tomados de compaixão, nos preocupamos apenas em aliviar as dores alheias.

A compaixão é o sentimento que extrapola os laços familiares, que nos permite olhar a Humanidade pela lente da fraternidade, sem reserva ou discriminação.

Apiedar-se de alguém é sensibilizar-se por ele. Mas é pela compaixão que o sentimento ganha força e irrompe do coração, solidarizando-se com as alheias problemáticas.

A compaixão surge a qualquer momento, em situação de dor que nos chama a atenção, necessitando expressar-se em solidariedade e entendimento, acima de qualquer paixão.

O exercício da compaixão, essa empatia emocional perante o próximo, abre clareiras em nosso coração, permitindo que sentimentos mais nobres se manifestem.

Por esse motivo é que pesquisas recentes mostram que o exercício da compaixão diminui os níveis do hormônio do estresse na saliva e no sangue.

Estudiosos perceberam, ainda, que sociedades com maior nível de compaixão e solidariedade são aquelas com maior nível de felicidade em sua população.

Na parábola do bom samaritano, proposta por Jesus, quando esse percebe o homem caído à beira do caminho, toma-se de verdadeira compaixão.

Não se trata apenas de piedade, pois que o samaritano age para ajudar verdadeiramente, demonstrando a sua preocupação e o interesse pelo bem-estar da vítima dos ladrões.

Isso o motiva a sair do seu trajeto, atender num primeiro momento, com os recursos de que dispõe. Depois, parte em busca de meios para o tratamento adequado, financia os recursos necessários para restabelecer a saúde do desconhecido.

Não há notícias na narrativa de que o samaritano tenha, sequer, indagado do seu atendido, qual o seu nome, sua procedência, de onde viera, o que fazia na estrada, se sabia quem o agredira e espoliara de todos os pertences.

Assim age a compaixão. O coração desconhece qualquer outro conceito a não ser o da fraternidade.

Na compaixão agimos como se fosse para nós mesmos ou para alguém de nossa intimidade, porque o coração nos ordena.

*   *   *

Quando percebermos a necessidade do próximo, entendendo que dispomos de recursos para auxiliar, construamos pontes de compaixão.

Permitamos nos contaminar por esse impulso amoroso.

Como no adágio popular, que nos lembra que são as mãos que distribuem flores as que ficam perfumadas, perfumemos nosso coração tomado de compaixão.

Dessa forma, permaneceremos perfumados pela essência do amor.
E isso a nós mesmos fará muito felizes. É a alegria de se fazer o bem, de dar vazão aos nossos melhores sentimentos.


Redação do Momento Espírita