sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

O Cavaleiro de Olhar Compassivo


Era uma tarde de tempo feio e frio no norte da Virgínia, há muitos anos.
A barba do velho estava coberta de gelo e ele esperava alguém para ajudá-lo a atravessar o rio. A espera parecia não ter fim. O vento cortante tornava seu corpo dormente e enrijecido.
Ele ouviu o bater fraco e ritmado dos cascos de cavalos sobre o chão congelado. Ansioso, observou quando vários cavaleiros apareceram na curva.
Deixou o primeiro passar, sem procurar chamar sua atenção. Então veio outro e mais outro. Finalmente, o último cavaleiro se aproximou do lugar onde o velho estava parado como uma estátua de gelo.
Depois de observá-lo rapidamente, o velho lhe acenou, perguntando: O senhor poderia levar este velho para o outro lado? Parece não haver uma trilha para eu seguir a pé.
O cavaleiro parou e respondeu: É claro. Pode montar.
Vendo que o velho não conseguia levantar o corpo semicongelado do chão, ajudou-o a montar e não só atravessou o rio com o velho, mas o levou ao seu destino, algumas milhas adiante.
Quando se aproximavam da casa pequena, mas aconchegante, curioso, o cavaleiro perguntou: Eu percebi que o senhor deixou vários outros cavaleiros passarem sem fazer qualquer gesto para pedir ajuda na travessia.
Então eu apareci e o senhor imediatamente me pediu para levá-lo. Eu gostaria de saber por que, numa noite fria de inverno, o senhor pediu o favor ao último a passar.
E se eu tivesse me recusado e o deixado na beira do rio?
O velho apeou do cavalo devagar. Olhou o cavaleiro bem nos olhos e respondeu: Eu já vivi muito e acho que conheço as pessoas, muito bem.
Parou um instante e continuou: Olhei nos olhos dos outros que passaram e vi que eles não se condoeram da minha situação. Seria inútil pedir-lhes ajuda.
Mas, quando olhei nos seus olhos, ficaram claras sua bondade e compaixão. A vida me ensinou a reconhecer os espíritos bondosos e dispostos a ajudar os outros na hora da necessidade.
Estas palavras tocaram profundamente o coração do cavaleiro, que lhe respondeu: Fico agradecido pelo que o Senhor falou. Espero nunca ficar tão ocupado com meus próprios problemas que deixe de corresponder às necessidades dos outros com bondade e compaixão.
Falando isso, o cavaleiro, que se chamava Thomas Jefferson, virou seu cavalo e voltou para a Casa Branca.
*  *   *
Quando Deus coloca em nossa vida esses que precisam de ajuda, Ele, em verdade, está nos concedendo uma grande oportunidade.
Ajudar o próximo é oportunidade de crescimento moral, de combater o egoísmo que, muitas vezes, nos faz preocupados demais com nossos próprios problemas, esquecendo que há vida além dos jardins de nossa casa. Vidas que anseiam por nossa gentileza, por nossa compaixão.
Quando Deus coloca diante de nós alguém pedindo ajuda, das mais diversas formas possíveis, Ele está nos concedendo a chance de conhecer o bem e sentir todas suas consequências sublimes.
Olhemos para os lados e busquemos alguém a quem possamos auxiliar a cruzar os vários rios da vida. E vejamos nisso sempre uma grande oportunidade.
 

Redação do Momento Espírita

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Palavra


Na maternidade de uma grande cidade, um fato começou a chamar a atenção de uma enfermeira.
Ela era encarregada do berçário e procurou o chefe da pediatria.
Havia notado que todos os bebês que ficavam no último berço, no canto, choravam menos. Dormiam melhor.
O que seria? O médico brincou com ela. Quem sabe seria um berço milagroso?
Talvez fabricado com madeira especial. Quem sabe haveria uma fada protetora? Como a enfermeira insistisse, ele disse que iria contratar um detetive.
Resolveu ele mesmo investigar. Descobriu que a enfermeira tinha razão.
Os bebês que ali ficavam eram sempre mais acomodados. Deveria existir uma causa. O posicionamento do berço. Melhor ventilação. Colchão mais confortável. Menos ruídos. Checou tudo.
As condições eram absolutamente iguais em todos os berços.
Pensou na alimentação. Negativo. Os bebês eram alimentados dentro de critérios e horários rigorosamente observados.
E se houvesse diferença de tratamento? Alguma enfermeira mais eficiente, encarregada daquele berço? Também não.
Todas se revezavam no atendimento. Intrigado, o pediatra passou a visitar o berçário em horários diferentes.
Foi numa noite, perto das vinte e duas horas, que encontrou a solução.
A enfermeira de plantão estava no seu posto. A encarregada da limpeza passava o pano molhado no chão.
Ficou observando-a. Era uma senhora idosa. A tarefa lhe era penosa.
Então, ficou em frente ao berço privilegiado, enquanto descansava.
Começou a conversar com o bebê: Vida dura, meu anjinho. Minhas costas doem como se tivessem recebido pauladas.
Gracinha! Você deve estar feliz. Sombra e água fresca. Comidinha na hora certa.
Durante vários minutos, ela conversou com o ocupante do berço. Depois, retornou ao serviço.
O médico sorriu. Tinha resolvido o enigma. Encontrara a fada.
No dia seguinte, as enfermeiras receberam importante orientação.
Deveriam conversar com os bebês, enquanto cuidavam deles. O privilégio de um berço estendeu-se por todo o berçário.
*   *   *
A palavra é um instrumento que poucos utilizam como deveriam.
A arte de falar é conquista. Deve-se dispor desse abençoado instrumento para preservar a vida. Para enriquecê-la de bênçãos.
A boa palavra consola. Também ampara. Ensina. Salva. Falar sobre o bem, o amor e a esperança. Propor alegria entre as criaturas.
Ensiná-las a adquirir segurança pessoal. Transmitir-lhes carinho e ternura.
Expunha conceitos de forma simples. Conteúdo profundo.
Por isso, até hoje, permanece atual e sensibiliza os que tomam contato com seus ditos.
Travemos relação de amizade com Jesus. Comuniquemo-nos com o próximo. Irradiemos alegria e paz pela palavra como ele fazia.
*   *   *
Não critiquemos. Abençoemos. Falemos auxiliando para o bem. Não discutamos. Demonstremos.
Não nos percamos em palavras vazias. Sirvamos sem reclamar.

Redação do Momento Espírita, com base no
cap.
O enigma do berço, do livro Encontros e
desencontros, de Richard Simonetti.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Caminho Iluminado


Sede Perfeitos! – conclamou o Divino Mestre – entretanto, sabemos que estamos presentemente mais distantes da perfeição que o verme da estrela.
Ainda assim, Jesus não formularia semelhante apelo se estivesse ele enquadrado no labirinto inextricável do “impossível”.
Podemos e devemos esposar a nossa iniciação no aprimoramento para a Vida Superior, começando a ser bons.
Entretanto, é necessário distinguir bondade da displicência com que muita vez nos rendemos à falsa virtude, de vez que, em toda parte, existem criaturas boas, emaranhadas na negação da verdadeira bondade.
Vemos pessoas de boas intenções acendendo a fogueira da discórdia, entronizando a astúcia no culto devido à inteligência; para consolidar a maldade; para empreender a separatividade; para os objetivos da desordem; para a conservação da ignorância e da penúria que amortalham grande parte da Humanidade.
Busquemos o padrão do Cristo e sejamos bons, quanto o Mestre nos ensinou.
É natural não possas ser apresentado, de imediato, em carros de triunfo, à frente da multidão; categorizado à conta de santo ou de herói, mas, poderão ser o irmão do próximo, estendendo-lhe as mãos fraternas.
Observa, em torno da mesa farta ou ao redor da saúde que te garante a harmonia orgânica e considera as tuas possibilidades de auxiliar.
Poderá ser o irmão do companheiro infeliz, através de alguma frase de bom ânimo, o benfeitor do coração materno infortunado, o salvador da criança que luta com a enfermidade e com a morte, pela gota de remédio restaurador.
Poderá ser o amigo dos animais e das árvores, o preservador das fontes e do defensor das sementes que sustentarão o celeiro de amanhã.
Desperta e faze algo que te impulsione para frente na estrada de elevação.
Não te detenhas.
A vida não te reclama atitudes sensacionais, gestos impraticáveis, espetáculos de súbita grandeza... Pede simplesmente sejas sempre melhor para aqueles que te cruzem os passos.
Esqueçamos o mal e procuremos o bem que nos esclareça e melhore.
Ainda agora e aqui mesmo, enquanto relemos o convite do Senhor, podemos formular no coração uma prece por todos aqueles que ainda não nos possam compreender e, através da oração, começar a obra de nosso aperfeiçoamento para a Vida Imortal.


Emmanuel / Chico Xavier

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Questões 843 a 850 - Livre-Arbítrio


Respostas dos guias espirituais para Allan Kardec no Livro dos Espíritos.

843. Tem o homem o livre-arbítrio de seus atos?
"Pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o livre-arbítrio, o homem seria máquina."

844. Do livre-arbítrio goza o homem desde o seu nascimento?
"Há liberdade de agir, desde que haja vontade de fazê-lo. Nas primeiras fases da vida, quase nula é a liberdade, que se desenvolve e muda de objeto com o desenvolvimento das faculdades. Estando seus pensamentos em concordância com o que a sua idade reclama, a criança aplica o seu livre-arbítrio àquilo que lhe é necessário."

845. Não constituem obstáculos ao exercício do livre-arbítrio as predisposições instintivas que o homem já traz consigo ao nascer?
"As predisposições instintivas são as do Espírito antes de encarnar. Conforme seja este mais ou menos adiantado, elas podem arrastá-las à prática de atos repreensíveis, no que será secundado pelos Espíritos que simpatizam com essas disposições. Não há, porém, arrastamento irresistível, uma vez que se tenha a vontade de resistir. Lembrai-vos de que querer é poder." (361)

846. Sobre os atos da vida nenhuma influência exerce o organismo? E, se essa influência existe, não será exercida com prejuízo do livre-arbítrio?
"É inegável que sobre o Espírito exerce influência a matéria, que pode embaraçarlhe as manifestações. Daí vem que, nos mundos onde os corpos são menos materiais do que na Terra, as faculdades se desdobram mais livremente. Porém, o instrumento não dá a faculdade. Além disso, cumpre se distingam as faculdades morais das intelectuais. Tendo um homem o instinto do assassínio, seu próprio Espírito é, indubitavelmente, quem possui esse instinto e quem lho dá; não são seus órgãos que lho dão. Semelhante ao bruto, e ainda pior do que este, se torna aquele que nulifica o seu pensamento, para só se ocupar com a matéria, pois que não cuida mais de se premunir contra o mal. Nisto é que incorre em falta, porquanto assim procede por vontade sua." (Vede n. 367 e seguintes - "Influência do organismo".)

847. Da aberração das faculdades tira ao homem o livre-arbítrio?
"Já não é senhor do seu pensamento aquele cuja inteligência se ache turbada por uma causa qualquer e, desde então, já não tem liberdade. Essa aberração constitui muitas vezes uma punição para o Espírito que, porventura, tenha sido, noutra existência, fútil e orgulhoso, ou tenha feito mau uso de suas faculdades. Pode esse Espírito, em tal caso, renascer no corpo de um idiota, como o déspota no de um escravo e o mau rico no de um mendigo. O Espírito, porém, sofre por efeito desse constrangimento, de que tem perfeita consciência. Está aí a ação da matéria." (371 e seguintes)

848. Servirá de escusa aos atos reprováveis o ser devida à embriaguez a aberração das faculdades intelectuais?
"Não, porque foi voluntariamente que o ébrio se privou da sua razão, para satisfazer a paixões brutais. Em vez de uma falta, comete duas."

849. Qual a faculdade predominante no homem em estado de selvageria: o instinto, ou o livre-arbítrio?
"O instinto, o que não o impede de agir com inteira liberdade, no tocante a certas coisas. Mas, aplica, como a criança, essa liberdade às suas necessidades e ela se amplia com a inteligência. Conseguintemente, tu, que és mais esclarecido do que um selvagem, também és mais responsável pelo que fazes do que um selvagem o é pelos seus atos."

850. A posição social não constitui às vezes, para o homem, obstáculo à inteira liberdade de seus atos?
"É fora de dúvida que o mundo tem suas exigências, Deus é justo e tudo leva em conta. Deixa-vos, entretanto, a responsabilidade de nenhum esforço empregardes para vencer os obstáculos."

Allan Kardec. O Livro dos Espíritos.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Orações Encomendadas


Quem sobe a montanha, respira o ar puro e descortina mais amplas paisagens.
Aquele que trabalha com perfumaria, se impregna das essências agradáveis dos aromas que manipula.
Quando alguém ora, comunga com Deus e experimenta renovação íntima e paz.
A oração ilumina o ser, acalma-o, renova-o, dá-lhe vida.
Orar é como arar. É produzir recursos valiosos de sustentação do equilíbrio.
Quando se transfere esse tesouro para outra pessoa realizá-lo, perde-se a energia que se irradia do Pai na direção de quem pede. Embora a onda mental daquele que ora alcance quem necessita, e a rogativa propicie socorro, o ato pessoal de orar é poderoso veículo de elevação espiritual.
Por tudo isso, habitua-te à oração para pedir, para louvar e para agradecer a Deus sempre.
No clima de harmonia que desfrutes, orando, roga pelo teu próximo, mas convida-o a orar também, a fim de que ele se impregne de luz.
Quem ora, se eleva a Deus e se penetra de bênçãos, exatamente como acontece com aquele que colhe flores perfumadas.
Quando se transfere a oportunidade de orar para outro, significa negar-se à conquista do equilíbrio emocional e da plenitude espiritual.
Orar é se banhar de claridade, colocando-se em sintonia com as chuvas de energias restauradoras.
Quem ora, se vitaliza e se enternece.
Jesus recomendou que orássemos uns pelos outros, num convite à solidariedade fraternal, a fim de que nos ajudemos através das ondas mentais da comunhão com Deus.
Quando a dor se apresenta sob qualquer forma, a oração é o veículo mais eficaz para suportá-la e superá-la. Além disso, ela cria um campo de paz, no qual a alma se fortalece e se inspira, melhor identificando os recursos próprios para propiciar a alegria e o bem-estar.
Não deixes de interceder pelo próximo através da oração. Todavia, não estimules as encomendas de preces, porque com essa medida os outros se sentirão desobrigados de orar, eles mesmos.
Desse modo, ora, ajudando aquele que sofre, no entanto, encoraja-o a sair do emaranhado de problemas psíquicos, orando, ele próprio, com o objetivo de restaurar-se.
Quando ores por alguém, envolve-o em ternura e envia-lhe pensamentos de bem-estar, participando emocionalmente da vibração que lhe destines.
Evita a repetição de palavras sem envolvimento emocional; a expressão maquinal, sem a onda do amor que ajuda.
Ao orares, abre-te a Deus. Doa-te de coração e de alma. Sentirás as dúlcidas respostas te impregnando de forças-luz que te vitalizarão por largo período.
*   *   *
Jesus nos ensinou pelo exemplo como se deve orar e porque se deve fazê-lo.
Sempre esteve buscando o Pai mediante a oração, que não transferiu para ninguém.
Dessa forma, ante as encomendas das preces por amigos ou conhecidos, orienta-os e convoca-os ao exercício de autoiluminação, orando.

Porém, intercede por eles a Jesus e mantém a tua sintonia com Deus, pela prece, a fim de seres feliz.

Redação do Momento Espírita

domingo, 26 de janeiro de 2014

O Amor Existe Sempre


Há dias em que nos perguntamos, sinceramente: Será que o amor existe mesmo, ou será uma invenção daqueles que desejam que ele exista?
Será que o amor não passa de uma ilusão?
No entanto, quando lançamos o olhar um pouco além do nosso limitado círculo de visão, podemos perceber que uma força invencível rege a vida.
E é a essa força que podemos chamar amor.
Sim, o amor de Deus no qual o Universo inteiro está imerso.
Basta ter olhos de ver, que notaremos a ação do amor que, sem dúvida, existe sempre.
Arrebenta-se o átomo, desconcentrando a sua energia, e nasce o Cosmo.
Brilha a estrela, como gema policromada no velário do céu, e o Universo se incendeia.
Organiza-se a célula e exubera a vida.
Surge a semente, repositório de vida orgânica, e a floresta se instala.
Apresenta-se a flor como unidade de beleza, e multiplicam-se jardins.
Dobram-se os jardins, em homenagem à sensibilidade geral, e aromatiza-se todo o ambiente.
Goteja o pingo d´água e formam-se mananciais, deságuam rios e agiganta-se o mar.
Gesta a mulher, em cooperação com o Criador, e surge a Humanidade.
Brilha o intelecto, devidamente direcionado, e constitui-se a ciência.
Medita o cientista, querendo dar utilidade aos seus estudos, e elabora-se a técnica.
Multiplicam-se as técnicas e vive melhor o ser humano.
No ensejo do silêncio, que facilita o olhar para dentro de si mesmo, nasce a meditação.
Medita o ser sobre como ver o mundo, e a arte encontra nascedouro.
Desenvolve-se a arte, desentranhando a criatividade humana, e projetam-se ideias de Deus.
E Deus é todo o amor que existe.
E tudo quanto existe se nutre do amor, que é Deus, e nEle está imerso.
O amor existe sempre!
O zunzum dos insetos e o voo dos pássaros nos falam de amor.
A germinação da semente e a fecundação humana mostram-nos o amor.
O verme que fertiliza o solo e a fera que ruge na selva nos dão mostras de amor.
O sorriso da criança e o aconselhamento do velho são quadros do amor.
A disposição do jovem e a ponderação do adulto são obras do amor.
*   *  *

Em tudo vibra o amor... E o amor é Deus.
Busquemos, então, meditar sobre o que temos e o que não temos, sobre quem somos e sobre quem não somos, a respeito do que fazemos, e do que não fazemos, guardando a convicção de que sem a presença do amor naquilo que temos, no que fazemos e no que somos, estaremos imensamente pobres, profundamente carentes, desvitalizados.
Seja qual for a lida, a luta, a nossa atividade no mundo, vinculemos-nos ao amor, acatemos as suas sugestões e vibremos vitoriosos e felizes, plenos de vida, de candura, de harmonia, pois com o amor seguimos com Deus, agimos por Deus e em Deus, conscientemente, nos movimentamos. 


Redação do Momento Espírita

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A Mensagem Cristã



Não se reveste o ensinamento de Jesus de quaisquer fórmulas complicadas. 
Guardando embora o devido respeito a todas as escolas de revelação da fé com os seus colégios iniciáticos, notamos que o Senhor desce da Altura, a fim de libertar o templo do coração humano para a sublimidade do amor e da luz, através da fraternidade, do amor e 
do conhecimento. 
Para isso, o Mestre não exige que os homens se façam heróis ou santos de um dia para outro. Não pede que os seguidores pratiquem milagres, nem lhes reclama o impossível. 
Dirige-se a palavra dEle à vida comum, aos campos mais simples do sentimento, à luta vulgar e às experiências de cada dia. 
Contrariamente a todos os mentores da Humanidade, que viviam, até então, entre mistérios religiosos e dominações políticas, convive com a massa popular, convidando as criaturas a levantarem o santuário do Senhor nos próprios corações. 
Ama a Deus, Nosso Pai - ensinava Ele -, com toda a tua alma, com todo o teu coração e com todo o teu entendimento. 
Ama o próximo como a ti mesmo. 
Perdoa ao companheiro quantas vezes se fizerem necessárias. 
Empresta sem aguardar retribuição. 
Ora pelos que te perseguem e caluniam. 
Ajuda aos adversários. 
Não condenes para que não sejas condenado. 
A quem te pedir a capa cede igualmente a túnica. 
Se alguém te solicita a jornada de mil passos, segue com ele dois mil. 
Não procures o primeiro lugar nas assembléias, para que a vaidade te não tente o coração. 
Quem se humilha será exaltado. 
Ao que te bater numa face, oferece também a outra. 
Bendize aquele que te amaldiçoa. 
Liberta e serás libertado. 
Dá e receberás. 
Sê misericordioso. 
Faze o bem ao que te odeia. 
Qualquer que perder a sua vida, por amor ao apostolado da redenção, ganhá-la-á mais perfeita, na glória da eternidade. 
Resplandeça a tua luz. 
Tem bom ânimo. 
Deixa aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos. 
Se pretendes encontrar-me na luz da ressurreição, nega a ti mesmo, alegra-te sob o peso da cruz dos próprios deveres e segue-me os passos no calvário de suor e sacrifício que precede os júbilos da aurora divina! 
E, diante desses apelos, gradativamente, há vinte séculos, calam-se as vozes que mandam revidar e ferir!... E a palavra do Cristo, acima de editos e espadas, decretos e encíclicas, sobe sempre e cresce cada vez mais, na acústica do mundo, preparando os homens e a vida para a soberania do Amor Universal.


Chico Xavier / Emmanuel

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Panquecas


Um garotinho, no auge de seus seis anos de idade, levantou-se mais cedo em uma manhã de sábado disposto à preparar uma boa surpresa para seu pai.
Queria fazer panquecas para o café da manhã. Ele pegou uma tigela e uma colher, puxou uma cadeira, abriu o armário, e pegou a pesada lata de farinha. Acabou derramando toda a farinha pelo chão. 
Com as mãos, ele recolheu um pouco da farinha e jogou na tigela, misturando uma xícara de leite e acrescentou um pouco de açúcar, enquanto deixava no chão um rastro de todos os seus passos e tinha também algumas pegadas de seu gatinho. Brandon estava coberto de farinha e frustrado. 
Ele queria preparar uma boa surpresa para sua mãe e para seu pai, mas estava estragando tudo. Ele não sabia o que fazer em seguida; se colocar tudo no forno ou no fogão, e ele não sabia como fazer o fogão funcionar! 
De repente ele viu o gatinho lambendo a tigela com a mistura e o expulsou da cozinha, mas acabou derrubando uma bandeja de ovos ao chão. 
Freneticamente tentou limpar aquela monumental bagunça, mas escorregou nos ovos deixando lambuzado o seu pijaminha. 
Foi aí que ele viu seu pai parado à porta da cozinha. Assustado, o menino arregalou os olhos. Tudo que ele tinha querido fazer era preparar uma boa surpresa, mas o que ele conseguiu mesmo foi uma terrível bagunça. 
Ele estava certo de levar uma tremenda bronca, talvez até mesmo uma surra. Mas o seu pai apenas o olhava. 
Então, atravessando cuidadosamente aquela bagunça, ele apanhou o filho, o abraçou e o acariciou, sujando também o próprio pijama. 
E é assim que somos tratados por Deus. 
Algumas vezes tentamos fazer algo de bom, mas erramos em algum ponto e provocamos uma tremenda bagunça. 
Nossos relacionamentos, um pouco arranhados, ou insultamos um amigo, sem medir conseqüências ou não executamos nosso trabalho conforme deveríamos, ou não cuidamos direito de nossa saúde. 
Às vezes choramos por tudo o que de errado fizemos. É quando Deus nos apanha ao colo e nos ama e nos perdoa, apesar de nossas bagunças. 
Mas só porque não queremos fazer confusão, não podemos deixar de tentar fazer panquecas para Deus e para os outros. 

Autoria Desconhecida

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Fé e Caridade


Dizem que toda pessoa de fé viva sofre, incessantemente, nas obras da caridade, em nome do Cristo, no entanto, vale explicar porque isso acontece.
Espíritos pessimistas aceitam a derrota de quaisquer iniciativas, antes de começa-las.
Egoístas moram nas próprias conveniências.
Tíbios desrespeitam as horas.
Frívolos vivem agarrados à casca das situações e das cousas.
Oportunistas querem vantagens e lucros imediatos.
Vaidosos desconhecem, propositadamente, a necessidade dos outros.
Impulsivos criam problemas.
Toda pessoa, porém, que confia no Cristo é, consequentemente, alguém que procura servir, assimilando-lhe exemplos e lições, e, por isso mesmo, é indicada por Ele ao trabalho do bem, de vez que chamar preguiçosos e indiferentes não adianta.


André Luiz / Chico Xavier

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Tendo Medo


"E, tendo medo, escondi na terra o teu talento..." (Mateus, 25:25)


Na parábola dos talentos, o servo negligente atribui ao medo a causa do insucesso em que se infelicita.
Recebera mais reduzidas possibilidades de ganho.
Contara apenas com um talento e temera lutar para valorizá-lo.
Quanto aconteceu ao servidor invigilante da narrativa evangélica, há muitas pessoas que se acusam pobres de recursos para transitar no mundo como desejariam. E recolhem-se à ociosidade, alegando o medo da ação.
Medo de trabalhar.
Medo de servir.
Medo de fazer amigos.
Medo de desapontar.
Medo de sofrer.
Medo da incompreensão.
Medo da alegria.
Medo da dor.
E alcançam o fim do corpo, como sensitivas humanas, sem o mínimo esforço para enriquecer a existência.
Na vida, agarram-se ao medo da morte.
Na morte, confessam o medo da vida.
E, a pretexto de serem menos favorecidos pelo destino, transformam-se, gradativamente, em campeões da inutilidade e da preguiça.
Se recebeste, pois, mais rude tarefa no mundo, não te atemorizes à frente dos outros e faze dela o teu caminho de progresso e renovação. Por mais sombria seja a estrada a que foste conduzido pelas circunstâncias, enriquece-a com a luz do teu esforço no bem, porque o medo não serviu como justificativa aceitável no acerto de contas entre o servo e o Senhor. 


Francisco Cândido Xavier - Emmanuel

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Liberdade Natural


Respostas dos guias espirituais para Allan Kardec no Livro dos Espíritos.

825. Haverá no mundo posições em que o homem possa jactar-se de gozar de absoluta liberdade?
"Não, porque todos precisais uns dos outros, assim os pequenos como os grandes."

826. Em que condições poderia o homem gozar de absoluta liberdade?
"Nas do eremita no deserto. Desde que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que lhes cumpre respeitar; não mais, portanto, qualquer deles goza de liberdade absoluta."

827. A obrigação de respeitar os direitos alheios tira ao homem o de pertencer-se a si mesmo?
"De modo algum, porquanto este é um direito que lhe vem da Natureza."

828. Como se podem conciliar as opiniões liberais de certos homens com o despotismo que costumam exercer no seu lar e sobre os seus subordinados?
"Eles têm a compreensão da lei natural, mas contrabalançada pelo orgulho e pelo egoísmo. Quando não representam calculadamente uma comédia, sustentando princípios liberais, compreendem como as coisas devem ser, mas não as fazem assim."

828a. Ser-lhes-ão, na outra vida, levados em conta os princípios que professaram neste mundo?
"Quanto mais inteligência tem o homem para compreender um princípio, tanto menos escusável é de o não aplicar a si mesmo. Em verdade vos digo que o homem simples, porém sincero, está mais adiantado no caminho de Deus, do que um que pretenda parecer o que não é."

Allan Kardec. O Livro dos Espíritos.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Uniões de Prova


“... Não separe o homem o que Deus ajuntou.” Jesus - Mateus : 19 - 6 “... Quando Jesus disse: “Não separe o homem o que Deus ajuntou”, essas palavras se devem entender com referência à união, segundo a lei imutável de Deus e não segundo a lei mutável dos homens.” ESE. Cap. XXII - 3


Aspiras a convivência dos espíritos de eleição com os quais te harmonizas agora, no entanto, trazes ainda na vida social e doméstica, o vínculo das uniões menos agradáveis que te compelem a frenar impulsos e a sufocar os mais belos sonhos.
Não violentes, contudo, a lei que te preceitua semelhantes deveres.
Arrastamos, do passado ao presente, os débitos que as circunstâncias de hoje nos constrangem a revisar.
O esposo arbitrário e rude que te pede heroísmo constante é o mesmo homem de outras existências, de cuja lealdade escarneceste, acentuando-lhe a feição agressiva e cruel.
Os filhinhos doentes que te desfalecem nos braços, cancerosos ou insanos, idiotizados ou paralíticos são as almas confiantes e ingênuas de anteriores experiências terrestres, que impeliste friamente às pavorosas quedas morais.
A companheira intransigente e obsediada, a envolver-te em farpas magnéticas de ciúme, não é outra senão a jovem que outrora embaíste com falsos juramentos de amor, enredando-lhe os pés em degradação e loucura.
Os pais e chefes tirânicos, sempre dispostos a te ferirem o coração, revelam a presença daqueles que te foram filhos em outras épocas, nos quais plantaste o espinheiral do despotismo e do orgulho, hoje contigo para que lhes renoves o sentimento, ao preço de bondade e perdão sem limites.
*
Espíritos enfermos, passamos pelo educandário da reencarnação, qual se o mundo, transfigurado em sábio anestesista, nos retivesse no lar para que o tempo, à feição de professor devotado, de prova em prova, efetue a cirurgia das lesões psíquicas de egoísmo e vaidade, viciação e intolerância que nos comprometem a alma.
À frente, pois, das uniões menos simpáticas, saibamos suporta-las, de ânimo firme.
Divórcio, retirada, rejeição e demissão, às vezes, constituem medidas justificáveis nas convenções humanas, mas quase sempre não passam de moratórias para resgate em condições mais difíceis, com juros de escorchar.
Ouçamos o íntimo de nós mesmos.
Enquanto a consciência se nos aflige, na expectativa de afastar-nos da obrigação, perante alguém, vibra em nós o sinal de que a dívida permanece.


Francisco Cândido Xavier - Emmanuel

sábado, 18 de janeiro de 2014

Natureza das Penalidades e Prazeres Futuros


Respostas dos guias espirituais para Allan Kardec no Livro dos Espíritos.

965. As penalidades e os prazeres da alma após a morte têm algo de material?
- Elas não podem ser materiais, porque a alma não é matéria: o bom senso o diz. Essas penalidades e prazeres nada têm de carnal e, entretanto, são mil vezes mais intensos que aqueles que experimentais na Terra, porque o Espírito, uma vez liberto do corpo, é mais impressionável; a matéria não enfraquece mais suas sensações. (Veja as questões 237 e 257).

966. Por que o homem faz das penalidades e dos prazeres da vida futura uma idéia freqüentemente tão grosseira e absurda?
- É porque sua inteligência ainda não se desenvolveu bastante. A criança compreende como o adulto? Aliás, também depende daquilo que lhe ensinaram: eis aí por que há a necessidade de uma reforma.
- Vossa linguagem é muito incompleta para exprimir o que existe além do vosso entendimento; por isso, foi necessário fazer comparações, e são essas imagens e figuras que tomastes pela realidade; mas, à medida que o homem se esclarece, seu pensamento compreende as coisas que sua linguagem não pode exprimir.

967. Em que consiste a felicidade dos bons Espíritos?
- Consiste em conhecer todas as coisas; não ter ódio, ciúme, inveja, ambição e nenhuma das paixões que fazem a infelicidade dos homens. O amor que os une é a fonte de uma suprema felicidade. Eles não experimentam as necessidades e sofrimentos nem as angústias da vida material; ficam felizes com o bem que fazem. Porém, a felicidade dos Espíritos é sempre proporcional à sua elevação. Só os Espíritos puros desfrutam, é bem verdade, da felicidade suprema, mas todos os outros são também felizes. Entre os maus e os perfeitos existe uma infinidade de graus em que os prazeres são relativos à condição moral. Aqueles que estão bastante adiantados compreendem a felicidade dos mais avançados e desejam igualmente alcançá-la, o que é para eles um motivo de estímulo e não de ciúme. Sabem que depende deles consegui-la e trabalham para esse fim, mas com a calma da boa consciência, e são felizes por não sofrerem como os maus.

968. Colocais a ausência das necessidades materiais entre as condições de felicidade para os bons Espíritos; mas a satisfação dessas necessidades não é, para o homem, uma fonte de prazeres?
- Sim, de prazeres selvagens; e quando não podeis satisfazer essas necessidades, é uma tortura.

Allan Kardec. O Livro dos Espíritos

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Arrependimento e Expiação


Respostas dos guias espirituais para Allan Kardec no Livro dos Espíritos.

1000. Já desde esta vida poderemos ir resgatando as nossas faltas?
"Sim, reparando-as. Mas, não creiais que as resgateis mediante algumas privações pueris, ou distribuindo em esmolas o que possuirdes, depois que morrerdes, quando de nada mais precisais. Deus não dá valor a um arrependimento estéril, sempre fácil e que apenas custa o esforço de bater no peito. A perda de um dedo mínimo, quando se esteja prestando um serviço, apaga mais faltas do que o suplício da carne suportado durante anos, com objetivo exclusivamente pessoal. (ver questão 726)
"Só por meio do bem se repara o mal e a reparação nenhum mérito apresenta, se não atinge o homem nem no seu orgulho, nem no seus interesses materiais. "De que serve, para sua justificação, que restitua, depois de morrer, os bens mal adquiridos, quando se lhe tornaram inúteis e deles tirou todo o proveito?
"De que lhe serve privar-se de alguns gozos fúteis, de algumas superfluidades, se permanece integral o dano que causou a outrem?
"De que lhe serve, finalmente, humilhar-se diante de Deus, se, perante os homens, conserva o seu orgulho?" (ver questões 720-721)

1001. Nenhum mérito haverá em assegurarmos, para depois de nossa morte, emprego útil aos bens que possuímos?
"Nenhum mérito não é o termo. Isso sempre é melhor do que nada. A desgraça, porém, é que aquele, que só depois de morto dá, é quase sempre mais egoísta do que generoso. Quer ter o fruto do bem, sem o trabalho de praticá-lo. Duplo proveito tira aquele que, em vida se priva de alguma coisa; o mérito do sacrifício e o prazer de ver felizes os que lhe devem a felicidade. Mas, lá está o egoísmo a dizer-lhe: O que dás tiras aos teus gozos; e, como o egoísmo fala mais alto do que o desinteresse e a caridade, o homem guarda o que possui, pretextando suas necessidades pessoais e as exigências da sua posição! Ah! Lastimai aquele que desconhece o prazer de dar; acha-se verdadeiramente privado de um dos mais puros e suaves gozos. Submetendo-o à prova da riqueza, tão escorregadia e perigosa para o seu futuro, houve Deus por bem conceder-lhe, como compensação, a ventura da generosidade, de já neste mundo pode gozar." (ver questão 814)

1002. Que deve fazer aquele que, em artigo de morte, reconhece suas faltas, quando já não tem tempo de as reparar? Basta-lhe nesse caso arrepender-se?
"O arrependimento lhe apressa a reabilitação, mas não o absolve. Diante dele não se desdobra o futuro, que jamais se lhe tranca?"


Allan Kardec. O Livro dos Espíritos

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Fé e Perseverança


Três rapazes suspiravam por encontrar o Senhor, a fim de fazer-lhe rogativas.
Depois de muitas orações, eis que, certa vez, no campo em que trabalhavam, apareceu-lhes o carro do Senhor, guiado pelos anjos.
Radiante de luz, o Divino Amigo desceu da carruagem e pôs-se a ouvi-los.
Os três ajoelharam-se em lágrimas de júbilo e o primeiro implorou a Jesus o favor da riqueza. 0 Mestre, bondoso, determinou que um dos anjos lhe entregasse enorme tesouro em moedas. 0 segundo suplicou a beleza perfeita e o Celeste Benfeitor mandou que um dos servidores lhe desse um milagroso ungüento a fim de que a formosura lhe brilhasse no rosto. 0 terceiro exclamou com fé:
— Senhor, eu não sei escolher... Dá-me o que for justo, segundo a tua vontade.
O Mestre sorriu e recomendou a um dos seus anjos lhe entregasse uma grande bolsa.
Em seguida, abençoou-os e partiu...
0 moço que recebera a bolsa abriu-a, ansioso, mas, oh! desencanto!... Ela continha simplesmente uma enorme pedra.
Os companheiros riram-se dele, supondo-o ludibriado, mas o jovem afirmou a sua fé no Senhor, levou consigo a pedra e começou a desbastá-la, procurando, procurando...
Depois de algum tempo, chegou ao coração do bloco endurecido e encontrou aí um soberbo diamante. Com ele adquiriu grande fortuna e com a fortuna construiu uma casa onde os doentes pudessem encontrar refúgio e alívio, em nome do Senhor.
Vivia feliz, cuidando de seu trabalho, quando, um dia, dois enfermos bateram à porta. Não teve dificuldade em reconhecê-los. Eram os dois antigos colegas de oração, que se haviam enganado com o ouro e com a beleza, adquirindo apenas doença e cansaço, miséria e desilusão.
Abraçaram-se, chorando de alegria e, nesse instante, o Divino Mestre apareceu entre eles e falou:

— Bem-aventurados todos aqueles que sabem aproveitar as pedras da vida, porque a fé e a perseverança no bem são os dois grandes alicerces do Reino de Deus.

Chico Xavier / Meimei

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Causas das Misérias Humanas


Muitos se admiram de que na Terra haja tanta maldade e tantas paixões grosseiras, tantas misérias e enfermidades de toda natureza, e daí concluem que a espécie humana bem triste coisa é. Provém esse juízo do acanhado ponto de vista em que se colocam os que o emitem e que lhes dá uma falsa idéia do conjunto. Deve-se considerar que na Terra não está a Humanidade toda, mas apenas uma pequena fração da Humanidade. Com efeito, a espécie humana abrange todos os seres dotados de razão que povoam os inúmeros orbes do Universo. Ora, que é a população da Terra, em face da população total desses mundos? Muito menos que a de uma aldeia, em confronto com a de um grande império. A situação material e moral da Humanidade terrena nada tem que espante, desde que se leve em conta a destinação da Terra e a natureza dos que a habitam.
Faria dos habitantes de uma grande cidade falsíssima ideia quem os julgasse pela população dos seus quarteirões mais íntimos e sórdidos. Num hospital, ninguém vê senão doentes e estropiados; numa penitenciária, vêem-se reunidas todas as torpezas, todos os vícios; nas regiões insalubres, os habitantes, em sua maioria são pálidos, franzinos e enfermiços. Pois bem: figure-se a Terra como um subúrbio, um hospital, uma penitenciaria, um sítio malsão, e ela é simultaneamente tudo isso, e compreender-se-á por que as aflições sobrelevam aos gozos, porquanto não se mandam para o hospital os que se acham com saúde, nem para as casas de correção os que nenhum mal praticaram; nem os hospitais e as casas de correção se podem ter por lugares de deleite.
Ora, assim como, numa cidade, a população não se encontra toda nos hospitais ou nas prisões, também na Terra não está a Humanidade inteira. E, do mesmo modo que do hospital saem os que se curaram e da prisão os que cumpriram suas penas, o homem deixa a Ferra, quando está curado de suas enfermidades morais.

ALLAN KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

As Cores das Palavras


As crianças possuem o dom especial de colocar cores em tudo que fazem. Não é raro que elas perguntem aos adultos de que cor são as palavras papai, mamãe.
E se os adultos não sabemos responder, elas acabam por fazê-lo, concedendo a cor de sua preferência a uma e outra.
E de que cor serão os sentimentos? Quando amamos, quando entristecemos, de que cor se revestirá a nossa alma?
É possível que se a palavra tivesse cores, o amor teria a tonalidade do crepúsculo, quando o rosa e o violeta se misturam.
Talvez a tonalidade variasse mais para o rosa ou mais para o violeta, de acordo com a intensidade do amor.
Se as palavras sofressem o impacto do colorido da vida, poderíamos perceber, no olhar de uma mãe sofrida, a simplicidade da cor da violeta que se oculta nos jardins.
Se as palavras pudessem estar envolvidas em cores, poderíamos ver, sob o manto azul da fantasia, o sorriso da excelsa mãe de Jesus debruçada na manjedoura, observando o tesouro que acabara de dar à luz.
Se as dores profundas das ingratidões, nos corações dos homens, se envolvessem em cores, poderíamos ver cobertas de cinza as palavras de amargura lançadas ao infinito.
Se coloridas fossem as lágrimas que escorrem pela face dos que sentem a saudade dos que partiram para a verdadeira vida, poderíamos vê-las como lilás, exatamente como, por vezes, se veste o céu ao cair da tarde.
E o beijo do primeiro amor sincero e verdadeiro, suave e doce na adolescência, seria, com certeza, verde-água.
Se o pintor desejasse retratar o sentimento do balbuciar de uma criança, certamente rosa seria a cor que escolheria.
E o sentir de duas almas que se reencontram, nas vielas do mundo, se reconhecem e entrelaçando as mãos, decidem ficar juntas para todos os embates do cotidiano, seria tão grande, tão especial que retrataria um bailado de diversas cores.
Mas, quando ardessem de paixão os corações de um homem e uma mulher, os seus anseios se cobririam da cor vermelha. Da mesma cor das pétalas das rosas do jardim.
Se dos lábios de quem ensina jorrasse sempre o bem e a verdade, o belo e o bom, seria de amarelo-ouro a luz que iluminaria o discípulo atento e disciplinado.
E quando o homem se recolhesse à sua intimidade para orar ao Criador, é possível que na cor azul mais pura se traduzisse a sua mensagem, atravessando os céus, até alcançar o seu destino.
Finalmente, se os corações dos homens se envolvessem de paz, certamente que o nosso planeta não seria azul. Estaria, sim, envolvido em uma imensa nuvem de brancura, e a Humanidade inteira se beneficiaria com as partículas de luzes que a atingiriam, todos os dias, com delicadeza e constância.
*   *   *
Quando falarmos, pensemos nas cores das nossas palavras. Como cada um de nós tem a sua preferência pelas cores mais vivas ou mais delicadas, mais fortes ou empalidecidas, pensemos no colorido que desejamos ofertar ao mundo.
Pensemos antes de falar. Falemos somente o que edifica, o que faz bem, o que engrandece.
Iluminemos a palavra para expressar a crítica. Ensinemos com brandura. Não gritemos nunca. O grito, que fere os ouvidos, deve ter a cor da destruição dos sentimentos alheios.
Falemos, construindo, e ofereçamos aos demais as cores que edificarão arco-íris nas suas vidas.
 

Redação do Momento Espírita