quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Lápis, Vida, Verso e Prosa




O menino acordou cedo. Estava feliz. Eram suas férias escolares e, por isso, ele estava passando uma temporada com sua avó.
Ouviu um ruído que vinha da sala. Em disparada, dirigiu-se para lá, confiante de que encontraria a avó.

Ela estava sentada à mesa. Uma música leve e reconfortante ao fundo, uma xícara de café esfumaçante à sua frente e, em suas mãos, lápis e papel. Atenta, escrevia.

Vovó, você está escrevendo uma história que aconteceu conosco? É uma história sobre mim? Questionou o curioso menino.

Estou escrevendo sobre você, é verdade. Respondeu, sorrindo, a avó. 

Entretanto, mais importante do que as palavras, é o lápis que estou utilizando.

O lápis, vovó? Mas por quê?

Porque eu gostaria que você fosse como ele quando crescesse.

O menino olhou demoradamente para o lápis, como que buscando uma característica especial que o diferenciasse dos outros tantos que ele já havia visto.

Mas ele é igual a todos os lápis que já vi em minha vida!

Tudo depende do modo como você olha para as coisas, respondeu a avó, tomando-o ao colo. Há cinco qualidades nele que, se você conseguir perceber, imitar e manter ao longo de sua vida, será sempre uma pessoa feliz e em paz.

Quais são essas qualidades, vovó?

Assim como o lápis, você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer jamais que há sempre uma mão a lhe guiar os passos. Essa mão é Deus. É Ele quem nos conduz e guia, do esboço à arte final.

De vez em quando, o lápis precisa ser apontado. Isso faz com que ele sofra um pouco mas, ao final, está muito melhor do que antes. Assim, nós também precisamos saber suportar a dor, pois é ela quem nos molda e nos torna mais sábios.

O lápis permite que usemos uma borracha para apagar aquilo que escrevemos errado. De igual forma devemos agir, humildemente, permitindo que nossos erros sejam corrigidos, a fim de nos mantermos retos no caminho da justiça.

A sábia senhora fez uma ligeira pausa para tomar um gole de café, quando o neto indagou: E quais são as duas últimas qualidades, vovó?

Deslizando seus dedos pelos cabelos do neto, a avó prosseguiu: O que realmente importa no lápis não é a madeira ou sua forma exterior, mas sim o grafite, que deve ser preciso. Isso nos diz que devemos valorizar nossa essência.

Finalmente, meu filho, o lápis sempre deixa uma marca. Da mesma forma, tudo o que fazemos na vida deixa traços. Portanto, devemos tomar consciência de cada escolha que fazemos em nossa jornada, pois, sem dúvidas, ela trará consequências e deixará marcas.

E, entregando o lápis nas mãos do neto, a avó concluiu: Seja como um lápis, meu filho, e você escreverá uma história de vida próspera e feliz.

*   *   *

Guiados pelas mãos Divinas, estamos constantemente a escrever nas páginas do livro da vida: família, fé, trabalho, caridade, humildade, paciência, resignação, amor... São palavras que não podem faltar em nossos versos e prosas.

A cada nova frase, mais nos autoconhecemos. Nas palavras do poeta Fernando Pessoa: Quando escrevo, visito-me solenemente.

Pensemos nisso!

Redação do Momento Espírita

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Sabedoria de Jesus




Era a noite de quinta-feira. Logo mais, Jesus seria preso, julgado às pressas, supliciado e condenado à morte. O que faz Ele, nessas catorze - dezoito horas antes de morrer? Ele se reúne com os Apóstolos e ceia 
com eles.

Com certeza, terá feito inúmeras refeições com eles, ao longo dos Seus três anos de messianato.

No entanto, essa é diferente. Ele sabe que vai morrer. É extraordinário observar o comportamento dEle. Ninguém conseguiria manter seu apetite intacto sabendo que dentro de algumas horas iria sofrer intensamente e morrer.

Possivelmente, o comum dos homens entraria em choro e desespero. Quando se está na proximidade de sofrer um grande trauma, o tempo não passa, cada minuto é uma eternidade.

Todavia, Jesus Se reuniu com Seus discípulos para tomar a Sua última refeição. O chão ruía aos Seus pés, mas Ele permanecia inabalável.
Comeu o pão, o cordeiro pascal. Seus inimigos O conduziriam por longas sessões de torturas, mas a impressão que se tem é que Ele não tinha inimigos.

De fato, para Ele não havia inimigos. Ele só sabia fazer amigos, não Se deixava perturbar pelas provocações que Lhe faziam. Não Se deixava abater pelas ofensas e agressividades que O rodeavam.

Era seguro e livre no território da emoção. O mundo à Sua volta podia conspirar contra Ele. Ainda assim, Ele transitava como se nada estivesse acontecendo.

Por isso, Se alimentou na noite anterior à Sua morte, não Se deixando abater antes da hora.

O Carpinteiro de Nazaré teria motivos para ficar abatido. Seu corpo seria sulcado com açoites e pregado num madeiro. Todavia, Sua emoção se embriaga de uma serenidade arrebatadora.

Não Se deixa perturbar e discursa sobre Sua missão e sobre o modo como seria cortado da Terra dos viventes.

Ele fala de forma espontânea sobre a morte. Estava absolutamente certo de que a venceria. Para Ele, a morte não significava o nada, a perda irrecuperável da consciência, mas abriria as portas da eternidade.

E assim, mais do que comer e realizar Seu longo discurso de despedida, consolando os amigos por Sua ausência física, Ele canta com eles.

A canção era alegre, e conhecida de todos. Um hino, diz o Evangelista 
Mateus.

O Mestre de Nazaré era um excelente gerente da Sua inteligência. Ele administrava com extrema habilidade Seus pensamentos e emoções.

Não sofria por antecipação, embora tivesse todos os motivos para pensar no drama que, em algumas horas, se iniciaria no Jardim das Oliveiras.

Jesus era tranquilo e sereno. Sua emoção era tão rica que Ele teve a coragem de dizer que Ele mesmo era uma fonte de prazer, de água viva, para matar a sede da alma.

A sabedoria e a poesia habitavam intensamente na alma de Jesus e com elas inaugurou uma nova forma de viver e de se relacionar.

*   *   *

Jesus é apontado pelos Mensageiros Celestes, na obra O Livro dos Espíritos, como nosso Modelo e Guia.

Do nascimento à morte Ele passou pelas mais amargas situações de sofrimentos. Entretanto, irradiava alegria e tranquilidade.

Sem violência, causou a maior revolução da História. As sementes que plantou germinaram na mente, no coração e no espírito dos homens e incendiaram o mundo.

A Sua é a mensagem da esperança que, ao observar a queda da última folha do inverno, consegue visualizar as flores da primavera.


Redação do Momento Espírita

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Assemelhar-se às Crianças




Apresentaram a Jesus então umas criancinhas, a fim de que ele as tocasse. E como seus discípulos repelissem com palavras rudes aqueles que as apresentavam, Jesus vendo isso repreendeu-os e lhes disse:

“Deixai vir a mim as criancinhas, não as impeçais; poiso reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham.

Eu vos digo, em verdade, que todo aquele que não receber o reino de 

Deus como uma criança, nele não entrará.”

E tendo-as abraçado, abençoou-as impondo-lhes as mãos.

*   *  *

A passagem narrada por Marcos no seu Evangelho é de profunda beleza, e apresenta um dos pontos altos da lição do Cristo.

Por que Jesus promete o reino dos céus para aqueles que se assemelharem a criancinhas?

Não identificava Ele, ali, naqueles corpos infantis, Espíritos reencarnados, voltando ao palco terrestre com seus desafios, suas mazelas, suas lutas, assim como qualquer outro ser?

Obviamente que sim. Então, o que Jesus quis dizer com isso?

O Mestre educador falava do ser criança em si, do período da infância, dessa época em que todos somos cândidos, humildes e moldáveis.

Ele falava da pureza dos pequenos, que ainda não tiveram tempo de se submeter aos vícios, que ainda não aprenderam a malícia nem a complexidade exagerada do comportamento adulto.

Simplicidade. A vida da criança é simples, e Jesus estava ali exaltando a simplicidade na vida como mola propulsora para nos lançar a esse estado íntimo de felicidade, de reino dos céus no coração.

A criança se contenta com tão pouco... Valoriza as pequenas coisas, não tem vaidades, não é dissimulada e nem preconceituosa.

Assemelhar-se às crianças é também enxergar o mundo com alegria, com deslumbramento, sem ressalvas, sem mágoas...

É ser mais leve. Sim, as crianças pesam muito menos do que os adultos.

É ser mais leve nas atitudes, nas preocupações, no apego excessivo às coisas.

A ideia de criança de Jesus é o oposto da ideia de velho, não no sentido de idoso, mas daquele que não modifica suas opiniões, que não altera seu comportamento, que não cede por nada neste mundo.

Velho é quem se deixou amargar pelo caminho. Criança é quem respira alegria e dá novas chances a si mesmo e aos outros todos os dias.

*   *   *

Minha vista cansada... Meu cenho triste...

Colhi pela calçada, raio de sol que persiste

Saudade da criança que um dia fui,

Vontade, ânsia, de um rio que não mais flui.

Haverá como retornar?

É possível ser menino e voltar a despertar?

Abro a porta do futuro e encontro o rosto lindo de meu filho.

Deus o fez parecer comigo para que nunca esquecesse de meu menino eterno.

Quero ser menino contigo, meu filho! Menino que quer aprender, que quer escutar, que quer se deslumbrar todos os dias.

Quero ser menino contigo e viajar pela Terra mais uma vez, como se fosse a primeira, pois as crianças sempre assistem o que gostam diversas vezes, com a alegria e a emoção da primeira vez.


Redação do Momento Espírita

domingo, 19 de outubro de 2014

Sonhar



Ele era um jovem que morava no Centro-Oeste dos Estados Unidos. Por ser filho de um domador de cavalos, tinha uma vida quase nômade, mas desejava estudar. Perseguia o ideal da cultura.

Dormia nas estrebarias, trabalhava os animais fogosos e, nos intervalos, à noite, procurava a escola para iluminar a sua inteligência.

Em uma dessas escolas, certa vez, o professor pediu à classe que cada aluno relatasse o seu sonho. O que desejariam para suas vidas.

O jovem, tomado de entusiasmo, escreveu sete páginas.

Desejava, no futuro, possuir uma área de oitenta hectares e morar numa enorme casa de quatrocentos metros quadrados. Desejava ter uma família muito bem constituída. Tão entusiasmado estava, que não somente descreveu, mas desenhou como ele sonhava a casa, as cocheiras, os currais, o pomar. Tudo nos mínimos detalhes.

Quando entregou o seu trabalho, ficou esperando, ansioso, as palavras de elogio do seu mestre.

Contudo, três dias depois, o trabalho lhe foi devolvido com uma nota sofrível.

Depois da aula, o professor o procurou e falou: O seu é um sonho absurdo. Imagine, você é filho de um domador de cavalos. Você será um simples domador de cavalos. Escreva uma outra realidade e eu lhe darei uma nota melhor.

O jovem foi para casa muito triste e contou ao pai o que havia acontecido. Depois de ouvi-lo, com calma, o pai lhe afirmou:

O sonho é seu. Você faça o que quiser. Essa decisão é sua. Persistir neste sonho ou procurar outro.

O jovem meditou e, no dia seguinte, entregou a mesma página ao professor. Disse-lhe que ficaria com a nota ruim mas não abandonaria o seu sonho.


*   *   *

Esta história foi contada pelo dono de um rancho de oitenta hectares, próximo de um colégio famoso dos Estados Unidos.

O local é emprestado para crianças pobres passarem os fins de semana.

Depois de terminar a história, o dono do rancho se apresentou como o jovem que teve a nota ruim, mas não desistiu do seu sonho.

E o mais incrível é que aquele professor, trinta anos depois, tem visitado, com os seus alunos, aquela área especial.

Naturalmente, ele identificou no proprietário o antigo aluno e confessou: Fico feliz que o seu sonho tenha escapado da minha inveja. 

Naquela época eu era um atormentado. Tinha inveja das pessoas sonhadoras. Destruí muitas vidas. Roubei o sonho de muitos jovens idealistas. Graças a Deus, não consegui destruir o seu sonho, que faz bem a tantas pessoas.

*   *   *

Sonhar é da natureza humana. Tudo o que existe no mundo, um dia foi elaborado, pensado e meditado por alguém, antes de ser concretizado em cimento, mármore, madeira ou papel.

Martin Luther King Jr. teve um sonho de paz entre negros e brancos. Pelo seu sonho, deu a vida.

Mahatma Gandhi teve um sonho de não violência. Deu a vida por seu sonho.

Se você tem capacidade de sonhar o bem, persista na ideia e a concretize. Podem ser necessários anos para que se realize um sonho, mas, o que são alguns anos diante da eternidade que aguarda o Espírito imortal?


Redação do Momento Espírita

sábado, 18 de outubro de 2014

Anúncios de Primavera





Quando florescem os ipês em minha cidade, sei que a geada não tornará a se manifestar nesta estação invernosa.

Os ipês floridos, derramando seu amarelo na grama verde, em fantasias nacionais, são anúncios da primavera, que se prepara para reinar, por noventa dias.

São como batedores que vêm à frente, verificando as veredas e embelezando as estradas, as ruas, as avenidas e as praças.

Recordamos que, há cerca de dois mil anos, um homem se ergueu na 
Palestina, andando pelos caminhos, alertando as populações.

Semelhante aos ipês, Ele anunciava a nova estação que estava prestes a encher de flores de esperança o mundo. O Seu era o anúncio da primavera da renovação.

Preparai os caminhos do Senhor...

Depois de mim, virá aquele do qual não sou digno de desatar as sandálias.

Eu sou a voz que clama no deserto... no deserto dos corações humanos.

E o Batista trazia as sementes fartas de profecias anunciadas há séculos.

O rei se encontrava entre os homens. E escolheu o palco da natureza para entoar sua canção de amor. Compôs poemas e somente os corações de boa vontade registraram seus versos, na intimidade do próprio ser.

Mas os versos ficaram ecoando, levados pelos ventos, repetidos pelas montanhas, acolhidos entre as paredes generosas dos que aderiam ao convite. Convite do amor. Convite para amar.

Era o auge da primavera. O Governador planetário viera para estar com os Seus.

Estou entre vós como quem serve. Eu sou o bom pastor.

Nenhuma das ovelhas que o pai me confiou se perderá. O pastor dá a sua pela vida das suas ovelhas.

Crede em Deus. Crede também em mim.

Versos recitados na montanha, no vale, nas estradas. E dedilhados no alaúde do lago de Genesaré.

Primavera celestial. Jamais igualada.

*   *   *

Nos dias que vivemos, novos anúncios se fazem. A era da regeneração se aproxima e a pouco e pouco se instala.

Os arautos se multiplicam. A genialidade retorna ao palco do mundo e as crianças declamam, versejam, compõem sinfonias e executam peças magistrais, em evocações da sublimidade celeste.

Gênios avançam estudos nas ciências, sonhando com viagens interplanetárias, em mensagem de vera fraternidade.

E outros se debruçam sobre lâminas, livros, em laboratórios, academias, institutos, em investigações que objetivam a cura de males que afligem seus irmãos, o diminuir das dores.

Outros mais empreendem campanhas em prol dos que nada ou quase nada têm. As suas preocupações não são os folguedos da infância, mas sim o bem-estar de outras tantas crianças, amigos próximos ou desconhecidos distantes.

Primícias de primavera. Primavera nos corações. Primavera de um mundo novo, regenerado. Um mundo em que o homem abandonará as armas que aniquilam e abraçará a lira, a ciência, a arte, o amor.

Um mundo que já se faz presente. Como os ipês que bordam arabescos pelo chão, que enchem os olhos e afirmam: A primavera se aproxima!

Pensemos nisso e deixemo-nos penetrar pelo hálito primaveril do mundo novo.

Redação do Momento Espírita

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Cem Anos e Mil Vestidos




A senhora Lillian Weber tem uma missão e nem pensa em parar seu trabalho voluntário.

Todos os dias ela faz um vestido para uma criança, que ela nunca vai conhecer.

Eles são recolhidos e enviados para meninas da África, por um grupo cristão chamado Pequenos vestidos para a África.

Nos últimos dois anos ela fez mais de oitocentos e quarenta vestidos, e planeja fazer mais de cento e cinquenta até dia seis de maio de 2015.

Nesse dia, Lillian vai completar cem anos de idade e será seu milésimo vestido.

É apenas uma daquelas coisas que você aprende como fazer e desfrutar, diz ela.

Lillian costura na Fazenda onde mora, em Scott County, Minnesota, Estados Unidos.

Apesar de todos os vestidos obedecerem a um padrão, cada um recebe um detalhe diferente, uma costura extra, para dar a cada criança um pouco de orgulho adicional.

Ela os personaliza, diz a filha de Lillian, Linda Purcell. Ela tem que colocar algo na frente, para torná-lo especial, para dar o seu toque.

O que começou como um hobby tornou-se um trabalho diário de amor.
Lillian diz que começa a trabalhar em um vestido de manhã, faz uma pausa no horário do meio-dia, e coloca os toques finais no período da tarde.

Estou muito, muito orgulhosa da minha mãe. – Comenta Linda.

Família e amigos vão continuar a ter orgulho de Lillian, depois de seu vestido de número mil. Afinal, mil é apenas um número.

Quando eu chegar a mil, se eu ainda for capaz, não vou desistir. Vou fazer novamente, porque não há nenhuma razão para não fazer nada.

Quando Lillian terminar seus vestidos, suas filhas vão entregá-los a
Pequenos vestidos para a África, Organização Beneficente Cristã fundada em 2008, em Michigan.

A Entidade já entregou cerca dedois milhões e meio de vestidos para orfanatos, igrejas e escolas no continente africano.

Lillian acaba de ser indicada para o prêmio Pay it forward, que incentiva as pessoas a fazerem boas ações e passarem adiante, para que outros sigam o exemplo.

Como alguém pode afirmar que a velhice é tempo de inutilidade, perante histórias como esta?

Há tantas maneiras de servir!

O que fizemos, sobretudo na sociedade capitalista, foi sempre atrelar a utilidade à capacidade econômica, isto é, a pessoa não ser mais economicamente ativa - como se diz.

Mas é tão limitado este pensamento! É tão absurdo pensar que só podemos ser úteis à sociedade, à vida como um todo, dessa forma!
Como se tudo o que precisássemos estivesse apenas na esfera da matéria...

Então, um voluntário em hospital, que cede parte de sua semana para se misturar a enfermeiras, a funcionários, para ajudar em tarefas simples, não está sendo útil?

E quem não tem mais a disposição do corpo, mas ensina, aconselha, transmite otimismo e alegria através das palavras, não está exalando utilidade por todos seus poros?

E o mais belo é que não há idade limite para a utilidade. A utilidade também não exige conhecimento, formação acadêmica, nem qualquer outro pré-requisito, além de disposição para servir, isto é, vontade.

*   *   *

Ouçamos o convite de servir à causa do bem.

Quem tiver ouvidos de ouvir, ouça.

Que possamos servir até o limite de nossas forças, deixando neste mundo um legado de trabalho, esforço e dignidade.
Inutilidade, nunca!


Redação do Momento Espírita

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Conquistas Íntimas


A história da Humanidade confunde-se com a de guerreiros, conquistadores, revolucionários.
Sempre os tivemos. Alguns lutando por seus ideais e sonhos. Outros, apenas movidos pela ganância e sede de poder.
Todos buscando amealhar tesouros, terras, títulos e coroas.
Lançavam-se nas mais intensas lutas para alcançar as coisas do mundo.
Tornavam-se poderosos, grandes mandatários, mas logo o tempo se encarregava de transformar tudo em ruínas.
Se alguns ainda mantêm seus nomes grafados na História, por esse ou aquele episódio, ou ainda, lembrados pelas barbáries e disparates cometidos, a grande maioria ganhou apenas o esquecimento como herança.
Imaginavam-se grandes, não percebendo a pequenez de seu propósito.
Como resultado, seus feitos não ultrapassaram a esteira do tempo.
Assim como eles, muitas vezes nós empenhamos tempo, anos de vida, capacidades, energia, para ganhar o que é do mundo material.
Buscamos amealhar bens, galgar posições sociais, cargos e destaque profissional.
Porém, todos esses valores, em si só, apresentam prazo de validade.
Como as coisas do mundo são transitórias, efêmeras, toda conquista material tem seu limite.
Por outro lado, poucas vezes nos damos conta de que, ao contrário das conquistas que se esvaziam no tempo, existem outras que são eternas e permanentes.
Essas conquistas são as do nosso mundo interior.
Toda aquisição intelectual e moral ganhará espaço em nossa intimidade, e as carregaremos para onde formos.
Vencerão o andar do tempo, o processo da morte física, ou qualquer ocorrência externa que surja.
É verdade que, durante a vida física, precisamos buscar as coisas do mundo.
Existem os compromissos financeiros, as preocupações com moradia, transporte, alimentação, instrução.
Porém, quanto de nosso tempo e de nossas capacidades usamos para as conquistas da Terra e quanto para as conquistas íntimas?
É necessário percebermos que, logo mais, quando a morte nos convidar para o retorno ao mundo espiritual, levaremos apenas os valores que conseguirmos carregar na mente e no coração.
São as conquistas do mundo íntimo. As demais, ficarão no mundo: vestimentas, mansões, propriedades de toda sorte, recursos amoedados.
Viver no mundo não representa investir todos os valores, tempo e esforço para o que seja material.
Faz-se necessário que nossos esforços se direcionem, também, para as conquistas da alma.
Todo esforço que investimos para angariar valores morais, novas virtudes, constituirá conquista interna, que levaremos conosco no retorno à vida espiritual e em todas as próximas existências.
Se o mundo externo se mostra algumas vezes sedutor nas suas possibilidades, não esqueçamos que o mundo interno tem riquezas inúmeras para nos oferecer.
Se o mundo externo têm suas obrigações e compromissos, o mundo interno aguarda que encetemos esforços para acumular os tesouros, aqueles que a ferrugem não corrói, as traças não comem e os ladrões não levam, como nos lembra Jesus.
 


Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O Reino Que Ainda Não é Deste Mundo




Pôncio Pilatos era procurador da província romana da Judeia, desde o ano 26. Fora nomeado pelo imperador Tiberius Claudius Nero Cesar, que subira ao poder em 18 de setembro do ano 14.

Habitualmente, o procurador ficava na cidade marítima de Cesareia. No entanto, em certas oportunidades, com a finalidade de manter a ordem pública, vinha a Jerusalém.

Estava pois ele residindo no Castelo Antônia, também chamado Pretório.

Naquele dia, mal abrira Pilatos as portas do Pretório, quando se apresentaram os sumos sacerdotes com seu prisioneiro, Jesus de Nazaré.

E porque Pilatos lhes indagasse o que tinham contra aquele homem, responderam que Ele fora encontrado a amotinar o povo, a proibir de pagar tributo a César e a afirmar que era o Cristo, o Rei.

As acusações são inéditas pois até então, enquanto Jesus estivera à frente de Anás e Caifás, fora interrogado, espancado, mas a única acusação que lhe haviam imputado fora de blasfêmia.

Agora, perante a autoridade civil, eles engendram acusações de caráter político e social.

O procurador refletiu por uns momentos. Depois, levando consigo a Jesus, retirou-se para o interior da sala do Pretório, a fim de conferenciar a sós com o acusado.

Ali, naquele momento, defrontavam-se os representantes das duas maiores potências da Terra: o procurador do império romano, que dominava a Europa, a Ásia e a África; e aquele que era o Governador da Terra, o Rei Solar.

Com a perspicácia do romano, Pilatos se preocupa com somente uma das três acusações: a realeza de Jesus. Isso porque se Ele fosse rei, natural que abrisse uma campanha contra os coletores de tributos romanos.

Por isso, lhe indaga: És tu rei dos judeus?

Nos livros sagrados, este título equivalia ao de Messias ou Redentor. Na boca de Pilatos, porém, não podia deixar de ter um sentido político.

Assim, Jesus responde com outra questão: É de ti mesmo que perguntas isso ou foram outros que to disseram de mim?

Pilatos se ofende e responde, de forma brusca: Porventura, sou eu algum judeu? Tua gente te entregou às minhas mãos: o que fizeste?

Agora, a sublimidade responde ao homem venal, preocupado com as questiúnculas da Terra: Meu reino não é deste mundo.

E, como para assegurar ao político, que não deveria temer pelo seu cargo, senão somente por sua própria alma, continuou:

Se o meu reino fosse deste mundo, a minha gente houvera combatido para impedir que eu caísse nas mãos dos judeus; mas, o meu reino ainda não é aqui.

*   *   *

As palavras do Galileu nos levam a meditar. Em sua resposta, duas revelações: a primeira, a de que Seu reino não é material, e sim espiritual.

Ele viera para fundar o reino de Deus no coração dos homens.

Ao mesmo tempo, ao explicitar ainda não é aqui, nos diz que um dia será. Quando os homens nos amoldarmos à lei de amor que Ele veio ensinar, transformaremos a Terra em um oásis de bênçãos.

O mundo de regeneração para o qual nos encontramos migrando. O reino de Deus sobre a face do planeta, no exato momento em que ele estiver implantado no coração de todos os homens.

Estamos a caminho. Pensemos nisso e aceleremos o processo.


Redação do Momento Espírita

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Gentileza Sempre Em Alta




Ao contrário do que apontam alguns pessimistas de que hoje em dia ninguém se importa com ninguém, o número desses é muito baixo.

A maioria das pessoas se importa, sim, com os demais e auxilia, sem esperar recompensa, sem sequer dizer seus nomes e endereços para receber depois um muito obrigado.

Uma senhora contou que, após deixar o hospital, acompanhando seu marido, ela foi comprar os medicamentos que lhe tinham sido prescritos.

A dificuldade foi grande porque as farmácias da cidade não queriam aceitar o seu cheque, que era de outra cidade.

Quando ela contou ao médico o que havia acontecido, ele prontamente retirou o seu talão de cheques da pasta, assinou os cheques e disse: 

Isso não vai ser mais problema. Você me devolve quando puder.

Naquela hora, ela não se conteve: chorou de emoção. Afirmou que se lembrará daquele gesto para sempre. Tornaram-se amigos e ele continua sendo o médico da família.

Outra pessoa relatou que, todos os dias, às cinco horas da manhã, esperava o ônibus para o trabalho.

Certa manhã, quando estava no ponto aguardando a condução, uma moto estacionou na sua frente.

Era o motorista do ônibus avisando que a linha que ela estava acostumada pegar havia acabado. E, completou ela, ele percorreu todo o trajeto do ônibus, informando os passageiros sobre o fim daquela linha.

Isso se chama desprendimento, atenção, importar-se com o outro.

Finalmente, existe o relato daquele senhor que foi transferido da agência bancária, em que trabalhava, para uma cidade de Minas Gerais, chamada Passa Quatro.

Mudou-se com a mulher e os quatro filhos. Fizeram a viagem de carro, chegando na casa que haviam alugado ao mesmo tempo que o caminhão que trazia a mudança.

As crianças estavam com fome, choravam com saudades dos amigos que haviam ficado para trás.

A esposa não sabia se atendia os filhos ou se dava ordens para os 
homens que estavam descarregando a mudança.

Nessa hora, dona Ana se apresentou como sua vizinha, trazendo nas mãos uma bandeja com uma jarra de suco de laranja, biscoitos e sanduíches.

Não somente alimentou a todos, mas se prontificou a distrair as crianças, enquanto os pais arrumavam os móveis.

Foi essa acolhida carinhosa e alegre que trouxe excelentes consequências. O casal decidiu construir ali sua casa, e permaneceu na cidade, mesmo após a aposentadoria do pai de família.

*   *   *

A gentileza existe e está em alta. Há um número muito maior de pessoas que estão atentas ao que acontece ao seu redor e dispostas ao auxílio do que possamos imaginar.

Se desejar engrossar esse número, é muito simples. Na próxima vez que for ao mercado olhe para os lados e observe se um idoso não está precisando de ajuda para descobrir o preço de alguma mercadoria.

Ou se uma mãe não está tendo alguma dificuldade com seu bebê.

Seja gentil: ajude a colocar as compras no carro, ceda sua vez no caixa, converse enquanto aguarda, acalme uma criança, sossegue alguém irritado com a demora da fila.

É isso que torna o nosso mundo melhor, a cada novo dia.


Redação do Momento Espirita

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

A lição da Meninice




Quem assiste os desenhos animados, com certeza terá oportunidade de rever seus próprios conceitos. Descobrirá que o mundo novo, de felicidade, se aproxima a passos largos.

Os desenhos infantis têm se caracterizado por combater o medo e acabar com o preconceito.

Têm proliferado, nas telas dos cinemas, figuras como o abominável homem das neves, monstros, dragões, ogros e bruxas.

Todos com uma característica em comum. Demonstram que se sentem sós porque não são aceitos pelas pessoas, por causa da sua feiúra, do seu aspecto grotesco, diferente das pessoas comuns.

Demonstram que têm coração que ama, que aprecia a beleza e adora a vida.

Assim, o dragão perseguido pela cidade inteira se extasia ante as flores, toma chá com delicadeza e toca flauta doce para alegrar o dia.

O ogro, que somente deseja viver no seu pântano, se apaixona pela princesa, oferece-lhe girassóis e a protege do mal, mesmo sabendo que a deve entregar ao Lorde com quem ela vai casar.

Os monstros, que assustam as crianças nos seus sonhos, se transformam ao contato com uma menina e criam a indústria do riso, modificando sua forma de ganhar a vida. Em vez de amedrontar, passam a viver dos risos que provocam nos pequenos.

Tudo isso é fantasia. Mas nossas crianças vão aprendendo que o feio somente é feio enquanto o amor não o observa. Pois quem ama, não vê a forma externa. Descobre o interior.

O amor nasce no coração e a outro coração se dirige.

Excelente exemplo o do dinossauro perdido que é adotado por uma família de pequenos símios. Um e outros se protegem mutuamente, demonstrando que para o amor não existem barreiras.

Bom seria se absorvêssemos essas belas mensagens, nas quais sempre o bem vence o mal, o amor supera tudo, pode tudo, vence tudo.

Onde as diferenças de tamanho, raça, cor são superadas pela necessidade de viverem juntos, buscando a harmonia.

Onde, quando se descobre alguém carente de proteção, não se pergunta se ao crescer ele será mau, porque pertence a essa ou aquela raça. O importante é protegê-lo, salvá-lo.

Onde o respeito aos mais velhos se faz presente, reconhecendo que se eles já não conseguem andar tão rápidos, precisam de alguém que fique para trás e os ajude.

Onde, mesmo em nome da sobrevivência, não se pode ser egoísta, porque o mais importante não é sobreviver a qualquer preço, mas viver com a consciência tranquila e o coração leve.

*   *   *

O mundo precisa de cérebros que visem somente o bem do seu semelhante, de corações que amem a todos. Enfim, de homens e mulheres com disposição para levantar a bandeira da paz, da concórdia e da harmonia, apesar de todas as diferenças.

*   *   *

Robert Fulghum disse que a sabedoria se encontra no jardim de infância.

Ali se aprende a compartilhar tudo, não bater nas pessoas, limpar a própria bagunça, não tomar o que não lhe pertence, pedir perdão ao ferir alguém.

Tomemos qualquer desses pontos e apliquemos ao sofisticado mundo dos adultos, à vida familiar, ao trabalho, ao governo e imaginemos o tipo de mundo que teríamos se todos continuássemos a nos comportar como fazíamos quando crianças, antes que o tempo nos colocasse a capa da frieza, da indiferença, da ambição e do egoísmo.

Pensemos nisso.


Redação do Momento Espírita